(24/03 ~ 21:36)
Eu me diverti.
Eu. Me. Diverti.
O que aconteceu? Não faço ideia. Parei de entender quando Kenma, O KENMA, começou a rir e beber adoidado. Eu não bebo, então ficou eu, Akaashi e Tsukishima sóbrios vendo o restante se humilhando enquanto riam alto.
Akaashi teve que colar seus olhos em Bokuto desde quando ele levantou e subiu na mesa, fazendo um discurso que só ele entendeu. Tsukishima não se deu ao trabalho de ajudar os outros, quando Yamaguchi abraçou seu braço e apoiou sua cabeça no ombro do mais alto, ele dormiu imediatamente. E como de se esperar, Tsukishima não mexeu um músculo sequer.
Kenma e Kuroo estavam "conversando" loucamente, nem paravam pra respirar. Kenma parou de falar e se virou pra mim, seus olhos estavam claramente brilhando, como se não houvesse mais uma casca escondendo seu "verdadeiro eu".
Ele sorri. Um sorriso brilhante e lindo.
— Seus olhos são bonitos... — Kenma fala rindo de leve e se vira de novo e volta a conversar com Kuroo. Mas que merda.
Porque estou me sentindo aquecido? Que porra é essa? Ele elogiou algo que nem é meu de verdade, mas mesmo assim, mesmo não sendo meu eu de verdade — sendo que nem conheço meu eu —, não estou acostumado em ser elogiado.
Como que reage a isso?
Preciso fumar.
Tiro do meu bolso um maço e um isqueiro, me levanto e olho pra Akaashi, receoso de deixar ele sozinho cuidando de crianças adultas.
— Akaashi, posso ir fumar?
— Vai lá, essa situação não é nova pra mim — Akaashi da uma pequena risada e também rio logo em seguida.
Me levanto da cadeira e vou ando para a porta dos fundos, onde dava pra mais algumas mesas de madeira só que não havia ninguém. Escuto Hinata gritando "SOU O PEQUENO GIGANTE!!", e não consigo conter uma risada genuína.
Me sento em uma das mesas de madeira, acendo o cigarro com o isqueiro que vive no meu bolso e o olho por muito tempo. Enquanto tragava o maço, acendia e apagava o isqueiro incontáveis vezes enquanto me perdia nos meus pensamentos.
Ele é de uma coloração vinho desbotado, tinha uma impressão de uma imagem de uma praia, também desbotada. Uma assinatura no canto, que essa parece nova. Olho a assinatura e dou uma risada cansada, olho para as estrelas e solto a fumaça pelos meus lábios suspirando cansado.
— Será que já...? — Será que já fiz algo por vontade própria?
Escutei passos vindo em minha direção, levanto da cadeira em um pulo e fecho meus punhos, pronto se algo fosse acontecer. Vejo Tsukishima em pé me encarando como se estivesse me amedrontado, suspiro aliviado e sento de novo na cadeira.
— Que susto... Veio tomar um ar também? — Questiono olhando para Tsukishima, com meu falso sorriso amigável.
— Para de se fazer de sonso, caralho. O que você quer? — Ele pergunta de maneira rude.
Meu sangue gelou, eu olho para Tsukishima como se ele estivesse ficando louco. Dou uma risada confusa e trago meu cigarro novamente.
— Do que você está falando?
— Você não me ouviu, seu merda? Sua voz de sonso me irrita, seria muito melhor se você simplesmente calasse a porra da sua boca. Porque você veio? — Tsukishima faz a pergunta com um tom mais sério.
Olho para o mais alto com uma fúria no meu olhar, quem esse cara pensa que é? Como ele sabe que tem algo de errado? Além de tudo, esse seu tom quando falou comigo já me enfureceu, ninguém fala assim comigo. Pelo menos, ninguém como ele.
— Se você acha que vou simplesmente abaixar minha cabeça e te ouvir falar merda, você tá errado. Fala assim comigo de novo que te mostro quem é o "merda" aqui. Você enlouqueceu, simplesmente ameaçando alguém que você não gostou pelo o que? Pelo seu ego do caralho?
Meus olhos se estreitam, ando devagar até ele e o olho como se a grande diferença de altura não fosse nada. Meu sangue esquentou com minha raiva, esse cara realmente é alguém que tenho me controlar com.
Tsukishima parece mais furioso que antes, alguém desse tipo não deve ser questionado com frequência. Como alguém tão doce como o Yamaguchi consegue ficar perto desse cara?
— Agindo desse jeito, você só prova meu ponto — O loiro me provoca, claramente querendo me deixar mais irritado, o que está funcionando.
Minha visão fica turva de tanto ódio, solto uma risada baixa mostrando que estava enlouquecendo. Esse filho de uma puta é incapaz de agir como alguém decente, sei que não estou no lugar de julgar ninguém, mas olha pra ele.
— Só... cala a boca — Falo rispidamente, controlando minha respiração — Porque você não volta pra dentro e vai tomar vergonha na cara e cuidar do cara que você gosta?
Merda. Eu não deveria soltar uma informação da minha ficha dessa forma. Mas o olhar de choque no rosto de Tsukishima fez valer por uns instantes.
— Você também tem segredos Tsukishima Kei, que nem eu, mas os meus não são nem parecidos com o que você está pensando — talvez piores, mas ele nunca saberá — Cuide de sua vida e eu cuido da minha, porque sua cara já me irrita.
Digo sem remorço, até com um sorriso sádico no rosto. Percebo que o outro estava se contendo muito para não fazer algo que se arrependeria, seus olhos gritam para que eu morra. O que nem me afeta mais, já recebi olhares piores.
— Sua falsidade é nítida, "Shindou". Não sei quem você é e nem quero saber, só quero que você vaze. Volte pra onde você veio.
Eu rio, rio mais do que deveria, a mesma risada que meu pai. Paro no mesmo instante que lembro daquela gargalhada, e olho no fundo dos olhos de Tsukishima. Se eu for para o inferno, vou leva-lo comigo, para que queima mais que eu.
— Não sei quem você quer que eu seja, mas isso não vai acontecer. Arrume um hobbie melhor do que encher o saco dos outros, talvez tratar o Yamaguchi bem é uma boa opção — digo na intenção de irrita-lo.
Jogo o cigarro no chão e apago suas cinzas com meu sapato velho, pego o maço e jogo no lixo mais próximo. Antes de andar até a porta, olho no fundo dos olhos do loiro e dou um sorriso sádico.
— Essa conversa fica por aqui, acredito que não soaria bom pra você ter "submetido um pobre cara, apenas procurando por companhia" nessa situação embaraçosa... — aumento meu sorriso e ajo como se isso tudo havia me magoado.
Agora, ele suspeita de algo. Devo tomar maiores precauções que antes, tomar cuidado com cada passo que dou. Entre todos os outros, tenho que justamente lidar com o mais insuportável.
— Acredite no que quiser.
Tsukishima diz antes de abrir a porta e a fechando atrás de mim, voltando para o estabelecimento.
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Nosso pouco tempo - Kenma
FanfictionYukiro cresceu em um mundo totalmente escasso do exterior, tudo que ele conhece é o que quiseram que ele soubesse. Com seu pai sendo um grande mafioso temido Yukiro se transformou em seu principal alvo, então ele aprendeu que sangue é capaz da-lo oq...