CAPÍTULO 2 "DIAS DE UMA FUGITIVA"

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Desperto com o barulho dos pássaros no meu ouvido. Parece que consegui dormir mais do que imaginava.

Minha bolsa. É tudo o que posso me preocupar agora. Paro para verificar se todos os meus pertences ainda continuam lá.

Percebo que as roupas sim. Que alívio! Entretanto, procurando mais, vejo que as joias valiosas que me dei o trabalho de esconder, não se encontram lá.

Foram roubadas, e o pior de tudo, realmente pensei que meu sono leve me protegeria dos bandidos. Todavia, acho que ontem estava exausta demais para ver alguém se aproximar.

Agora a pergunta é: como sobreviverei?

Não posso voltar para casa, não após fazer aquela cena toda. Isso só daria razão para ele, o rei. Só lhe fortaleceria, e quando chegasse em casa, tudo continuaria normal.

Mas também não sei para onde ir, acho que na hora da raiva, me precipitei. Pensei que ele me procuraria nas ruas, me pediria perdão e as coisas realmente mudariam. Que boba!

Chega de se lamentar, o que está feito, está feito. Mas durante as minhas reflexões, não posso evitar que as lágrimas brotem nos meus olhos.

De repente, começo a chorar. A chorar como um criança desesperada pela mãe.

                              ⭐⭐⭐

Vejo uma mãe se aproximando de mim com o filho, eles estão passeando pela praça.

- Olha mãe, a menina chorando! - o menino diz agarrado na mão da mãe.

- Ela é uma mendiga, meu filho - explica a mãe - pessoas que moram nas ruas, nas praças, pessoas sem lar. Sinto muita dó delas, mas não chegue perto, não sabemos que doenças essa gente tem.

Odeio quando alguém me olha com pena, odeio mais ainda, quem finge de bonzinho atacando gradualmente. Pelo menos Franco é direto, ele não esconde quão ruim ele é.

- Não, não sou mendiga, senhora - explico tentando limpar as lágrimas - e também não possuo nenhuma doença; até onde eu saiba.

- Claro que não. Nenhum de vocês aqui é mendigo - ela sorri olhando para os outros mendigos na praça. A mulher se acha muito engraçada.

Não consigo parar as novas lágrimas. Aquela mulher me dá muito ódio.

Inesperadamente, o menino solta a mão da mãe e corre em minha direção.

- Moça, não chora! Tudo vai melhorar. Não é mesmo mamãe?

Desejaria ter a inocência de uma criança nesse momento.

A mãe não se aguenta e puxa o braço do filho. Ela me lembra muito meu pai por um momento. Esse filho tem algo em comum comigo: pais tóxicos.

Não achando suficiente, ela começa a fazer um espetáculo na praça, gritando tão alto que todos que passam por lá nos olha.

- Eu já disse para você ficar longe dessa gente, mas você não me ouve. Sabe lá que doenças essas pessoas têm? Espera só o que você ganhará em casa! - pelo seu olhar, vejo que não será coisa boa. Mas o que posso fazer por ele? Não sei nem o que será de mim mesma. Só posso sentir pena.

- Mãe, essa não é uma mendiga. É a princesa.

Por um segundo, meu coração se acelera. Como esse menino pôde ter percebido algo que nenhum adulto percebeu? Parece que acabou minha farsa.

Pensei que ninguém fosse me reconhecer com minha peruca amarela e óculos escuros, estava segura de que eu parecia outra pessoa. Agora me sinto mais boba ainda.

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