Capítulo 35

49 4 121
                                    

    A noite agonizante partiu de maneira lenta e dolorosa, como se de alguma forma quisesse estender propositalmente o sofrimento de alguém que se encontrava á beira de um colapso

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


    A noite agonizante partiu de maneira lenta e dolorosa, como se de alguma forma quisesse estender propositalmente o sofrimento de alguém que se encontrava á beira de um colapso. O véu escuro foi dissipado assim que seu tempo de exibição se encerrou, sendo sobreposto por um tecido alaranjado que o nascer do sol proporcionava.

    Noah parou para admirar o céu que levaria seu sofrimento embora de dentro do veículo no qual passara as últimas duas horas, exatamente a alguns metros da residência Stoll. Seus olhos pareciam ser espremidos por alguma força invisível todas as vezes em que suas pálpebras se moviam. Ainda não sabia ao certo como havia chegado ali, no entanto, tinha absoluta certeza de que suas ações não estavam mais em seu próprio controle.

    Bateu a cabeça no volante enquanto seus dedos o espremiam.

    "A sua mãe não é quem você pensa Noah, ela é a culpada de tudo"

    Seus pensamentos se misturavam, como se um tornado estivesse ganhando vida em sua mente deturpada. A voz de seu pai e suas respectivas palavras se fundiam com as de Sky, que saíram do aparelho eletrônico, o deixando com a mente fervilhando. Inúmeras possibilidades de atos nos quais ele poderia cometer chicoteavam seus pensamentos. Sua garganta se encontrava tão seca a ponto de seus lábios exibirem leves rachaduras recém criadas, enquanto seus olhos possuiam um leve tom escuro, olheiras causadas por noites mal dormidas. Então, o tremor iniciou, o fazendo inspirar na tentativa de controlá-lo.

    — Mas que merda... —  sussurou enquanto suas mãos deslizavam por seus cabelos agora desgrenhados — Eu preciso ficar limpo, eu tenho que ficar limpo... — Então inspirou novamente e expirou pesadamente. Era dificil tentar ficar são em meio a toda aquela ruína física e emocional, mas jurou para sí mesmo que jamais voltaria a recorrer a nenhuma substância química outra vez.

    O celular começou a tocar, o que deixou Noah com vontade de atirá-lo para fora do carro, até perceber que era Nathan Rope. Não, ele nao podia atender. Assim que apertou a tecla vermelha, a barra de notificações se revelou repleta de chamadas perdidas, tanto de Anya quanto de Nate. Desligou a tela do aparelho antes que se afundasse ainda mais na ansiedade. Ele levantou o olhar, bem a tempo de ver Douglas Stoll sair de sua residência, trajando um tênis de corrida e roupas esportivas.

    O motor do carro fez um barulho quase surdo, antes do detetive conduzir o veículo bem devagar, até alcançar o rapaz que corria de maneira suave. Quando o olhar dos dois se cruzou, rapidamente Douglas fez menção de aumentar a velocidade, o que era inútil. Suspirando um pouco impaciente, Noah o alcançou mais uma vez, o fazendo diminuir a velocidade assim que viu o cano de um silenciador ganhar vida em seu campo de visão que alternava entre o veículo e seu próprio trajeto.

    — Eu juro que se eu te matar agora, ninguém nesse bairro de merda vai ouvir. — O detetive curvou um pouco a cabeça para olhar melhor para Douglas. — Acredite, eu não quero atirar em você, mas se não parar de correr agora eu não vou hesitar, e se tentar fugir eu quebro todos os seus ossos com o peso desse carro. — Concluiu, vez ou outra observando a vasta rua silenciosa.

Meu Reflexo Na Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora