Lisboa - Narol

Capítulo 3 - Eu te queria a vida toda, te confesso

- Bom dia - ela dizia ainda sonolenta com seus olhinhos inchados - Nossa me desculpa, acabei rolando pra cima de você durante a noite- se levantou

- Não e como se fosse algo ruim - tentei fazer uma graça

- Aí Natalia você não existe, que horas são? Meu Deus eu estou totalmente atrasada Natalia - levantou-se desesperadamente indo em direção ao banheiro - EVA MANDA MENSAGEM PARA A WANDA FALANDO QUE VOU ATRASAR

-Você não tem medo dessa coisa que você chama de Eva não

- Assim você mágoa ela Natália, Eva e minha melhor amiga - saiu do banheiro com a boca cheia de espuma demonstrando que estava escovando os dentes, inacreditável como a Carol tinha a capacidade de ficar linda de qualquer forma, era quase inevitável e impossível controlar não admirar ela, seu jeito doce e simples de ver o mundo, ouso dizer que Carol era a mulher mais imperfeitamente perfeita que meus olhos já viram. - Ouviu o que te falei? Para de me olhar assim, sabe que eu sou tímida - jogou a toalha que estava na sua mão em minha direção.

- Não ouvi uma palavra, mas tenho certeza de que tem razão, agora eu preciso ir que você quer trabalhar e não quero te atrapalhar - me levantei da cama indo em direção a minha bolsa pegar meu celular para chamar um Uber, afinal, Tais havia ficado com meu carro ontem.

A poucos centímetros da porta da saída sinto uma mão firme tocar meu braço, lentamente virou fitando mais uma vez incansavelmente aqueles inebriantes e gigantes esferas verdes.

Obrigada, por ser minha amiga e cuidar de mim - depositou um beijo em meu rosto soltando então o toque que logo se fez falta - apenas acenei e enfim sai

Amiga, essa palavra não parou de gritar em mim o dia todo, era assim que ela me via, apenas minha amiga, eu poderia aceitar isso? Estaria apenas enganando a mim mesma pensando que algum dia eu deixaria de amar aquela nerd que roubou meu coração a 25 anos atrás, apesar de assumir meu amor pela Carol apenas a 10 anos atrás, eu sinto que a amo desde sempre.

Olhar para trás e lembrar como o Bruno a tratava quando éramos adolescentes, como algo sem importância, hoje eu vejo o quanto naquela época eu já queria ser meu irmão e fazer ela a mulher mais amada do mundo.

Pov Carol

Eu já podia escutar o sermão da Wanda vindo sobre como atrasos são irresponsáveis e o quanto a companhia da Natália estava me fazendo mal, e todas as loucuras possíveis que se passa na cabeça da minha colega de trabalho, mas ela é uma boa amiga, a acima de tudo, uma ótima profissional, sem ela nosso projeto nunca teria dado certo.

Quando decidi voltar para o Brasil e trazer minha pesquisa, Wanda foi a primeira a me apoiar e não pensar duas vezes em vir comigo, ela era uma mulher solitária assim como eu, acho que é por isso que nos demos tão bem.

- Com quem você estava para chegar a essas horas Ana Carolina? - Eu sabia pensei comigo

- Wanda, estou morrendo de dor de cabeça, não estou bem para sermão hoje, vamos trabalhar vamos.

O dia passou lento, os ponteiros do relógio mal se moviam, eu amava o meu serviço, aquele projeto era mais que minha vida, mas algo me deixava alta naquele dia, pensamentos que corriam perdidos o que estava me deixando um pouco mais distraída que o normal, o que não passou despercebido pela minha colega.

- Você anda muito altinha desde que voltou, o que está acontecendo? Se bem me lembro a última vez que te vi assim foi quando se apaixonou por um certo rapaz, me corrija se eu estiver errada

- Que isso Wanda, ta maluca, eu estou normal e o Ulisses e passado você bem sabe disso

- Eu não estou dizendo que ainda está apaixonada pelo Ulisses, mas tem alguém mexendo com esse coraçãozinho frágil, vai me conta.