Amigos?

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Kise adentra a minha casa como se estivesse em mais uma das inúmeras boates que ele vai.

Não que eu procure a vida de Kise, mas na agência tudo se sabe.

"Bom diaaaa Ariazinha" - Ele desliza pela borda do meu sofá e caí ao pé de mim.

Reviro os olhos com a cena. Como é que podia ser tão idiota ?

"Bom dia Kise" - Digo monotonamente enquanto conto os segundos para que o meu irmão volte da escola.

Só faltavam, exatamente...

25 200 segundos.

O exato equivalente a 7 horas.

Kise teria chegado às 10 da manhã, o meu irmão chegaria às 17:00. Como é que eu iria conseguir sobreviver ?

O loiro encara-me sério. Quem visse a cena exteriormente poderia pensar duas coisas:

1. Ele está a planear o meu assassinato.
2. Ele está completamente apaixonado por mim.

E na real, todos sabemos que a opção 2 está muito longe de ser realidade.

"Não tencionas matar-me pois não ?" - Decido ser direta e aceitar o meu trágico destino.

Kise inclina a cabeça num sinal nítido de confusão.

"Quem devia estar preocupado era eu" - Ele é rápido a responder.

Senta-se agora corretamente no sofá e continua pensativo.

Ele estava estranho desde que entrara aquela porta. Apesar do sorriso e tentar parecer animado, encarava-me de forma diferente, como se pensasse em algo.

Mexe no cabelo e morde os lábios. Olha para mim e desvia o olhar novamente.

"Kise, tens alguma coisa a dizer-me?" - Pergunto o que o faz ficar alerta.

Olha para mim como se estivesse envergonhado. Não sei decifrar ao certo aquela feição.

"Hmm...ahhh" - Ele parece engasgar-se com as próprias palavras.

O que raio é que ele tinha?

"Desculpa" - assusto-me com a declaração e os meus olhos arregalam-se involuntariamente - "Desculpa se te fiz pensar que éramos inimigos" - Kise abaixa a cabeça num sinal de timidez.

O quê?

Quando ele percebe que não estou a conseguir raciocinar prossegue.

"Foi a razão que me fez aceitar tomar conta de ti hoje. Precisava de me desculpar contigo. Na realidade, nem sei muito bem o que te fiz, mas não quero que me odeies." - Ele suspira fundo - "Quando o teu irmão parou o meu carro e disse para o levar ao hospital rapidamente, imaginei o que seria. Fiquei tão preocupado quanto ele..."

Suspira mais uma vez e a minha boca tende a abrir-se cada vez mais a cada palavra.

"Eu pensei que não me conseguiria perdoar se te acontecesse algo e soubesse que não nos dávamos bem, nunca foi a minha intenção."

Eu não sabia como reagir. A minha boca fechava-se e abria numa tentativa de assimilar as ocorrências.

Kise estava agora calado e olhava para mim com expectativas.

"Ahhh..." - As próprias palavras embolam-se na minha boca - "desculpa. Talvez ?" - Não sei o que dizer e solto palavras aleatórias.

Abano a cabeça e faço o que qualquer pessoa extremamente madura faria.

Corro para o meu quarto a gritar qualquer coisa como "preciso de encontrar os meus óculos" ou semelhante.

Bato a porta de qualquer maneira e encosto-me a ela já dentro do meu quarto.

Aomine sisterOnde histórias criam vida. Descubra agora