Lisboa - Narol

Capítulo 9 - Eu quero tu na minha boca

Após longas horas de viagem, longas, longas horas pensando na minha Carol, que estava agora a mais de nove mil quilómetros de distância, o que me apertava o coração, me dava vontade de chorar, de mandar esse avião voltar, como se fosse possível. Finalmente fomos avisados em que havíamos chegados em nosso destino, Nairóbi, Quênia, os fundadores do projeto Espelho Social estariam me esperando no aeroporto, não podia negar que meus nervos estavam à flor da pele e a única coisa que eu queria fazer era mandar mensagem para Carol, contando como que foi minha viagem, como eu estava nervosa e ansiosa, como eu precisava dela aqui, ouvir sua voz, pegar na sua mão. No meu celular marcava exatamente 9am, indicando que no Brasil agora era de madrugada especificamente 3am e provavelmente minha noiva estaria deitada em sua cama, com a carinha toda amassada, o nariz franzido, Deus! Que saudade.

Quando desci do avião mal deu tempo de ligar a internet para ver se havia mensagens de Carol, fui recebida por um casal que se nomearam Theodor e Samantha, eles eram os fundadores do projeto, eram americanos, depois de toda apresentação eles me levaram até o hotel em que eu iria ficar durante todo o período aqui em Nairobi, apesar de falarem que viajávamos por muitas outras cidades e até outros países, era aqui a sede principal deles.

Essa semana seria mais tranquila, não começaria fotografar ainda, era uma semana de reconhecimentos local, para eu me adaptar, aprender sobre os costumes, assim que cheguei no meu quarto, peguei meu celular na intenção de ligar para Carol, já eram 8am do Brasil, ela estaria trabalhando, mas mesmo assim arrisquei.

-Meu amor, finalmente estava extremamente ansiosa esperando sua ligação, estou morrendo de saudade, me conta como foi a viagem? - Ela estava linda, seu cabelo preso em dois rabinhos, com seu jaleco indicando estar no laboratório, ajeitava seu óculos com as duas mãos como de costume, um sorriso abriu em meus lábios, eu queria apenas olhar para ela, admirando o amor da minha vida.

-Oi, meu amor...a viagem foi...longa - suspirei - eu estou morrendo de saudade, queria que estivesse aqui comigo, sentir sua pele, seu cheiro.

-MEU DEUS COMO SÃO GAYS!! - Wanda gritava no fundo da ligação de Carol.

-Olá pra você também Wanda - respondi - Meu amor, liguei apenas para te dizer que cheguei bem e estou morrendo de saudades, você precisa trabalhar e eu vou descansar um pouco, tudo bem ?

-Claro Natália, promete me ligar mais tarde ?

-Óbvio que sim meu bem, te amo muito, muito, muito.

-Eu te amo mais - soltava beijinhos para a câmera do notebook, me fazendo ficar com o coração aquecido, era impressionante como que mesmo à distância ela conseguia me dar a segurança de sua presença, definitivamente eu era uma mulher de sorte.

Carol

Desligamos a ligação e mais uma vez a realidade bateu forte, ela não estava ali, mas eu precisava apoiar ela, era seu sonho e tudo que eu queria é ver minha noiva feliz e se para isso eu precisava ficar 6 meses longe das suas piadinhas, estava disposta a fazer isso.

por ela

-Carol, Carol - Wanda chegava por trás de mim - quem te viu, quem te vê, você está péssima..

-É saudade Wanda, saudade dela. - suspirei - porque eu não voltei antes, porque eu não pedi a mão dela antes, agora eu estou aqui, noiva, mas minha noiva está a quase dez mil quilômetros de distância.

-A dor da saudade é triste, é o que dizem, nunca senti, mas pra sua sorte, temos muito trabalho para ocupar essa cabecinha, vamos, levanta e sacode a poeira - realmente, estávamos abarrotadas de serviço, finalmente estávamos na fase de análises dos resultados dos testes com os voluntários, uma etapa que exigia muita concentração e dedicação do nosso tempo.