Matéria Escura

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13 de novembro de 1986
Winden, Alemanha

Ele corria, rápido, o sangue ainda jorrava do seu braço esquerdo, ensopando o seu casaco, seus dedos pressionando a ferida, tentando estacar o sangramento. Ele conseguia ouvi-los, o som alto e estrondoso de hélices o seguindo. Ele tropeçou nas raízes de uma árvore, cambaleando, quase caindo no chão, pisando com força com uma das pernas para conter a queda. Ele olhou para trás, tentando ver a distância do que o perseguia estava, sem avistar nada do entanto. Seu peito se chocou com força contra uma árvore em seu caminho, fazendo-o perder o ar com a dor, ele não perdeu tempo, agarrou o largo tronco e se escondeu por detrás dele, sentando-se no chão esperando que não o vissem. 

Ele ouviu quando o helicóptero passou por ele, o som da hélice ficar mais alto e depois mais baixo conforme se afastava. Ele suspirou de alívio, arquejando um pouco a fazê-lo, a dor no seu braço o lembrando do tiro que tinha tomado. Ele sabia que precisaria tirar a bala, mas não havia tempo, eles poderiam retornar a qualquer momento, ele precisava de um lugar seguro, então ele rasgou um pedaço da calça, amarrando-o ao redor do ferimento, firmemente, soltando um gemido por conta da dor, para estancar o sangramento, pelo menos por tempo suficiente. Ele esperou um pouco e depois prosseguiu, ainda com dor, olhando para o céu o tempo todo.

***

- Vocês deverão estar aqui às 02h em ponto - explicou Claudia para os dois, não em sua sala, mas nos. - Mas não devem entrar pela porta da frente, mesmo com a minha autorização os seguranças poderão achar estranho dois adolescentes entrarem a essa hora, e certamente não seria bom se alguém suspeitasse de algo.

- Como vamos entrar então? - perguntou Jonas. Claudia pensou por um tempo.

- Podemos fazer um buraco na cerca - sugeriu Jonas depois de um tempo. - E entrar pelos fundos.

- Fazer um buraco na cera?! - Claudia exclamou, desgostosa.

- Se está preocupada em chamar a atenção é a melhor opção, podemos esperar até os seguranças se afastarem e entrarmos por um buraco pequeno no limites da floresta com a usina.

Claudia quis negar, um buraco encontrado na cerca seria igualmente suspeito. O acidente iria acontecer, eles não sabiam disso, e se alguém suspeitasse de algo a culpa recairia sobre ela, ela certamente perderia o cargo, o cargo ao qual lutara a vida toda. O nome Tiedemann seria jogado na lama. Ainda, um buraco não poderia ser atrelado a ela, seria suspeito, mas se não vissem os responsáveis e ela se certificasse de escondê-lo...

- Certo - disse Claudia. - Façam isso, mas de um forma bem discreta, se alguém os encontrar... Como eu disse, não podemos correr o risco de algo nos atrapalhar. 

Os dois jovens assentiram levemente.

- Eu vou me certificar de que tenha poucos segurança patrulhando aquela área, por conta do horário, a área não é muito patrulhada, mas ainda assim tenham bastante cuidado - ela retirou a pasta de debaixo do braço e a entregou a Jonas. - Fiquem com a pasta, tem instruções detalhadas do que deverão fazer, quais as válvulas certas a serem operadas, eu mesma simplifiquei algumas instruções para vocês lerem, memorizem bem seu conteúdo.

Jonas assentiu novamente.

- Estejam no bloco C às 02h, nenhum minuto depois.

***

O barulho da tranca da cela sendo destrancada foi o que despertou Ulrich, seus olhos franziram, piscando brevemente. Ele ouviu o molho de chaves, seguido pelo mecanismo da porta, fazendo ele se levantar rapidamente, suas costas doíam devido ao banco duro na cela muito mal iluminada ao qual ele tivera que dormir por dois dias. Ele não chorara, em nenhum momento, nunca havia sido do seu feitio, mas ainda, não conseguiu esconder seu medo, o medo de ficar ali, de sua mãe não conseguir tirá-lo dali, ele não esperava que seu pai se desse ao trabalho, deveria estar mais concentrado em si mesmo, como sempre. Ele passara aqueles dois dias pensando em sua família, em sua mãe, em Mads, em Katharina. Ela o tinha denunciado? Ele duvidava disso, ela não seria capaz, ele nunca a forcara, ele tinha sido o mais gentil possível durante o sexo. Ela teria não gostado? Ele a tinha machucado e ela fingira estar tudo bem? Não, Katharina não fingiria, ela sempre havia sido honesta, se ele a machucasse, ela teria falado. Então quem?

Connected // Jonas Kahnwald x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora