Cap. 10 - Abraço

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Hongjoong saiu do carro para o ar frio da noite e se virou para acenar para San pouco antes do vampiro mais velho começar a descer a rua.

Ele olhou para os próprios pés na neve espessa do chão e relembrou a conversa que haviam tido no carro, com o coração ainda doendo pela história que lhe havia sido contada. Ver alguém que você considera família perder a sanidade a ponto de se tornar um perigo para tudo e todos ao seu redor e ter que matá-la de uma forma tão cruel e horrível deve ser uma experiência terrivelmente dolorosa. Agora que ele estava sozinho para digerir melhor a informação, ele podia entender Wooyoung e San - especialmente de San - sendo tão protetores e a maneira como haviam se oferecido para ajudá-lo quando ele era basicamente um estranho para eles. Hongjoong ficara realmente triste pela garota que San havia mencionado. Só a ideia de sucumbir e regredir a um estado selvagem já fazia seu estômago revirar. Ele tinha pavor da mera possibilidade de isso acontecer.

A brisa gelada que girava e uivava em seu entorno pareceu tentar lembrá-lo de onde ele estava e onde deveria ir, e ele se virou para olhar para o prédio de Seonghwa. Um leve sorriso repuxou os cantos de seus lábios quando ele começou a caminhar em direção a ele. Ele riu de si mesmo. Não fazia nem um dia, mas realmente… Ele havia sentido falta de Seonghwa. Estava ansioso para chegar em casa, queria vê-lo, queria perguntar sobre seu turno no trabalho, queria mostrar como eles poderiam se abraçar sem desencadear a ansiedade de Hongjoong. E, ah, como Hongjoong precisava daquele abraço.

Quando ele digitou o código PIN e abriu a porta, seu rosto imediatamente suavizou-se ao ver a imagem à sua frente. As luzes estavam acesas e Seonghwa estava sentado no sofá e dormindo profundamente, a cabeça recaída no encosto e a boca ligeiramente aberta com a posição. Hongjoong deixou os sapatos e o casaco na porta e se aproximou, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho no processo, acomodando-se atrás do móvel e curvando-se para apoiar os cotovelos nele. Olhou um bom tempo para o rosto adormecido do loiro, incapaz de conter um sorriso carinhoso. Ele examinou desde a franja caída sobre sua testa, passando pelas sobrancelhas cheias e bem desenhadas até o nariz ligeiramente curvado e então se pegou encarando os lábios macios. Seonghwa de repente se moveu com um pequeno gemido, franzindo o rosto da maneira mais adorável.

Ah, Hongjoong estava tão acabado…

“Hwa” Hongjoong sussurrou, sem esperar que o outro realmente ouvisse e respondesse. O mais velho apenas ficou paradinho.

O moreno riu como uma criança que planejava uma travessura. Uma mão foi até mais perto e brincou com as pontas de seus cabelos loiros platinados, mas Seonghwa ainda não movia um músculo. Uma ideia lúdica passou por sua mente e ele se inclinou até ficar a poucos centímetros do rosto do amigo, mudando rapidamente de rumo e chegando ao seu objetivo principal.

Então ele soprou suavemente no ouvido de Seonghwa.

"Porra!" O mais velho gritou e pulou em reação, abrindo os olhos e se afastando de onde viera a sensação.

“Nossa, Hwa” Hongjoong riu, endireitando-se antes de contornar o sofá. “Ainda não são nem oito e meia! Eu não fiquei fora tanto tempo assim. Ver você dormindo tão cedo e no sofá ainda por cima faz eu me sentir culpado.”

Seonghwa estava gemendo e esfregando os olhos, ainda não totalmente acordado. Hongjoong sentou-se no sofá ao seu lado e chegou mais perto.

“Joong?” Ele murmurou, ainda confuso.

“'Joongie'” O mais novo corrigiu, fazendo beicinho. “Você pode ter vergonha de me chamar assim em público, mas só tem nós dois aqui. Sem desculpas.”

O mais velho o olhou irritado pelo espaço entre seus dedos e Hongjoong fez uma careta para provocá-lo ainda mais.

“Você na verdade demorou bastante”, resmungou Seonghwa. "Eu estava preocupado."

penumbra (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora