ASSIM, SUCESSIVAMENTE.

oito ou oitenta.

vou falar de amor,
mas não aquele amor pelo divino,
e sim, aquele por aquelas pessoas
que passam despercebidos,
ou nem tanto,
depende da decepção.

eu sou um homem solteiro,
de fato, livre, admito,
mas eu quero alguém pra chamar de minha,
pra me doar por inteiro,
rir, debochar, falar aos gritos
sem sentir vergonha de dizer,
eu te amo!

eu sou alguém que me entrego,
mas não me entrego pra qualquer uma,
eu quero sentir de verdade,
amar com aquela certeza,
não quero aquela lástima,
do desprezo dela voltar na metade,
e acabar com meus planos,
de novo, e de novo.

o que faço com aquilo que planejei pra gente?
eu me doei verdadeiramente,
te amei mais que intensamente,
mas fui rejeitado tão cruelmente...
nem me olhe mais no rosto.

por ti tanto sofri, quanto me apaixonei,
chorando aos prantos por dentro,
por fora, a vida seguindo sucessivamente,
ah, mas aquele pobre andrei,
que amava ao ponto de sentir tormentos,
no estômago, e aquelas borboletas
morriam como um assovio.

aquelas noites frias e quietas,
as cigarras cantando,
meu corpo entristecido,
minh'alma a luz de velas,
em luto por você,
por nós, pela paixão,
mas agora,
não me olhe mais no rosto,
nem de canto de olho,
nem de frente, nem de costas,
de jeito nenhum.

eu me entrego por inteiro,
sempre se aconteceu,
dificilmente me apaixono,
mas a paixão quando domina,
sempre dá errado,
escrevo num outono,
ano passado, aquela menina
nesta mesma época, me deixou a maus bocados,
desolado, assim dizendo,
como consequência, foi falsa
em relação a gente, a ela e a mim,
então, se pra ti foi "só mais um",
esse pobre otário,
foi realmente otario, novamente,
sempre isso acontece.

até perco as esperanças,
por mais que eu espere aquele amor recíproco,
que não mude como as estações,
mas o tempo é cruel, como elas são,
e isso me angustia.

então, nem pense em gostar de mim,
apenas se apaixone,
porque se não for pra me entregar,
eu nem vivo,
esse doloroso sentimento.