VI Ọrẹ kan

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— Você demorou.

Uma voz masculina e grave ecoou à sua esquerda, ficou admirado quando viu o homem de vestes azuis, bem... pelo menos aquela cor ele conhecia.

Sua expressão era séria, porém suave, não emanava a impaciência de Eros, era bonito, diferente, porém bonito. Enquanto Jeon admirava as características físicas, o deus ouvia seus pensamentos com clareza, sorriu, inclinou levemente a cabeça, leu com profundidade.

— Eu sou Oxóssi, estava à sua espera e é encantador conhecer um humano por aqui. Você também é muito bonito, filho — se curvou em uma leve reverência, tendo o gesto repetido pelo terráqueo.

— Eu sou Jeon Jungkook e…

Aquele homem parecia mais o Cupido que o próprio Cupido, afinal, é mesmo um homem, correto? Jeon se sentiu seguro no abrigo da energia do orixá, pensou em várias maneiras de contar como chegou até ali, abjurou o desejo primordial de ir para casa para salvar Park que diante das suas recentes memórias vivia uma experiência tão insana quanto a sua, com uma companhia menos agradável. Bobo, não tinha noção de como aqueles olhinhos sorrindo conquistariam o próprio Lúcifer.

O encanto místico, ecumênico e sincrético de Park Jimin.

— Eu sei quem você é e não sei se o Eros te contou, mas a gente ouve o que você pensa, então mantenha a calma, eu estou contigo. — Explicou serenamente.

— Ele não falou claramente, mas algumas coisas fazem mais sentido agora.

Oxóssi riu baixo e, exalando aquela tranquilidade, o convidou a sentar numa pedra onde trabalhava com galhos. Começou a mostrar como moldava a madeira com pedras e conseguia hastes retas, mostrou todos os tipos que dispunha ali e produzia com distinção e zelo aquele fuste. Seu tom era brando, amigável, pareciam amigos de longa data, os olhos de Jeon estavam atentos às explicações e a aula prendeu sua atenção.

— Depois, você inclina a haste nessa angulação e vai girando. Assim, ele forma uma ponta mais afiada. Tente — entregou a arte ao humano que replicou com maestria —  Ótimo, Jeon, você é um ótimo artesão, vamos adicionar isso à sua lista de talentos?

— Obrigado, mas continuo preocupado, como eu faço para ajudar o Jimin a sair daquele lugar? Você pode me ajudar, certo?

— Você acredita que eu posso? — Sem parar de trabalhar nas suas peças, respondia ao jovem.

— Olha onde eu estou e não sei ao certo como vir parar, nem como sair desse lugar. Se você disser que pode, então eu acredito em você.

Oxóssi sorriu satisfeito, entendeu que precisava apenas respeitar os limites da humanidade do homem à sua frente.

— Então eu posso te ajudar, vamos em frente.

— Então, é só isso? Sem grandes lições, frases de efeito ou conselhos que posso esquecer na manhã seguinte?

— Você é engraçado, jovem, nada disso comigo, você é inteligente e já compreendeu que tudo depende das suas jogadas.

Carinhosamente o orixá colocou a mão no ombro do humano e foram caminhando, Jeon se sentia protegido perto dele, a estranha experimentação de que mal nenhum o atingiria

— Essa é a parte em que eu aproveito o caminho e te conto algumas histórias e aí você vai dando passos a nossa caminhada, mas eu prefiro ser transparente contigo, logo adiante tem um campo mais aberto, vamos treinar um pouco. Hoje você aprenderá como se usa um ofá.

Continuaram o percurso em silêncio, quebrado três ou quatro vezes por perguntas de Jeon sobre a definição de seres que ele nunca viu:

Um animal similar a um dragão, uma planta que jorrava água; Um ser sem penas que voava e soltava farelos de brilho no ar e novamente aquele braquiossauro com a fadinha. Todos tinham um nome de batismo.

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