Capítulo 5

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Newt


Ela acalmou o Verdugo. Mais um motivo para não confiarmos nela.

- Impressionado. Como conseguiu acalmá-lo? - Minho pergunta.

A garota pisca algumas vezes.

- Eu só canto aquela canção para me acalmar.

Isso não pareceu muito convincente.

Alby se aproxima deles calmamente.

- Bom, está na hora de voltar ao trabalho - ele olha para ela. - exceto você, Eva.

Ela cruza os braços e acena positivamente com a cabeça. Alby olha para mim. - E você, Newt.

Que maravilha.

Então todos obedecem e se dispersam depressa. Minho dá uma última olhada para mim e dá um passo para frente a andar, mas ele volta e vira-se para Alby.

- E o Verdugo?

- Deixe isso conosco.

O dia só melhora.

Minho vai buscar sua lança, que agora está melada de uma gosma amarelada e nojenta.

Ponho as mãos na cintura e me aproximo mais de Alby, esperando que ele fale algo.

Ele parece sério olhando para ela - Meu nome é Alby. Ele é o Newt. - Ela assente com um sorriso. - Você lembra de algo além do seu nome?

Ela balança a cabeça negativamente.

Cruzo meus braços, sentindo aquele maldito calafrio de novo.

Ela estende a mão, sorrindo exageradamente.

Olho para baixo, sentindo o arrepio de novo.

- Há apenas 3 coisas que você precisa saber. - Alby direciona o olhar para mim e levanta as sobrancelhas.

Olho para seus olhos, por mais desconfortável que isso seja.

- A primeira é: você vai ter que trabalhar, a segunda: não machuque nenhum Clareano. E a terceira é a que você nunca, jamais, deve quebrar: não entre no Labirinto em nenhuma circunstância. Entendeu?

- Entendi. - Ela coloca os braços para trás e desvio meu olhar para Alby.

- Newt, vamos levar essa carcaça para a Sala de Reuniões.

- Não vai feder? - Pergunto, franzindo a testa.

- Depois que encontrarmos alguma resposta sobre o que está acontecendo, nós a colocamos aqui fora de novo. Ou comemos.

Dou um riso nasalado, ponho a mão na cintura.

- Tá.

Ele vai até o Verdugo morto e me viro para ela.

- Você pode começar a ajudar a partir de agora.

- Meu trabalho é esse?

- Não.

Ela abre a boca.

- Então por que tenho que fazer isso?

- Você acalmou o Verdugo, então presumo que você consiga carrega-lo.

Sorrio ao ver que ela trava a mandíbula.

Sigo o chefe, que começa a levantar o bicho, escutando os passos da garota atrás de mim.

Alguns minutos depois, estou completamente suado na Sala de Reuniões.

Alby e Eva não estão nem ofegantes.

Escuto a risada de alguém. Olho para a menina, que está prendendo o riso.
Travo a mandíbula e ignoro.

- Vamos ver no que Eva irá ajudar. - O comandante diz e sua expressão fica séria.

Tomara que ela não seja boa com plantas.

Ao chegarmos no Jardim, há algumas mudas e adubo na pá. Não tive tempo para alimentá-las. Desculpem.

Eu tentei ensiná-la a adubar, mas aparentemente ela tem um pouco de nojo do cocô e da comida estragada. Sinto um profundo ódio por isso, mas ao mesmo tempo um alívio.

- Vamos tentar outra coisa.

Alby coça a cabeça.

- Corra do Domicílio, onde ficam as redes, até aquele muro cinza - ele aponta para o Labirinto.

Ela se levanta, batendo as palmas das mãos uma nas outras, limpando um pouco da terra. - Está bem. -
Ela sai caminhando.

- Estou duvidando um pouco de que ela consiga...

Sinto um vento quase me levar embora. Encostada com as mãos no muro, Eva está ofegante.

Abro a boca, mas logo depois a fecho e mordo a língua quando o arrepio e o nó na garganta ficam mais intensos. Isso é humanamente impossível.

Alby sorri, mal acreditando.

Eva volta andando, suas tranças balançando.

- Não se impressionem. Isso é apenas treinamento.

- Apostava muita corrida quando era criança? - Pergunto sem conseguir me conter.

- Sim.

Percebo que alguns meninos parecem chocados e, ao mesmo tempo, alegres.

Alby coloca a mão no ombro dela, enquanto a mesma sorri, dessa vez foi um sorriso verdadeiro.

Ela olha para mim e um brilho verde passa por seus olhos. Automaticamente lembro-me do filhote de Verdugo, com seus olhos brilhando em verde exatamente do mesmo jeito. Abro a boca. Não é possível que Alby não tenha visto isso, mas ela me encara com um sorriso de canto. Meus pelos se arrepiam, enquanto pisca e seus olhos voltam ao quase preto e olha para Alby.

Ele demora o olhar no dela, com um sorrisinho aparentemente bobo. Coço o queixo, observando a cena. Impossível. Ele finalmente abaixa o olhar.

- Seja bem-vinda, Corredora.

Os mais próximos de nós batem palmas e outros estão alheios ao que estão acontecendo, concentrados em seu trabalho.

Não posso deixar que eles acreditem.

Aproximo-me de Alby, que olha de vez enquanto para a garota distraída pela comemoração.
- Será que podemos conversar?
- Claro, Newt.

Alguns minutos depois, na Sede, com o Verdugo ao nosso lado, eu explico tudo o que observo em relação à ela.

Ele cruza os braços.
- Acho que...podemos considerar isso.

Franzo a testa, sentindo um pouco de raiva crescer em mim.

- Acha?

- Não, vamos considerar. Eu não percebi isso, nem nenhum Clareano...

Respiro fundo e coço o queixo.

- Tá bem. Se prefere deixar as coisas assim.

Não o espero responder e saio. O dia está acabando e aparentemente minha sanidade mental também.

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