Declaração de guerra

119 16 3
                                    

Chego a casa pensativa com a minha própria decisão.

Não sou uma pessoa de arrependimentos, tudo aquilo que faço tem uma razão fundada. No entanto, será possível que alguma vez venha a acontecer ?

Vejo Aomine sentado no sofá enquanto assistia a um jogo aleatório de equipas estrangeiras.

Suspiro.

Noutros tempos, ele teria programado algo para fazermos juntos.

"Mine" - Utilizo o apelido de infância para que olhe para mim, ao que ele responde com um olhar sem brilho - "O que queres jantar ?" - pergunto, enquanto pouso as minhas coisas e me dirijo à cozinha.

Coloco o avental calmamente enquanto sinto o olhar dele em mim.

Suspiro, mais uma vez.

Olho para ele.

"Não sei Ari, algo que não te ocupe demasiado, sei que estás cansada" - Ele diz, e vira o olhar novamente para a televisão.

Lembro-me, de todas as vezes que o cansaço não me permitiu estar com ele.

Todas as vezes que lhe disse: "Mine, hoje não vai dar, estou cansada"

O sentimento de culpa arrebate-me por completo.

Sou uma péssima irmã.

Mas não posso ser fraca, não agora.

"Vou fazer o teu preferido então." - Sorrio para ele que agora me olha atentamente. - "Que tal uma partida de basquete, após o jantar ?" - Pergunto com um olhar esperançoso.

"O que se passa Ari, tens algo a dizer-me ?" - Os olhos de Aomine estão nos meus. A escuridão contida neles é pesada.

Sinto que o perco cada dia mais um pouco, mas hoje, terei de começar a reverter o processo.

"Sim, tenho. Mas tens de jogar comigo para que te possa dizer" - Viro as hambúrgueres na frigideira mais uma vez.

Sinto que ele se levanta do sofá e se dirige a mim.

"Hum" - é o único som que sai da boca do meu irmão quando chega ao pé de mim.

Vejo que pega no pão e nos legumes para me ajudar a montar os hambúrgueres.

O único som instaurado naquela casa era o da fritura. Naquele momento, era como se um abismo se abrisse entre nós os dois, mesmo que estivéssemos no mesmo espaço.

Mesmo o silêncio, chega a ser ensurdecedor.

Já na mesa, o jantar procede no mesmo sentido. O silêncio. A fossa abismal instaurada entre duas pessoas que partilharam o mesmo ventre.

Aperto o talher com força, enraivecida. Porque é que tivemos que chegar a este ponto ?

Não é como se o amor entre nós tivesse acabado, é só como se não houvesse maneira de o expressar agora.

"Mine, vamos lá fora" - Eu digo, não obtendo uma resposta, apenas uma ação, Mine levanta-se seguindo-me até ao fundo da casa, onde um campo de basquete se erguia.

Quando olho para toda esta mansão, penso se tudo valeu a pena.

Relembro-me do dia em que mostrei ao meu gémeo este campo de basquete. A nossa nova casa.

É triste pensar que o almejei com dezassete anos, é triste pensar que não pude ser uma adolescente normal.

Lembro-me dele chorar quando lhe disse que tinha um campo todo dele, lembro-me também de todos os dias o encontrar lá.

Aomine sisterOnde histórias criam vida. Descubra agora