Capítulo 33

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O som estava alto tocando August, canção da Taylor Swift, e eu cantava a plenos pulmões porque adorava as músicas dela, mas só ouvia quando estava sozinha. Meu fascínio com o terraço do apartamento do Fernando era tão grande quanto no dia em que subi a primeira vez para reclamar do som alto. Era maravilhoso como um pequeno pedaço do paraíso, a água morna da piscina relaxava meu corpo e, depois que eu entrava nela, minha vontade era ficar o dia todo. Claro que quando Fernando estava comigo era muito melhor, fato. O prazer era tanto que eu tinha criado uma predileção por transar na piscina.

Meus dedos ficaram enrugados, então saí da água. Desliguei o som e fui tomar um banho no chuveiro chique do quarto do meu namorado. Enquanto lavava o cabelo, fiquei pensando no quanto tinha sido maluca em aceitar o pedido de casamento pela manhã. Abri um sorriso ao lembrar da cena.

Eu disse sim.

Ele me colocou sentada na bancada da cozinha e me beijou daquele jeito que me deixava tonta. Eu me perdi em gemidos sôfregos enquanto ele reverenciava cada pedacinho do meu corpo com aquela boca deliciosa e as mãos habilidosas. Sua boca na minha pele, o calor de seus dedos fortes que me deixava louca sentindo que estava prestes a morrer.

Foi tão perfeito que meu corpo esquentou só com a lembrança, meu coração estava batendo de uma forma estranhamente feliz. Com um sorriso bobo terminei o banho, vesti um roupão, peguei Nando no colo e fui para o meu apartamento para me vestir. Mal entrei e o interfone tocou.

— Oi.

— Suellen? Tem um rapaz chamado Yuri aqui na portaria, ele disse que precisa falar com você, é urgente, assunto do seu interesse.

Franzi o cenho, intrigada. Deveria dizer que não era para ele subir, mas a curiosidade falou mais alto.

— Pede para ele subir, por favor, e se demorar chame a polícia. Avise a ele que eu disse isso.

É melhor não deixar o moço subir se for um risco.

— Não, ele não faz mal a uma formiga, deixe-o subir.

Corri para o quarto e vesti uma calça de moletom rosa e uma regata no mesmo tom. Estava voltando para a sala quando a campainha tocou.

— Não sei se estou mais curiosa para saber o que está fazendo aqui, ou como descobriu onde moro? — falei enquanto abria a porta.

— Oi, para você também, Sue — respondeu com um toque de ironia.

Só quando ele passou pela porta que vi que seu amigo Leo estava junto.

— Oi, Sue.

Leo entrou em seguida, parecia nervoso. Estava começando a me preocupar com essa visita inesperada.

— Yuri, vai responder a minha pergunta, ou devo ligar chamando o segurança do prédio?

Ele sentou no sofá e cruzou as pernas olhando ao redor. Eu morava em um flat bem simples quando namoramos, era uma mudança e tanto para este apartamento.

— Não foi difícil conseguir seu endereço, trabalho no mesmo hospital que você.

— E a que devo a honra da sua ilustre visita?

Sentei-me na poltrona que ficava de frente.

— Leo precisava falar com você, vamos lá, Leo, Sue não gosta de enrolação.

O rapaz se ajeitou no sofá visivelmente incomodado. Ele olhava para todo lado, menos para mim, parecia estar criando coragem para falar.

— Ontem, quando vi você no restaurante, eu reconheci os dois homens que estavam com você na mesa.

— Meu pai e o Fernando?

— Isso, eu... trabalhava no clube onde os dois frequentam, eles jogam beach tennis, geralmente vão para o restaurante para beber e conversar antes do almoço. Sou bom fisionomista, então me lembrei da conversa que ouvi há algum tempo enquanto servia os dois. O cara que presumo que seja seu pai, o que é um pouco mais velho do que o seu namorado... bem, eu estava trabalhando como garçom no domingo... porra, nem sei como falar um troço desse pra você.

— Dá para perceber pela confusão de sua narrativa.

Ele se levantou nervoso, depois sentou novamente. Yuri tomou a palavra.

— Doutor Saulo estava falando para o seu namorado que passaria tudo que tinha para o nome dele se ele se casasse com você. Era isso, seu pai praticamente está dando um dote bem generoso para o Dr. Fernando...

— Que porra é essa? Tá de brincadeira comigo?

— Não, Sue. Eu falei ontem para o Yuri quando cheguei em casa do jantar, ele achou que deveria contar para você, já eu não tinha certeza. Não sabia que o tal Dr. Saulo era seu pai. Tirei uma foto de vocês e mostrei para o Yuri. Desculpe.

Levantei de uma vez esfregando as mãos nervosamente no tecido da calça. Era um sonho, eu precisava acordar ou iria desmaiar a qualquer momento.

— Isso é tudo? Então vocês podem ir. — Caminhei até a porta e abri com brusquidão.

Yuri levantou calmamente, Leo já estava do lado de fora da porta todo nervoso.

— Sinto muito, Sue — Yuri falou com voz macia.

— Sente porra nenhuma. Está na sua cara a felicidade em partir meu coração, duas vezes. Agora, saia da minha casa e vá para o quinto dos infernos.

Eu estava a ponto de explodir, meu coração batia depressa, minhas mãos estavam suadas, meus olhos queimando de vontade de chorar, mas eu me recusava a fazer isso na frente do Yuri.

— Você ainda tem meu número, se precisar de um ombro amigo me ligue.

— Nem se fosse a última pessoa da Terra faria isso.

Bati a porta na cara dele, me encostei nela e deixei meu corpo escorregar até o chão desejando que ele se abrisse e eu pudesse desaparecer nele.

Eu deveria saber que estava tudo indo bem demais para ser verdade. 

Quebrando promessas? - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora