Cartão vermelho

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Brooke

Avistamos a Nia junto da entrada para os balneários com o Mason.

- Aquele é o teu amigo que joga na equipa não é?

- Sim.

- Namoram? - quase me engasgo de novo, desta vez com a minha própria respiração, devido àquela pergunta

- Quem?

- Ele e a Nia.

- Ah não. Na verdade conheceram-se pessoalmente hoje.

- Não diria.

- Sim eles têm facilidade em comunicar com os outros.

Posteriormente ela vem ao nosso encontro.

- Ei Vincent, posso levar a minha bestie só por um momentinho?

- Claro. Eu vou buscando pipocas ao bar. - ele sorri para mim antes de sair.

- Eu acabei de vos ver trocar sorrisinhos? - desabafo:

- Não sei, eu já não controlo nada na minha vida. 

- Isso 'tá assim tão confuso?

- Eu achava que não. - repenso duas vezes na pergunta dela. - 'Pera «isso» o quê? Eu não gosto de ninguém.

- Mas era sobre o teu badboy que eu te vinha falar. Porque é que não me disseste que ele tem umas mãos tão suaves? - nem sabia o que pensar desta questão. Por várias razões.

- E isso era relevante?

- Que é que não é relevante sobre aquele rapaz?

- Bom vamo-nos concentrar no jogo ok?

- Tens razão, além disso isto de ser dérbi tem que se lhe diga.

- Dérbi?

- Ya. "Ravens" contra os "Doves".

Mason

Alinhados em fila na entrada do ringue, já sentia a ansiedade correr pelas minhas veias, a poucos centímetros de chegar ao meu coração. Tentava fazer exercícios de respiração, tinha os olhos fechados para focar a minha atenção no jogo, quando senti alguém tocar-me no maxilar para rodá-lo.

- Não me disseste que isto era dérbi. - sim reconheci o toque mesmo antes de lhe ver o rosto iluminado.

- Mas é.

- Isto vai ser muito turbulento não vai?

- Pensei que já 'tivesses habituada a isso.

- Não percebi.

- Descontrai um bocado e vai ter com o teu amigo pode ser? - esforcei-me para o dizer no tom mais adequado possível.

- Não faças nada estúpido ouviste? - anuo com a cabeça. O colega de equipa que se encontrava atrás de mim, provoca-me ligeiramente:

- Temos dona?

- Temos dono. No ringue. - bato-lhe no equipamento como alerta para entrarmos em "campo" e darmos tudo.

Brooke

A primeira parte já tinha terminado. As expressões na minha cara refletiam perfeitamente aquilo que era ver um jogo de hóquei: sofrimento.

A cada 3 minutos eram encontrões, que se fossem comigo me deitavam todos ao chão, portanto agora percebo porque é que o Mason tem de ir frequentemente ao ginásio.

O desempenho dele até agora tem sido bastante bom; o número 22 já marcou uns golos, todavia o placar representa um empate entre as duas equipas.

Mason

O fator casa dá-nos motivação para arrecadar os 2 pontos no campeonato; os adeptos têm estado bastante efusivos, havia sobretudo raparigas a pedir-me a camisola e no geral a equipa parece ter sede de vencer.

Depois do nosso capitão ter-nos passado mais um discurso de incentivo, que tinha por base a  garra e união, nós jogadores retomamos ao ringue.

Dei tudo de mim. Como faço sempre para atingir o que quero.

Já levara 1 cartão azul, por me envolver nalguns conflitos com um anormal da outra equipa. Assim como referi anteriormente, também eu na vida tenho de me mentalizar que existem cartões azuis, por vezes até vermelhos, porém a sanção não será infinita.

Brooke

A partida estava ao rubro.

E na hora do golo que fez a diferença no jogo, a euforia do estádio foi tanto que eu e o Vincent acabamos por dar a mão um ao outro e ter um momento de grande proximidade, com os nossos corpos em contacto direto.

Apesar dos Ravens já terem conseguido estabilizar o resultado, aumentando a vantagem, o Mason e outro jogador receberam penalizações por efetuarem obstruções de forma intencional um ao outro. Isto para relembrar que eu o tinha avisado que não se metesse em grandes confusões, no entanto é notório o desentendimento excessivo entre eles.

E assim foi:

Após o apito final, muitos adeptos deixavam o recinto, todavia o tal rapaz que estaria em constante atrito com o meu amigo decidiu ir tirar satisfações com ele pessoalmente e claro que eu devia ter previsto o que sucedeu.

Mason

Quase podia sentir o sabor metálico na minha boca, contudo foram as minhas costas e abdominais que pareciam ter sido atropeladas por um camião. Em chamas.

Eu estava a oferecer a camisola a uma miúda da zona exterior do ringue, quando o 41 dos Dove me empurra com força suficiente para me fazer embater contra a estrutura de vidro ali próxima. Apesar de ter a noção de que possuía nódoas negras anteriores, de disputas passadas, já tinha retirado maior parte das minhas proteções.

Agora ao observar o estado do meu tronco arrependo-me tremendamente disso.

O meu único crime foi apaixonar-meOnde histórias criam vida. Descubra agora