Capítulo 4 - Por mim a gente nem precisa mais da Estrada

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Ao vê-la indo embora sumindo aos poucos da minha visão, mexida eu sentia falta do calor do seu corpo que me aquecia a segundos atrás, do sabor de seu beijo com sabor de champanhe, do cheiro doce de lar, se algum dia a dúvida me assombrou hoje eu via tudo tão claro como o meio dia de um dia de verão, Carol era a luz que iluminava meus dias e nos últimos dez anos eu estava na escuridão, vivendo em um sombrio infinito esperando ela voltar e tornar a iluminar meu coração novamente, por toda a vida eu a amei e agora nos meus longos e vividos 40 anos eu sei com toda a certeza da minha vida que é com ela que eu desejo passar todos os dias da minha vida.

Num súbito momento de coragem que me tomou, minhas pernas finalmente obedeceram o que meu coração implorava por fazer, não podia ver mais uma vez o amor da minha vida indo embora através dos meu olhos, eu senti, foi nítido e límpido como água que Carol também me ama, e sentir isso me tornava a pessoa mais corajosa que já respirou nesse universo, eu lutaria por ela, lutaria por nós.

- Carol, não vai, por favor - corri até seu encontro depositando o calor das minhas digitais em seu braço coberto pela camisa social, podendo jurar que em algum momento senti sua pele arrepiar, ela nem se quer se virou para olhar em meus olhos, apenas um toque sobre minha mão, um delicado rastejar de dedos seguindo de um aperto, que esse apertou junto meu coração - não vai, de novo não - quase inaudível que mal pude ouvir minha própria voz, certa que o medo de perdê-la de novo me consumia até a minha última fagulha de esperança, não podia, não queria pensar viver um dia sem minha professora dos olhos verdes. Seguindo subi meu toque agora em um sobe e desce em seu braço com as duas mãos - eu te amo Carol - encostei minha cabeça em suas costas em um sinal de rendição, afinal era isso, eu me encontrava absolutamente rendida por aquela mulher, um silêncio se instaurou até sentir seu corpo se movendo lentamente em minha direção, porém ainda me faltavam forças para olhá-la nos olhos, medo de quais seriam as próximas palavras, mas não veio palavra alguma, por longos, longos minutos, apenas uma mão macia que tocava meu queixo, instigando subir meus olhos a mergulharem na imensidão de seus, uma surpresa e mais um aperto me consumiu, seus olhos lacrimejados, misturavam um vermelho sangue, subi meu toque ainda mais em seu rosto, estacionando por algum tempo em sua rosada bochecha, ela então fechou os olhos sentindo o carinho fazendo meu coração se aquecer, o medo já não existia mais ali, era somente nós duas, nenhuma palavra proclamada e uma conversa tão profunda. Foi aí que finalmente entendi, ela precisava ir, mas ela voltaria, minha Carol voltaria, finalmente a liberei com um beijo no rosto sendo retribuída com um sorriso tímido sem dentes, mas ainda sim, o sorriso que terminaria guerras eternas apenas para ser admirado.

A noite passou e eu vi o amanhecer do dia através dos meu olhos, pensar nas infinitas possibilidades de tudo que poderia acontecer daquele dia em diante me agoniava, peguei o celular na mesinha da cabeceira e disquei o numero de Marcos para contar a ele como sucedeu-se a sua armação, após contar tudo, cada detalhe ouvi um suspiro do outro lado da linha.

- Eu sinto muito tia, nunca foi minha intenção que as coisas acabassem assim.

- Ei você não tem culpa, na verdade eu estava precisando desse empurrão e sabe Marcos, eu senti, eu consegui sentir quando a gente se beijou que ela pode me amar, que não é uma ilusão sólida da minha cabeça maluca.

- Pera ai…BEIJO? Rolou beijo??? EU SABIA - Gargalhou orgulhoso - é óbvio que a Carol te ama, ela só não conseguiu enxergar ainda, mas ela vai, pode crer 

É… ela pode me amar

Carol

- Wanda, isso é loucura, ela se declarou pra mim, você acredita ?
- Sim eu acredito, não só acredito como eu te falei que ela te amava, você como sempre que não me escutou
- A é né

Lisboa - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora