Capítulo 13

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Eu estava caindo, caindo em um abismo sem fim. A escuridão me envolvia como um manto, e o frio penetrava cada fibra do meu ser. Meus cabelos, antes vermelho, agora brancos como a neve. Eu queria gritar, mas o gelo selava meus lábios, e uma sensação de poder crescia dentro de mim, um poder que eu não compreendia, um poder que me assustava.

Eu me via em um espelho de cristal, mas a imagem que me encarava não era a minha. Os olhos, uma vez azuis, agora eram vermelhos. Eu estendi a mão, e o espelho estalou, rachaduras se espalhando como teias de aranha sob meus dedos.

Então, quando eu me virei para olhar ao redor havia corpos de meus amigos e inimigos no chão e ai o mundo ao meu redor começou a congelar. A escuridão se transformou em uma tempestade de neve, flocos de gelo dançando ao meu redor em um vórtice selvagem. Eu era o centro de tudo, a fonte do frio que transformava sonhos em pesadelos. E com essa realização, uma risada escapou de mim, não uma risada de alegria, mas uma risada de poder, de domínio, de uma maldade que eu não sabia que possuía.

Mas então, tão repentinamente quanto começou, o sonho se desvaneceu, e eu acordei. Meu coração batia rápido, e uma fina camada de suor cobria minha pele.

— Era apenas um sonho... — eu me dizia. Apenas um sonho. Mas, no fundo, eu sabia que era algo mais.

Levantei, confusa e ainda meio sonolenta. A luz do amanhecer espreitava pelas frestas da cortina, pintando o quarto com tons suaves. Raven, ainda estava dormindo profundamente em sua cama. O relógio marcava implacavelmente as oito horas da manhã, o horário mais tarde que eu já havia experimentado desde que vim morar aqui. Ja havia passado duas semanas daquele ocorrido no baile.

Arrastei-me até o banheiro, os olhos semicerrados, e peguei a escova de dentes. Ao me encarar no espelho, o susto me atingiu como um raio. Mechas brancas, haviam surgido magicamente em meu cabelo vermelho. Soltei um grito involuntário, o suficiente para acordar Raven, que apareceu correndo no batente da porta.

— O que aconteceu? — ela perguntou, os olhos arregalados.

— Meu... meu cabelo! — gaguejei, apontando para o reflexo assustador no espelho.

Como isso era possível? Eu não me lembrava de ter tingido meu cabelo ontem à noite. As mechas brancas destoavam do vermelho vibrante, e eu me sentia como uma personagem de um conto de fadas sombrio.

— Você tem tinta vermelha? — perguntei a Raven, desesperada por uma explicação.

— Por que eu teria tinta vermelha? — ela respondeu, examinando minhas madeixas com curiosidade.

— Eu não sei! Droga... — apoiei os braços na pia, sem saber o que fazer.

Raven retirou a presilha do cabelo, e como se fosse um truque de mágica, ela se transformou em um cetro. O cetro, por sua vez, fez aparecer uma tinta vermelha para cabelo em sua mão. Eu sorri, agradecida, e peguei a tinta. Com urgência, apliquei ela em meu cabelo, esperando que as mechas brancas desaparecessem. Mas, para minha frustração, elas persistiram então passei novamente e deixei agir.

Eu teria que enfrentar a aula com essas mechas indesejadas, mas então lembrei que era domingo. Talvez eu tivesse tempo para resolver o problema antes que a semana começasse. Enquanto ponderava sobre isso, ouvi batidas na porta. Quem estaria visitando a essa hora da manhã? Raven abriu a porta, revelando meu irmão, ele entrou rapidamente.

— Sherry, precisamos conversar. Meu irmão adentra meu dormitório e seu rosto se contorce em surpresa ao me ver com tinta vermelha escorrendo pela cabeça. — O que aconteceu? Alguém enfiou uma faca na sua cabeça? — ele pergunta, soltando uma risada logo em seguida.

— Ha ha, muito engraçado, Sky — respondo, encarando-o com seriedade enquanto ele continua a rir da minha situação.

— Mas é sério, o que é isso? — ele insiste.

Contos de Etherium Vol I : Asas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora