Lisboa - Narol

Capítulo 2 - A gente fica bem aqui

- Oi Natalia

- Oi Carol – Natalia não sabia como agir, o que dizer, o que sentir – O que você está fazendo aqui? Era pra você estar no Canadá.

- Bom te ver também Natalia – tentou se aproximar da amiga mais velha mas a mesma respondeu com passo pra trás assustada – Você está bem? Não sabe como eu senti saudades tuas, você sumiu nos últimos três anos.

- Eu sumi? Você foi embora Carol, VOCÊ foi embora pro Canadá, o que esperava? Que eu te esperasse aqui por dez anos de braços abertos esperando que você voltasse – Ria irônica, nervosa.

- Que isso Natalia, eu fui trabalhar, você sempre me apoiou, por que isso agora? E eu estou aqui agora não estou? Te fazendo uma surpresa, te dizem que eu voltei – tentou se aproximar mais uma vez pegando nas mãos tremulas da amiga.

- Esse é o problema, você está aqui agora – disse mais alto do que gostaria, abaixando a cabeça observando as mãos unidas – Por quanto tempo?

- Dessa vez, eu espero que definitivamente - ergueu o queixo da mulher a sua frente com uma das suas mãos – agora me da um abraço por favor porque eu espera que ficaria feliz com a minha volta.

- Eu estou

- Não perece...

- EI EI EI agora que todas as surpresas foram reveladas, es finalmentes estamos todas juntas novamente podemos brindar – gritou Lara batendo em sua taça com uma colher para chamar atenção de todos e quebrar o clima tenso que havia se instalado.

- Para ai você sabia que ela vinha? – Natalia indignada, mas Lara fingiu que não ouviu o questionamento da amiga e continuou para evitar mais conflitos, era o que ela menos queria naquele dia.

- A Natalia, essa artista maravilhosa, e que essa seja a primeira de muitas exposições – Com a taça erguida para cima e todas a acompanharam – Arriba, abajo, ao centro e adentro – e todas viraram o líquido contido na taça

- Não pense que eu esqueci, temos muito o que conversar depois – Natalia disse passando por Lara indo até um grupo de pessoas extremamente importantes que estavam interessados em comprar suas fotos.

Ao final da exposição, já caia a noite e restaram apenas a dona do projeto, seus familiares e Carol que havia insistido em tentar falar com Natalia a noite toda, mas a mesma parecia que estava fugindo dela, pensava.

Num momento que estava distraída observando uma de suas fotos, a mais velha mal pode ouvir a amiga chegando perto, e se assustou com o toque suave em seu ombro e a fez arrepiar, aquele cheiro era inebriante e Natalia reconheceria a quilômetros a que ele pertencia. – Você ainda usa o mesmo perfume – Comentou ainda de costas.

- Você se lembra do meu cheiro? – Carol sorriu envergonhada averiguando o cheiro em sua roupa, logo após voltando atenção para amiga. – Finalmente consegui um tempo a sós com você, estava tão cobiçada hoje – sorriu simpática enquanto Natalia voltava a atenção para si – Quer ir jantar comigo hoje?

- Não quero atrapalhar Carol, você chegou hoje, deve estar cansada, cheia de coisas para organizar ainda – não tinha nada ver, Natalia apenas não queria, não queria passar mais tempo sozinha com Carol até entender toda turbulência que estava acontecendo dentro de si.

- Eu posso descansar amanhã, tenho tanta coisa pra te contar, para te perguntar, como passou todos esses anos? Nossa eu estava tão ansiosa para esse dia.

- A quanto tempo elas sabiam que você viria? – referiu-se as outras amigas

- Não sei direito, talvez um mês, aconteceu tudo muito rápido, eu já estava pensando em voltar a um tempo, percebi que não fazia mais sentido continuar lá, sabendo que todas as pessoas que eu amo está aqui – suspirou olhando diretamente nos olhos castanhos, sentindo um frio na barriga – então elas me falaram da sua exposição, e foi ai que decidi que seria o momento perfeito.