XII Equivalências

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Ares está para Eros porque o amor não pode ser solitário?

Afrodite pariu Fobos porque não existe amor sem medo?

Xochipilli era a etimologia do próprio amor simbolizado pelas flores?

Seria o amor, sentimento cru e genuíno, o próprio deus multifacetado?

— Bom dia, amor — Jungkook foi o primeiro a responder transmitindo uma naturalidade inexistente.

Um clima denso compôs a áurea do ambiente, como Jimin se sentia diante da movimentação das placas tectônicas e todas as suas movimentações que entre divergentes e convergentes o transformavam?

— Eu sonhei com a sua Alea, Ji.

Yoon quebrou o silêncio, dissipando a tensão. Park apenas sorriu com a possessividade do pronome e o quanto a frase exalava uma intimidade real de relações. Permaneceu parado na entrada do cômodo, de braços cruzados, esperando a história.

O mais velho contou com detalhes tudo que lembrava e o fato de verbalizar fazia a situação se tornar mais clara e real na própria mente, como uma explicação que só faz sentido quando verbalizada.

Foi através da narração que Jimin entendeu como foi parar na cama improvisada. Sentiu-se como uma criança que adormece na confiança e conforto do colo materno e magicamente desperta no próprio leito.

Porque se transportar numa memória infantil e afetiva diante da situação também era um ensinamento. Alea não dedilhava sobre notas inarticuladas, em toda vírgula habitava um sentido.

— Você não sonhou, ela realmente esteve aqui ontem à noite.

— E você não me chamou para conhecer uma deusa, Park Jimin? — Tae fingiu uma indignação plena, trazendo humor e leveza — Tomara que essa pontada que eu estou sentindo no meu peito seja uma falha no miocárdio e não uma decepção. Sua sorte é que meu gatinho vai me levar para almoçar fora. Então sofrerei mais tarde.

— Vou é?

— Vai. E já estamos atrasados.

Jimin permaneceu ali encostado na entrada da cozinha enquanto tudo acontecia. Jungkook apesar de concernir fisicamente o mesmo ambiente não absorveu nenhuma fala de tudo que estava sendo dito desde o primeiro cumprimento de Park.

Ouviu tudo, escutou nada.

Saberia desenhar com riqueza de detalhes cada expressão do menor, pecava na capacidade de leitura do olhar do outro, paradoxalmente, a preocupação extrema o fazia se sentir egoísta. A incerteza convivia paralelamente com a coragem deixada por Eros. Não importa o que aconteça, nessa vida eu não abro mão do meu par.

Se deu conta de que estavam a sós quando os olhos de Park estavam grudados nos dele e os deles grudados em tudo que poderia ser dito, mas não era rápido o suficiente para acompanhar a velocidade dos seus pensamentos.

— Como você se sente?

— Descansado, apesar de tudo. Alea me traz muita leveza, tomara que isso não custe um fardo para ela.

— Carregaria os seus e os dela se isso te fizesse sentir melhor — A hipérbole lida da sinceridade mais profunda.

Jimin entendeu a leitura das entrelinhas, mas se limitou a responder com a mesma maciez do início — Eu sei, sinto muito por tudo isso.

AleaOnde histórias criam vida. Descubra agora