Assim que adentrei o salão do baile, a atmosfera vibrava com expectativa. A música pulsava, e as luzes dançavam em tons de dourado. O perfume doce das flores e o murmúrio das conversas preenchiam o ar. Era um cenário de encanto e promessa.
Meus olhos percorreram a multidão, buscando um rosto familiar. No entanto, não reconheci ninguém. Todos pareciam estranhos por conta das máscaras. Decidi procurar meu irmão, que havia prometido estar presente com uma máscara azul com detalhes em preto. Talvez ele estivesse escondido em algum canto, observando os outros convidados.
Mas antes que eu pudesse avançar, algo chamou minha atenção. Uma mesa repleta de tentações: copos de cristal transbordando de drinques coloridos, bandejas de doces e salgados. Meus olhos brilharam diante daquela oferta irresistível. Sem pensar, me aproximei e peguei um punhado de doces. O açúcar derreteu na minha língua, e eu me senti momentaneamente livre de qualquer preocupação.
Foi então que senti um toque suave no meu ombro. Virei-me rapidamente, e meu cotovelo acertou em cheio o intruso. Um grito de dor escapou dos lábios dele. Envergonhada, olhei para o rosto do rapaz. Cabelos escuros, olhos intensos e uma máscara prateada com detalhes em preto. Não consegui identificá-lo, mas sua presença era intrigante, vi suas asas negras que me deixou curiosa sobre sua espécie.
— Me desculpe! — minha voz saiu apressada enquanto eu tocava seu rosto para verificar se havia causado algum ferimento.
— N-Não machucou nem um pouquinho! — ele gaguejou, e o sangue começou a escorrer do nariz.
Sem pensar, fiz um lenço aparecer e comecei a limpar o sangue. Ele riu, e o som era como uma melodia suave no meio do caos.
— Você é forte, ein? — ele brincou, tocando o próprio nariz.
— Desculpe mesmo, foi um reflexo. — Minhas bochechas coraram. — E você... bem, também não deveria ter me assustado assim.
Ele sorriu, e algo naquele sorriso me fez esquecer o baile e todos os estranhos ao redor. Ele era diferente, misterioso.
— Na verdade, eu queria lhe chamar para dançar. — Ele apontou para a pista de dança. — Aceita?
Meu coração deu um salto. Dançar? Eu não era exatamente uma dançarina habilidosa, mas algo naquele convite me intrigou. Assenti, e ele segurou minha mão, conduzindo-me com confiança. Começamos a dançar tango, nossos corpos se movendo em harmonia. Ele era firme, mas gentil, e eu me deixei levar pela música e pela proximidade dele.
— Você estuda aqui há muito tempo? — perguntei, olhando em seus olhos.
— Não, cheguei recentemente. — Ele desviou o olhar, como se escondesse algo.
E então, a melodia mudou. Uma música que conhecia bem, mas que não esperava ouvir ali.
Era 2 de novembro de 2014, um dia que carregava a promessa de magia e celebração. Meu sétimo aniversário estava prestes a se desdobrar em um grande baile, uma tradição anual para comemorar essa data especial. No entanto, algo estava diferente desta vez: eu teria que dançar com meu irmão. Ele, por sua vez, estava ocupado naquele dia, e eu me vi sem par. A ansiedade me envolveu, e eu não sabia mais o que fazer.
Foi então que Boo apareceu. Sim, eu o chamava de Boo, e ele me chamava de Berry, um trocadilho engraçado que criamos. A única coisa que permanece viva em minha memória é esse apelido. Quando ele apareceu, uma ideia brilhou em minha mente: por que não convidá-lo para treinar a dança comigo? Ele aceitou prontamente, e meu coração se encheu de alegria. Juntos, dançamos a mesma coreografia, embalados pela melodia cativante de "Je te laisserai des mots". Lembro-me de sua risada, do jeito como nossos passos se entrelaçavam, e da sensação de estar flutuando.
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Contos de Etherium Vol I : Asas do Destino
FantasíaNas sombras da escola Etherium, onde humanos e seres sobrenaturais se entrelaçam, a Princesa Sherry, uma anjo destemida, desafia o destino. Ela abandonou seu castelo em busca de respostas sobre sua mãe desaparecida, cuja coroa mágica a guiou até a e...