The start

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O único que pode me vencer, sou eu mesmo.

A frase do meu irmão ecoava na minha cabeça uma e outra vez. Sinto-me zonza e peço para que o fotógrafo pare por alguns momentos.

Se olhasse para o passado, sentiria que a minha vida nunca poderia ter chegado onde chegou.

Sento-me no sofá mais próximo e a minha assistente corre para me trazer água.

Aquela mesma pergunta passa-me pela cabeça.

Como posso ajudar Aomine ? Como posso ter o meu irmão de volta ?

A falta de alegria na cara dele, relembra-me os momentos tenebrosos da infância.

Uma nostalgia de Aomine sorrir invade-me. De quando começou a jogar basquetebol.

Aquele sorriso de menino que nunca teve a chance de ter aquando pequeno.

Aomine era genuinamente feliz quando começou a jogar na Teikō.

Sinto um aperto no peito quando me lembro disso.

O meu irmão voltou a ser o menino infeliz de quando éramos crianças. Aquele sorriso escapou por entre os meus dedos e não pude fazer nada.

A minha capacidade de pensar estava a esgotar-se com toda aquela luz à minha volta.

Hoje, não conseguia mais.

"Adélia." - Chamo pela minha assistente - "Avisa a Regina que hoje não trabalharei mais e estarei ausente de tarde" - Adélia afirma e começa a trabalhar com o modelo seguinte, avisando os fotógrafos que a minha sessão continuaria no dia seguinte.

Saio do estúdio às pressas, entro na porsche preta que me dei ao luxo de presentear nos meus 18 anos.

Uns meses atrás.

A verdade, é que com toda estas preocupações, anseios e trabalhos, por vezes esqueço-me que tenho apenas 18 anos. Que talvez, merecesse um pouco mais de alívio de tempos em tempos.

Regina recrutou-me como modelo quando tinha apenas 15 anos. Deixei a escola e formei-me através de casa.

A minha vida desde há 3 anos atrás, baseia-se em trabalhar a tempo inteiro para que Aomine possa continuar a estudar.

Não me posso queixar do salário, recebo muito bem. Sou uma jovem adulta com a vida feita. No entanto, sinto que o meu gémeo, deixou de ter o apoio da irmã a tempo inteiro.

A nossa história é de superação. Não me dou ao luxo de a contar a qualquer momento. É um pedaço de nós.

Somos sobreviventes.

Aomine e eu somos mais do que apenas irmãos gémeos. Somos almas gémeas.

O apoio um do outro desde o momento em que nos cortaram os cordões umbilicais.

Estaciono o carro em frente à casa da minha melhor amiga.

Riko Aida.

Estudamos juntas apenas alguns meses, mas ficamos inseparáveis.

Bato à porta e ela atende rapidamente.

"Aria, o que fazes aqui?" - Riko pergunta com um sorriso - "Parece que lestes os meus pensamentos, preciso de falar contigo"

Eu aceno e ela convida-me a entrar.

Senta-se no sofá e eu acompanho-a. Ela parece ansiosa, como se o que tivesse para falar comigo fosse algo que me pudesse chatear.

Mexe os dedinhos uns contra os outros, claros sinais de preocupação.

Começo a falar para quebrar o silêncio que se instaurou.

"Riko, preciso do meu irmão de volta" - Eu digo e ela olha para mim atenta.

Lágrimas invadem o meu olhar, o meu próprio coração.

Os olhos vazios de Aomine vagueiam pela minha cabeça novamente.

O único que pode me vencer, sou eu mesmo.

"Aria." - O meu olhar encontra o dela - "Eu acho que posso te ajudar com isso" - ela continua ansiosa mas as minhas lágrimas cessam.

"Tudo Riko, eu faço de tudo." - Eu digo e aperto as mãos dela.

Ela parece resistir à vontade de me dizer aquilo que pensa.

"Riko, por favor." - Eu suplico para que ela desvendasse aquilo que iria trazer o meu irmão de volta.

"Aria" - olho com expectativa- "Preciso de ti na minha nova equipa" - Num primeiro momento, não entendi ao certo o que me pedia.

"Precisas de uma assistente ?" - Eu digo genuinamente - "Claro que te posso ajudar, mas como isso ajudaria a trazer Aomine de volta ?" - Eu digo e ela parece ofender-se com a minha falta de raciocínio.

"Não Aria, não me referia a uma assistente." - Eu olho para ela colocando a cabeça levemente de lado.

Estaria a precisar de um patrocinador ? Posso arranjar-lhe isso.

Ela revira os olhos e aperta as minhas mãos.

"Aria, eu preciso que sejas jogadora da Seirin." - Os meus olhos arregalam-se e por momentos não sei o que responder.

Os olhos de Riko estão em mim com expectativa e ao ver a minha falta de atitude ela continua.

"Pensei muito se devia fazer aquilo que estou a fazer. A verdade, é que neste momento a Seirin tem jogadores muito bons. Mas nenhum, pode derrotar Aomine." - Ela bufa

O único que pode me vencer, sou eu mesmo.

A frase vem na minha cabeça novamente quando ela diz as últimas palavras.

"Mas tu podes, Aria" - Ela diz. - "Aquilo que fez com que Aomine perdesse a vontade de jogar basquete foi não encontrar um oponente que o superasse. Sei que sozinha, também não o consegues. Aomine é um verdadeiro monstro no que toca a basquetebol, porém, juntamente com a nova dupla da Seirin, sei que iríamos conseguir superar a escola Touou." - Ela afirma com certeza.

Será que conseguiria superar aquele que me ensinou a jogar ?

Desde que encontrou o basquetebol, Aomine passou a me ensinar a jogar sempre que estávamos em casa.

Não posso negar que me tornei muito boa, mas o meu irmão... o meu irmão é de outro mundo.

Além de conseguir copiar as habilidades dele na perfeição, perco em força física, em resistência e principalmente... na defesa.

Será que conseguia ?

Olho novamente para os olhinhos da Riko carregados de luz.

Penso nos do meu irmão, carregados de solidão e desgosto.

Respiro fundo.

Se a questão é o meu irmão voltar a ter brilho no olhar, farei o necessário.

Se o necessário for vencê-lo oficialmente, assim o farei.

"Eu aceito" - Olho com determinação para Riko que ainda parece desorientada pela minha confirmação - "Jogarei pela Seirin e vencerei o meu irmão, é uma promessa Riko."

É uma promessa.

Aomine sisterOnde histórias criam vida. Descubra agora