Capítulo 7| Missa sagrada.

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12 de fevereiro| Domingo

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12 de fevereiro| Domingo. 

8:50

Um pequeno arrepio me fez levantar da cama mais cedo do que o normal. Uma sensação de angústia tomava meu peito, o pressionando para dentro. 

A cabeça pesada, como se tivesse um tambor batendo dentro dela. A luz que entra pela janela parece insuportável, e até o menor ruído faz meu estômago revirar. Sinto a boca seca, um gosto amargo que não sai, e a náusea me acompanha a cada movimento. 

Levantar da cama é um desafio; meu corpo parece grudado ao colchão, pesado e cansado. Cada passo é um lembrete dos excessos da noite anterior, e uma onda de arrependimento me invade. 

Quero água, mas até pensar nisso me faz sentir mais enjoada. É uma mistura de fadiga profunda e uma vontade desesperada de que tudo isso acabe logo.

Levei as mãos a nuca, descabelando-me por inteiro. Minhas pernas estavam dormentes, formigando e quentes como um vulcão. 

Levantei meu olhar  em um canto escuro, um vestido azul repousava em um cabide, chamando minha atenção. 

Droga! Era dia de missa. 

Meu pai insistia em manter os velhos costumes de minha falecida mãe. Uma mulher devota, temente a Deus e que amava seu magistério. A santa igreja católica de Orleans ficava perto do centro. 

Eu amava ir junto com eles, aos domingos tomávamos sorvete após a missa. 

Nesse domingo, meu pai vai apresentar a gravidez precoce de Débora ao padre, que consequentemente irá nos fazer rezar pelo seu filho.

 Que vergonha alheia...

- Jessica, já acordou? - bateu á porta. - Deixei algo para você, espero que goste. 

Peguei o vestido, jogando-o na cama. 

Tirei minha camiseta, em seguida do sutiã. Senti algo estranho enquanto o fazia, como se alguém estivesse me observando de longe, mas também de perto. Virei-me para a janela, investigando meus vizinhos. 

Em uma casa de madeira, uma pessoa se afastava da janela, de frente para meu quarto. 

Eu sabia! Um pervertido! 

Enfiei-me rapidamente no vestido rodado. Droga...

...

Três horas e meia sentada, olhando para uma estaca de madeira. Não havia nada de especial naquele domingo, mas uma sensação estranha subia sobre meu corpo, revirando meu estômago. 

Era a sensação ruim do que estava por vir... 

Não sei o motivo de não ter gostado tanto da ideia de ter um irmão, talvez pelo fato de ser filho da Débora.

 Desapontada, acredito eu. Não me via em nenhuma circunstâncias sendo uma "irmã mais velha". Talvez por acreditar que a minha vida já esteja ruim o suficiente para piorar.

 O que há de errado comigo? É uma vida que está em jogo, e por pior que isso pareça, ele ou ela é meu irmão. 

Rodei o salão com os olhos, tomando para mim seu rosto sem expressão alguma , aquela expressão de alguém morto por dentro.

 Salvatore se sentava na primeira fileira da minha esquerda, juntamente com um homem com o mesmo semblante abatido e cabisbaixo ao seu lado. Fazia tempo desde nossa última conversa construtiva e repleta de sentimentos vividos e vazios. 

O odiava não por ter roubado algo, mas sim por ser amigo do meu pai. 

Algo me dizia que aquele homem seria um suspeito, o que tanto procurei, um mistério a ser desvendado. Não poderia esquecer seus olhos verdes me olhando de forma sarcástica e sem nem um pingo de respeito. Um cretino com sobrenome de rico.

 Um pé no meu saco, a pedra no meu sapato, a peste negra lançada sobre mim. 

Não se passava nada sobre sua mente. 

Provavelmente não houvesse me notado, ou sequer tinha olhado ao seu redor. Não tinha passado tempo o suficiente para descobrir o tipo de pessoa que ele é, mas com convicta certeza ele era um cretino. 

Parei de pensar sobre isso quando meu pai tocou meu ombro, alarmando minha intuição. Era o fatídico momento. 

Porra! 

Tomou a mão de Débora como um casal que se amavam verdadeiramente. Pude ver seus semblantes, com sorrisos pavorosos de tanto forçar as bochechas contra a gravidade, que aquela era apenas mais uma de suas encenações. 

Claramente todos percebiam seus esforços em manter tamanha felicidade. Eu no entanto, me divertia pra cacete com tanta falta de vergonha. 

- Hoje temos, neste ilustre domingo, o nosso amado casal. Senhor Raelle e senhora Glower. 

Sorria, enquanto tentava segurar as mãos de Débora. 

Sempre me perguntei o motivo dela manter o sobrenome de solteira. Glower não era um nome tão atraente, e qualquer mulher em sua posição cederia aos encantos de se tornar um Raelle. 

Ou era apenas o que pensava. 

- Eu abençoo vocês, que por seu amor genuíno, se tornaram um só. 

Nunca prestei muita atenção nas apresentações de gravidez na igreja. Não tenho a mínima ideia do que ele está fazendo. 

- Amém. - sussurrei após suas longas palavras de "prevenção a gravidez ". 

- Amém. - uma voz se esgueirou por entre meus ombros. - Não sabia que a senhorita tentação era devota. - gracejou. 

Contive-me calada, no entanto, almeja dizer algo tão petulante quanto sua voz irritante. 

- O que será que seus entes queridos vão pensar de você...se souberem...

- Calado! - o repreendi em sussurros desesperados. - Você não vai contar nada a ninguém, entendeu? 

Senti um sorriso se formar em seus lábios, pintando meu rosto de rubro. 

- Por que tem tanta vergonha? Foi apenas uma bebida, nada demais. 

Queria o responder, mas via que minha hora chegará. Virei levemente meu rosto, tendo um deslumbre de seus olhos verdes. 

- Se você abrir a boca, eu acabo com você.

Minhas palavras foram, de fato, secas. Minha raiva subiu a mente, me fazendo dizer tal ameaça. 

Mas por algum motivo, não queria sua morte.

Não de verdade.

◦◦◦

Oi pessoal. 

Peguei uma gripe desde o meu aniversário, e fiquei com bloqueio de escrita.

Tô bem agora, graças a deus. 



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