O clima na câmara era tão espesso que Beth achou que podia cortá-lo com uma faca.
No centro, em um caixão de vidro, repousava o corpo do pokémon. Ao seu lado, Jasmine olhava para o falecido, parecendo segurar lágrimas que ameaçavam desabar a qualquer momento.
Seu rosto já estava vermelho de tanto chorar. Seus cabelos castanhos possuíam um aspecto desgastado, estavam bagunçados. Acreditou que, desde que Amphy morrera, a líder de ginásio não tinha tempo para cuidar de sua aparência, já que dedicava a maior parte do seu dia encarando o nada, perdida em pensamentos.
Beth segurou o sino com as duas mãos. Era pesado. Em seguida, balançou o artefato.
O instrumento emitia um som espectral, as notas eram delicadas e passavam uma sensação melancólica. As notas etéreas ecoavam, tocando no coração daqueles que escutavam. Além de Beth e Jasmine, Souto e Joy assistiam ao canto da sala, com grandes expectativas sobre o que estava prestes a ocorrer.
De repente, uma névoa começou a se formar, inundando o recinto. Era gélida. Ao sentir a névoa tocar a sua pele, um calafrio porcorreu o corpo de Beth.
Aquele mesma sensação que sentiu ao ser atacada em Ecruteak, como se algo desconhecido estivesse espreitando. Incompreensível aos preceitos humanos.
Uma silhueta começou a ser desenhada. Aos poucos a imagem estava se tornando mais nítida.
Era um pokémon amarelo, com listras pretas em formato de cone ao redor do pescoço, orelhas e cauda. Sua barriga era branca. Havia uma orbe vermelha em sua testa e outra na ponta de sua cauda.
Os olhos de Jasmine se arregalaram, como se estivesse avistando um fantasma. E de certa forma estava.
Sua boca permaneceu boquiaberta por alguns minutos, sem emitir qualquer som.
“Não pode ser… Amphy!?”, exclamou ela, quebrando o silêncio que se instaurou. Cobriu a boca com as duas mãos.
“Amphy”, respondeu o pokémon.
Jasmine tentou abraçar o pokémon, porém, seus braços apenas atravessaram o vazio, sem tocar em nada concreto.
“Eu sinto tanto a sua falta, você nem imagina. Às vezes acordo no meio da noite e acabo abrindo um pacote de berries adocicadas. Coloco elas em seu comedouro, até o momento em que lembro… Você partiu para sempre.”
“É claro que a possibilidade estava lá. Cada vez em que você adoecia eu fingia não ver, mas a sua saúde estava deteriorando-se cada vez mais… Eu dizia para mim mesma: enquanto eu fingir que está tudo bem, nada de ruim vai acontecer. Agora vejo que isso foi um erro. Talvez, se eu tivesse me preparado, a sua morte não teria sido tão impactante quanto foi para mim. No momento me sinto arrasada, mal tenho forças para permanecer em pé, as cores desapareceram da minha visão, restando apenas um mundo preto e branco, vazio e solitário. E esse sentimento é insuportável.”
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Pokémon Copper - Vol. 1
Fanfic"Eu com certeza vou ser uma treinadora Pokémon", sussurrou para si mesma. Beth por toda a sua vida sonhara em se tornar uma treinadora pokémon e seguir os passos de seu maior ídolo, Gold. Fadada a levar um vida como uma pescadora de Magikarps na cid...