NewtUmas duas horas se passaram e eu não levei a comida. Não quero voltar lá e também Gally acaba de colocar um coelho para assar na fogueira.
Sento-me na grama e posso sentir o cheiro da carne. Minha boca se enche de saliva.
— A Fedelha acordou?
Engulo e arregalo os olhos ao ouvir sua voz ríspida.
As suas sobrancelhas tortas erguidas dão a impressão de que vão voar a qualquer momento.— Não.
Ele se senta ao meu lado desajeitadamente.
— Eu não confio no Novato. Muito menos nela.
Continuo olhando para a fogueira, as faíscas voando para todos os lados.
— Também não confio.
— No Thomas ou na garota?
Meus pulmões se enchem de ar e logo ficam vazios.— Na garota.
Ele levanta as sobrancelhas novamente e a voz eleva.
— Então você confia no cara que chegou aqui há uma semana?
— Sim. — Respondo sinceramente. Ele abre a boca. — Tenho meus motivos. Sei que ele pode nos ajudar a achar uma saída.
Gally olha para a grama e balança a cabeça negativamente.
Levanto-me enquanto digo:— A garota é o principal problema.
Assim que termino de falar, ouço o estrondo do Labirinto mudando e se fechando, mas paro de andar quando chego na metade do caminho até a cabana de gravetos, ao ouvir uma voz cantar em um idioma irreconhecível, que parece vir de muito longe.Quanto mais me aproximo, mais meu corpo estremece e meu coração dispara.
Tento ignorar, mas a voz está vindo daqui. Oh...
Afasto o pano da cortina um pouco, o suficiente para ver que ela está de olhos fechados e com uma das mãos no pingente, cantarolando. Sua voz é agradável e arrepiante ao mesmo tempo, como se ela e um fantasma cantassem juntos. Minha respiração acelera e ela dobra os joelhos, colocando suas mãos em volta.
De repente ouço um sibilar alto vindo de longe e não me movo. Estou acostumado com o som “angelical” dos Verdugos.
Vou para o Domicílio, onde as redes estão armadas. avisto Thomas ao longe e a sensação horrível passa, dando lugar ao ânimo, apesar de tudo o que está acontecendo.
— Oi, Thomas. — ele se aproxima de mim.
— Oi, Newt. — Ele abre a boca e puxa o ar. — Você não deveria estar lá?
Travo a mandíbula.— Sim, mas não consigo.
Ele franze a testa.
— Como assim não consegue?
— É que… — Olho para a árvore à minha frente. — É difícil de explicar.
— Ah, você não se sente… confortável?— É, mas é algo mais.
Ele não responde e se aproxima mais de mim.
— Então… —Ele dá um sorrisinho — Você quer dizer que está apaixonado?
Franzo a testa e abro a boca.
— O quê? Não! Claro que não.
— Tá bom, mas não precisa ficar nervoso.
Cruzo os braços.— Acho que já tá na hora de você dormir.
Ele prende a risada e agora me vejo com vontade de rir, mas caminho em direção ao local que evitei ir até agora.
Ouço sua risada de novo e agora sorrio.
— Ainda vamos jantar, Newt!
Agora, vejo Alby vindo da fogueira em direção a nós e, alguns segundos depois, ele nos cumprimenta.— Por que não está de olho nela?
Ponho as mãos na cintura.
— Vim falar uma coisa com Thomas.
Ele assente.
— Chamei-a para comer.
— Ótimo. Ela estava com fome.
Avista a garota saindo da cabana, olhando para todos os lados. Vou para o lado da fogueira, onde estão alguns Clareanos já comendo.
— Pega aí, Newt.
Diz Gally, segurando um graveto com a carne. Ele sorri para mim com seus dentes tortos e amarelos, com sua boca suja.
Eu quase rio, e ao invés disso, me abaixo e puxo um pedaço da carne marrom de um dos gravetos de baixo.
Quando ponho a carne na boca, minha boca se enche de saliva pela segunda vez e quando mastigo, arregalo os olhos ao sentir sua maciez. Está bem melhor do que a de qualquer outro dia aqui. Olho para ele.— Gally, o que você fez?
Ele sorri de novo.
— É segredo. O Caçarola me passou.Como sempre, nem ele, nem Caçarola dizem os ingredientes de suas receitas. Isso é maldade.
Passos um pouco pesados, não familiares se aproximam de nós.
Respiro fundo ao ver Eva sorrindo. Dá vontade de arrancar seus dentes.
— Oi, gente.
Gally olha para mim com uma cara séria enquanto todos os outros chegam aos poucos e começam a comer, sentados ou em pé.
O garoto se aproxima um passo diante dela e estende a mão, a olhando nos olhos. Ele Agarra sua mão amigavelmente, ela mostra mais ainda seus dentes e olha nos olhos dele.— Meu nome é Eva.
— Eu sou Gally.
Ela solta e fica parada, enquanto ele a encara e cruza os braços.
— Sirva-se.
Eva se aproxima de mim e dá um sorrisinho de canto, mostrando os dentes. Menos pior. Mas mesmo assim travo a mandíbula levemente e desvio o olhar para o coelho sem vida.
Ela se abaixa e pega a carne, levanta e a coloca na boca, tapando-a com a mão.
Qual é a necessidade? Estava mostrando seus dentes até agora.
Alby toca em seu ombro e ela franze a testa um pouco, olhando para ele, que segura um copo da bebida amarelada criada por Gally. Não tem nome, só sei que é bem forte no começo e tem gosto de mel.
O líder sorri, passando um pote para Eva, que o segura.
— Vamos dar as boas-vindas à nova Clareana…
— Eva. — Diz naturalmente
— Eva!
Todos batem palmas, eu também, mas logo depois cruzo os braços e apenas assisto. Alby está com o maior sorriso que já o vi expressar.
— Vamos fazer um brinde!
Pegam suas bebidas e as erguem. Não tenho a mínima vontade de fazer isso, mas mesmo assim, faço.O tilintar do vidro uns nos outros é desesperador.
De repente, os Clareanos prendem o fôlego ao mesmo tempo, e olham para uma única direção, num silêncio estrondoso.
Todos estão voltados para a Maldita.
Agora meu coração dispara, arrepio-me, mas olho para ela por puro instinto.
Abro a boca ao sentir um calafrio maior do que qualquer outro passar por meu corpo, vendo a criatura atrás dela, babando.
Tem algo ligeiramente diferente no Verdugo: seus olhos estão brilhando em verde.
A expressão dela é de desespero, mas...uma sensação no fundo do meu peito diz que isso não está certo.
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The Maze Runner - A Rainha
FanfictionClassificação indicativa: +14 Com a chegada de Eva no Labirinto, Newt, o loiro e segundo no comando, sente que há algo errado com ela, mas quase ninguém acredita nele. Talvez o plano traiçoeiro dela não seja tão bom assim. A garota foi obrigada...