•Indubitável•

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As vezes tudo o que a gente precisa é de um tempinho para esfriar a cabeça.

Nos giros, na força, na velocidade, Hiyuki estava bem concentrada em seus movimentos. Ao parar, ela estava sem fôlego, sorte que ela não estava sozinha ali.

— Mandou bem, parceira!! — Um jovem musculoso de cabelos prateados gritou para ela na arquibancada.

— Tetsutetsu... — Ela sorriu, seu grande parceiro nas apresentações estava ali, juntos, ambos já ganharam várias medalhas em competições estaduais.

— Se continuar girando tanto assim, você vai cortar o gelo e cair dentro do buraco.

— Naaah, isso não vai ser possível hahaha

— HAHAHA, falando sério agora... eu consegui os ingressos que você pediu — Ele abriu sua mochila para retirar os pequenos papéis.

— Oh, sério?! Você é um milhão!

— HAHAHA, aqui tá. — Ele deu os bilhetes para a falsa castanha, ela começou a contar e...

— Você me deu um a mais, eu não preciso desse.

— Não? Você não tá morando em um apartamento com seis pessoas?

— É mas... agh... é complicado, tal pessoa que eu passei a minha infância odiando... parece que não é mais o mesmo...

Hiyuki lembrou de mais cedo, Bakugou estava ajudando com o colchão, mas isso não significa nada, era uma coisa que qualquer um poderia fazer.

— Entendo, mas olha, você não vai ter certeza se não descobri de verdade. Iae, ainda vai levar o outro ingresso?

[...]

Hiyuki chegou no apartamento às 19h, todo mundo estava jantando, ela via todo mundo, menos o loiro de olhos de rubis.

— Yukii, seja bem vinda! Venha comer com a gente! — Kaminari disse sorrindo enquanto chamava a moça, que imediatamente começou a mexer na bolsa.

— Sábado eu vou fazer uma apresentação para eu concorrer um torneio do estado, eu conseguir uns ingressos para todo mundo.

Um sorriso veio entre as pessoas que estavam ali.

— É sério isso?! Que incrível! — Mina pegou o ingresso e pulou para cima do pescoço da falsa castanha.

— Foi meu parceiro de patinação que conseguiu, eu vou ficar feliz se todo mundo... for.... — Todos já haviam pegados os ingressos, só havia um na sua mão, ela sabia muito bem de quem era aquele ingresso, o pessoal conversava, alto e com muita alegria, mas para ela, não escutava nada.

Ela se lembrou no que o Kirishima havia lhe dito uns dias atrás, e pensou se sua decisão iria valer a pena ou não.

— Yuki, tá tudo bem? — a voz da gótica ecoou na sua mente.

— Kyouka?! Tá tudo bem sim!  Eu estou um pouquinho cansada, eu vou dormir mais cedo hoje — Então ela foi ao corredor que dava entrada ao seu quarto.

— Tem certeza? A gente estava pensando em ver um filme — Denki se inclinou para ver a garota.

— Podem ver sem mim, estou realmente com sono — E ela então fechou a porta, separou o seu pijama de lua e o vestiu.

Ela olhava para o bilhete extra, lembrava das vezes que aquele loiro a ajudou, será que era o certo a fazer? Ignorar a cicatriz que passou a viver tanto tempo dentro dela por causa dele.

Deitada, ela finalmente fechou os olhos, não se cobriu, gostava da sensação do frio em sua pele e adormeceu ali com seus pensamentos.

[...]

Já era 01:06 da madrugada, ela acordou com uma vontade de beber água, assim o fez, se levantou com muita preguiça, ainda estava com sono, imaginem um zumbi de pijama caminhando até a cozinha.

A cozinha ficava ao lado do banheiro, ela tinha percebido que a luz do banheiro estava ligada, era o bastante para iluminar o suficiente para ela ver a geladeira e pegar a sua água.

Sua mente que estava nas nuvens voltou para sua cabeça quando ela olhou para o lado e viu as costas musculosas do loiro em frente a privada.

"O que ele tá fazendo? Só parado no banheiro...."

Foi o que ela pensou antes de perceber o que ele estava fazendo, virou o rosto de lado e quase se engasgou, fazendo um barulho um pouquinho desagradável.

Katsuki ouviu aquele som, e providenciou fechar a porta do banheiro.

— CARALHO! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO À ESSA HORA!?

— Eu vim beber água! E quem é o maluco que mija com a porta aberta!?

— ISSO NÃO É DA SUA CONTA! — Abriu a porta com força.

— Não precisa desse escândalo, eu não vi seu pintinho e nem quero ver. — Ela levantou a cabeça do lado com seu nariz empinado.

"Tá mais para pintão", pensou Katsuki, ele até poderia dizer, mas recusou a oferta e foi em direção ao corredor.

— Ei, para onde vai?

— Para Londres conhecer o Big Ben.

— E-ei... — Ele continuou caminhando e ela ficou ali em frente a geladeira, juntando coragem, o que ela poderia fazer? Estava insegura e com medo — Bakugou! — Sua boca falou sozinha, ela colocou sua mão em seus lábios surpresa.

Ele parou e olhou para ela no escuro.

— Espera um segundo! — Ela correu passando por ele até o seu quarto, procurando desesperada entre a bagunça que estava a sua cama, finalmente havia achado e correu até o garoto, ou melhor, homem incrivelmente musculoso que estava poucos metros de distância dali.

— Vai... haver um evento em breve, eu vou participar, não vai ser aqueles eventos chiques ou coisas do tipo, é só uma apresentação, mas... — E o medo voltou em sua cabeça, as lembranças dos momentos ruins que teve com ele, mas também havia os momentos bons. — Como um agradecimento por me ajudar esses dias, espero que consiga ir.

Foi o que ela disse antes de fechar os olhos com força e estender o bilhete.

Katsuki observou a situação, sua cabeça dizia que ele não merecia, sabia muito bem o que tinha feito na vida daquela menina, charmosa, bonita e atraente... NÃO! Ele não poderia se deixar levar! Nenhuma ajuda pode fazer aquelas coisas que aconteceu serem apagadas.
Mas... o coração de Katsuki, dizia que poderia viver em paz consigo mesmo.

— Certo, eu vou.

— Hun?

— Tá surda? Eu disse que eu vou ver sua apresentação.

— AH... que bom então — Um sentimento veio no coração da menina. — Eu... vou voltar para meu quarto então-

— Hiyuki — Ele chamou a atenção dela,  que estava olhando para o chão, mas passou a olhar os olhos do loiro — A gente... poderia nos conhecer melhor, já que vamos viver por um tempo assim. — Ele soltou uma, e por alguns segundo se arrependeu de verdade por abrir a boca.

— Tá... tá bom — Ela sorriu para ele, Katsuki sentiu seu peito apertar.

Os dois entraram em seus quartos ao mesmo tempo, sabendo que esse foi o primeiro passo de um para uma mudança significativa em suas vidas.

𝐁𝐞 𝐊𝐢𝐧𝐝𝐞𝐫 - Katsuki BakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora