(pag29)Eu sabia que Charlie estava prometendo algo sem mesmo pensar nos riscos de ir a uma floresta de noite. A minha preocupação me levava a ter dores de cabeça. Eu já nem pensava direito. Duke veio até a árvore central falar comigo.
-Pequena, não se preocupe. Com certeza Adom está bem.
Eu pensei um pouco e o único que deveria estar com Adom agora, dizia para eu não me preocupar...Mas que grande hipocrisia. Duke foi para ajudar Adom com o comércio e não para se importar com a minha saúde! Não é questão de ingratidão e sim de lógica. Claramente um homem de 61 anos não ficaria bem sozinho em uma aldeia sem ser a dele, ainda mais precisando de ajudas no comércio. Isso tudo..seria minha culpa, então? Graças ao meu tornozelo Adom está trabalhando severamente até estas horas. O meu pai estaria bem nesse momento?
-Adel, vamos entrar. Está frio e a Antónia já deve ter preparado a janta.
Bam e Duke me ajudaram até chegar dentro de casa. Enquanto isso, Antónia fazia ensopado para a janta. Olhei para a janela e vi que começara a chover. Agora já não eram 1 mas 2 pessoas estavam na floresta. A ausência de Charlie e Adom me perturbava. Porque a demora? A janta já estava na mesa mas eu não sabia se eu comia ou esperava a chagada de meu pai. A chuva estava aumentando e até havia relâmpagos. Olhei para a janela e de longe, vinha uma luz em direção da casa.
(pag30) Me levantei rápido e sinto uma dor imensa.
-Ah! meu pé! Eu caí no chão e Berchan se levantou rápido correndo até mim.
-Adel!
-Berchan, me leve até a porta, rápido!
Duke olhou pela janela e rapidamente entendeu o meu desespero. Eu abri a porta e corri (mancando) até Charlie. Ele me abraçou e pediu para que eu voltasse para dentro de casa mas que eu chame meus "irmãos". Ele estava carregando nas costas algo dentro de um grande saco. Ignorei isso e voltei para casa.
-Garotos, o Charlie esta chamando vocês.
Debaixo da chuva eles foram..Charlie abriu o saco e a reação de todos faram de espanto. Claramente havia algo de errado. Comecei a ficar preocupada e fui correndo até eles. Dentro do saco...Lá estava ele...Adom... De longe se ouviria o meu grito. Aquilo foi tanta pressão que desmaiei.
(pag31) Acordei na minha cama e raios de Sol passavam pela janela. Eu estava com uma forte dor de cabeça. O meu tornozelo estava roxo e inchado. Olhei para o baú ao lado da minha cama e havia um papel escrito: "Caso queira descer, grite o nome Berchan"
-BERCHAN!!Dava para ouvir os passos rápidos de Berchan vindo até meu quarto.
-Bom dia, pequena..De repente eu lembrei da noite passada.
-Aquilo foi um sonho, certo?...
Berchan franziu a sobrancelha e sentou na minha cama.
-adel..só nos resta o apreciar nas lembranças.
Podem se passar 5 ou 10 anos mas a única imagem que nunca mais vai sair de minha mente é a de Adom com seus olhos brancos e com a boca coberta de sangue..Comecei a chorar e Berchan apenas me disse:
- Se apresse em se arrumar..O enterro de Adom será daqui a alguns minutos..Eu pedi para Caster me dar mais tempo aqui.
-Por quanto tempo eu dormi???
-Bem.. dois dias sem se levantar..
-SÉRIO?!
Berchan estava da cabeça baixa, quando eu a levantei ele também estava chorando muito.
-Adel..eu não irei te abandonar, acredite em mim. Eu prometi ao seu pai e até mesmo a você.
Eu o abracei e rapidamente ele se levantou.
-...O velório começará daqui a 16 minutos..deça quando estiver pronta..
Berchan sai do meu quarto de cabeça baixa e foi aí q eu percebi que meu pai era precioso para todos.. Adom Solker..marcou a vida de muitos. Antónia entra no quarto e ajuda a me vestir.
-Senhorita, Adelaide, você também terá que fazer um discurso no velório, então se prepare.
-..Antónia..oque universos eu fiz para merecer isso?...
Enquanto Antónia me vestia calada, eu questionava tudo e todos.
-Adelaide, se você quer mesmo saber vai até a árvore central, após o velório.
Antónia sabia?? Mais um segredo de família? Eu já não estava espantada e sim magoada. O meu sentimento era específico. Era como se uma flecha ultrapassasse o meu peito e uma lança, o meu estômago. Ela me pegou no colo e me levou até ao jardim onde havia muitas pessoas. Eu olhava ao meu redor e não via Duke. Onde estaria ele? Eu também pensava em meu pai. "porque??" isso não saia da minha mente.
(Pag 33)Chegou a hora do meu discurso então Antónia me levou para a frente de todos. Então comecei a falar.
-Não tenho muito a dizer mas como se trata de Adom..Farei um grande esforço. Onde muitos viam um médico ou um comerciante, eu via respeito e dignidade. Muitas de suas falas se baseavam em suas viagens..De sua viagem começou, de sua viagem acabou. Todo o seu respeito deveria ser retribuido..Isso é tudo..
Olhei para Adom dentro da cova e só não chorei mais porque já não tinha lágrimas. Qundo eu ia me sentar, escutei alguém me chamando. Era um comerciante, amigo de Adom.
-Sinto muito, senhorita Adelaide. Seu pai falava muito de você.
-Agradeço por vir.. e por falar isso.
Algum tempo depois o velório acabou e Antónia já me guiava até a árvore central.
-Vou direto ao assunto..Ela tinha seu rosto pesado e sério.
-Adel, o seu pai se casou com uma bruxa que se chamava Enny e logo depois, teve Duke. Quando você nasceu, Enny preveu algo ruim sobre você. Como ela queria que você vivesse, ela trocou o seu destino com o de seu pai. Ela disse que ele morreria quando fosse a uma aldeia vizinha, disse até o dia. Então eles prepararam tudo. Adom deitaria sobre uma rocha enquanto Duke encontraria um apoiador privado para você.
Nesse momento, Antónia começou a chorar.
-Enny percebeu que fazer o amor da sua vida morrer foi um erro e então fugiu para as montanhas, já que não poderia reverter o feitiço, mas jurou nos proteger de longe.
Eu nem sabia quem era a mais culpada de tudo. Minha mãe por trocar o meu destino com o de meu pai ou eu por ter um péssimo futuro.
(pag34) Duke..Duke sabia de tudo! Inclusive da morte do próprio pai. Duke não só deixou Adom na estrada mas também o escondeu de mim..Porque tantos segredos aqui??Eu não sabia oque falar e nem oq fazer. Berchan vai embora de manhã, Adom morreu com o feitiço da própria esposa e essa porcaria de tornozelo está me deixando irritada
-Antónia, pode chamar Duke?
-Mas Ade-
-Apenas chame ele.
Já não suportava o sentimento de ser a excluída da casa e não saber de nada. Se houvesse uma pena de morte sobre mim e Duke soubesse primeiro, ele me contaria ou me deixaria morrer?
-Me chamou, Adel?
Me apoiei na árvore e me levantei. pensei em como começar a falar mas a ação agiu primeiro."CLAP!". Provavelmente até de longe se ouviria o eco do tapa que dei no rosto de Duke.
- V-você está maluca, Adelaide?!
-Você esconde a maldição do próprio pai e eu que estou maluca??O corpo de Duke tremeu e ficou paralizado.
-Olha, Duke, você vai continuar me treinando. Quando eu estiver totalmente preparada, nós vamos atrás da nossa mãe. Enny. Uma pequena maldição me causou uma grande dor.
-Enny não é qualquer feiticeira, Adelaide. É maior e melhor.
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Adelaide
Historical FictionEla é tudo na história, mas também o nada. Sua família a consola mas suas palavras são como incentivo para a garota prosseguir.. foi com a morte de uma pessoa que ela finalmente tomou iniciativa para ir.