Cap. 4 - Dia Um

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Seonghwa já sabia quem era quando ouviu a campainha tocar.

Ele estava jogando videogame há algum tempo, esperando o almoço, nada além de frustração em sua mente. A atmosfera em sua casa estava pesada e desconfortável desde que o menino se formara no ensino médio. Constantemente consumido por seus pensamentos sobre a incerteza do futuro e a grande possibilidade de ser um fracasso para sua família, Seonghwa não conseguiu reunir coragem para prestar o vestibular daquele ano, e isso deixou seu pai puto. O homem sempre fora autoritário no que dizia respeito à disciplina e às conquistas de seu filho, e ao longo dos anos isso só acanou servindo para piorar os problemas de ansiedade de Seonghwa. Tais problemas geralmente culminavam em sérios episódios de insônia – além de pesadelos e ataques de pânico ocasionais – e ele estava atualmente no meio de um deles, mal dormindo nos últimos três dias.

O jogo foi pausado e o console deixado na cama enquanto Seonghwa se levantava para sair do quarto. Ele estava se sentindo cansado demais para descer correndo, mesmo que na verdade quisesse muito fazê-lo, já que sabia quem estava esperando lá fora.

Quando ele abriu a porta da frente, ele simplesmente não pôde evitar sorrir de orelha a orelha.

"Sem nenhum aviso prévio?" Seonghwa provocou de brincadeira.

"Privilégio de melhor amigo" Hongjoong cantou em resposta, mantendo o queixo erguido.

Seonghwa o convidou para entrar, rindo, antes de se concentrar em relaxar seus ombros e levá-lo até a cozinha para cumprimentar seus pais. Ao chegar, o mais velho respirou fundo, saboreando o cheiro incrível da comida de sua mãe.

"Ah, oi, Joong-ah!" A mãe de Seonghwa cantarolou, indo dar um grande abraço no amigo de seu filho.

"Oi, Sra. Park" o mais novo respondeu alegremente e depois olhou para a comida sendo preparada no fogão. "Uau, tá com um cheiro tão bom!"

Ela agradeceu com o sorriso mais doce imaginável e rapidamente voltou-se para a comida.

"Está tudo bem em casa?" Com os olhos ainda no forno, a mulher mais velha perguntou, com discreta preocupação em seu tom.

"Nenhum incidente em..." Ele pensou exageradamente, cantarolando e colocando o dedo indicador no queixo para o máximo efeito dramático antes de pegar o telefone e verificar a hora. "Duas horas e trinta e um minutos e contando, senhora!"

Ela assentiu e suspirou com um sorriso triste no rosto enquanto mexia o que quer que cheirasse tão bem na panela.

"Hongjoong poderia ficar pra almoçar?" Seonghwa perguntou, tentando mudar de assunto para que não demorasse o suficiente para que Hongjoong começasse a se sentir mal.

"Sim, claro, querido! Só vou demorar um pouco mais para terminar aqui, ok?"

"Obrigado, mãe. Não tem problema, vamos esperar lá em cima."

Aquela interação foi ótima, a atmosfera foi ótima... Mas não era com sua mãe que Seonghwa estava preocupado.

Do outro lado de onde eles estavam, o pai de Seonghwa estava sentado à mesa da cozinha, no meio de algo que o filho presumiu ser relacionado ao trabalho, enquanto o homem alternava entre ler e escrever coisas, intensamente concentrado e com uma grande carranca no rosto.

"Olá, Sr. Park" Hongjoong cumprimentou com cautela, sem mover um músculo de onde estava para não se aproximar.

"Olá, Hongjoong" o homem simplesmente respondeu sem se dar ao trabalho de tirar os olhos do que estava fazendo.

penumbra (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora