O casarão. (part. 2)

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Observando a figura na varanda da casa, os olhos escuros se hipnotizam pelos movimentos naturais do Santana, esse que conversava com Gladys algo que lhe fazia sorrir discreto. E Jonatas olhava aquela cena de fora, se sentindo frustrado por não está sendo escutado, mas satisfeito de ver o irmão mais velho naquela posição.

–Quer me contar alguma coisa? - Jonatas perguntou cutucando o mais velho que tomou um leve susto pelo toque.

–Contar? O que? Tem algo acontecendo?

–Eu que pergunto, tem algo acontecendo? - Jonatas perguntou sinalizando para Kelvin com a cabeça de forma discreta, vendo o irmão arregalar os olhos e negar com convicção.

–Não! Nada- Você acha? Não tem nada acontecendo, mas dá a entender que tem algo acontecendo?

–Vocês se aproximaram bastante para uma semana, ou acha que ninguém percebeu as fofocas com o cigarro durante a madrugada? - Jonatas perguntou e Ramiro ficou mais constrangido por ter sido pego fumando pela família, já que tinha afirmado que havia parado, do que suas conversas secretas com o Santana.

Imaginava sim que alguém naquela casa havia percebido seus momentos a sós, ora dividindo o trago ora as palavras. Ramiro procurava durante o dia formas de se aproximar de Kelvin, chamando-o para as refeições, convidando para as caminhadas pela propriedade da família e para as rodas de conversa, traçando durante o final da noite um passo a passo para que eles terminassem sentados na varanda conversando sobre a vida.

E era confortável, por mais que o sentimento elétrico existisse e insistisse para que ele tocasse o rapaz, como se fosse uma curiosidade inerente do seu ser de sentir como seria tocar naquela pela, Ramiro deixava aquele desejo de lado e focava nas palavras do homem voltando sua curiosidade sobre o que ele tinha a dizer, no que eles iriam discordar, no que eles iriam concordar e o que ele poderia saber sobre Kelvin.

–Somos bons amigos. - Ramiro falou olhando para a piscina, observando Maria Clara nadando com sua boia rosa cheia de unicórnios.

–Bons amigos? Tudo bem. - Jonatas falou escondendo um sorriso - Kelvin! - Gritou o rapaz, que parou de conversar e olhou para eles - Seu Matias vai querer ir para a piscina! - Disse apontando para o senhor que estava se aproximando atrás dele com dois macarrões de piscina, para o desespero de Kelvin que não achava aquela piscina segura de forma alguma.

–Pai, não acho bom...- Kelvin tentou repreender, em vão.

–Ah menino me deixa em paz! - Respondeu falou irritado, apertando as boias contra seu corpo - Um calor desses vou ficar com a bunda toda suada? - Disse fazendo Gladys rir.

–E onde o senhor arrumou essas boias? Quem colocou essa ideia na sua cabeça?

–Foi eu, Kelvin, - Agatha falou, aparecendo de dentro da casa com um óculos de sol grande e marrom e um maiô azul marinho que caia perfeitamente no seu corpo - Seu Matias merece tomar um banho de piscina para refrescar, e você deveria entrar também e relaxar um pouco, vai lá colocar sua roupa e desce, aproveitar esse sol.

Kelvin tentou abrir a boca tentando recusar, mas Agatha tinha uma presença tão forte sobre ele que não conseguia negar um pedido da mulher sem sentir que estava cometendo um pecado.

–Pode ir, a gente vigia seu pai, estamos em família. - Gladys garantiu e ele precisou dar um suspiro de coragem antes de subir.

Seu Matias ficou muito satisfeito em finalmente poder entrar na piscina depois de ter sido impedido durante toda a primeira semana que estavam ali. Obedeceu a Agatha e sentou na parte mais rasa da piscina, vendo uma criança se aproximar dele animada com sua presença.

passado presente - kelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora