Capítulo 10| Poeira.

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24 de fevereiro | quinta-feira

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24 de fevereiro | quinta-feira. 

Estava atrasada cerca de 14 minutos. 

Débora insistiu que fossemos a uma convenção de automobilismo. Meu pai é um viciado em pôquer, seu esporte favorito é a caça. Mas por algum motivo em específico, também queria que o acompanhasse nesse passeio. 

Nunca pensei que fosse ter contato com esse tipo de coisa. Ele odeia quando corro com minha moto, por que diabos ele quer ver carros correndo? 

O opala 71 marrom nos esperava do lado de fora dos portões da mansão. Eu nem sequer tinha escovado o cabelo. Corri escada abaixo, com um sapato nem um pouco favorável. 

- Você não tinha uma roupa melhor? - questionou com as mãos no quadril. - Não estamos indo a uma festa. 

- Eu tenho uma muda de roupa lá. Não se preocupe. - abaixou os óculos olhando para mim. - Você está linda, Jess. 

...

Sempre me disseram que minha falta de personalidade seria um problema no futuro. Esse futuro nunca esteve tão próximo. Tantas pessoas com seus assuntos importantes, conversando sobre coisas que jamais imaginaria escutar. Nunca vivi nada daquilo, e todos , em maioria, tinham minha idade. 

Porra de vida inútil. 

Minhas experiências perto das demais parecem migalhas. Talvez estivesse me cobrando demais, ou não tenho vivido o suficiente. Deveria aumentar minhas experiências, mentir talvez? Mas não seria o suficiente. 

- Leary Potter, essa é minha filha, Jessica. - empurrou minhas costas até um homem com um bigode engraçado e óculos redondos. 

Ele parecia tranquilo, além de ter cheiro de charuto. Um homem de 20 poucos anos, e no auge de sua riqueza. Estava usando uma roupa de corrida, com o emblema da Suécia no seu peito direito. 

- É um prazer conhecer você, minha jovem. - apertou minha mão com força. - Você é belíssima, como me disseram. 

- O-obrigada. - tentei fingir naturalidade após receber o maior e mais forte aperto da vida. 

- Sabe, Jess, a vida de um empresário de sucesso não é tão simples. - puxou-me para longe de meu pai, dando passadas longas. 

Tentei acompanhá-lo, e nem percebi alguém se aproximar. 

- Você parece bem relaxado para um homem ocupado. - agarrou seu pescoço. - Quem é essa jovem interessante ao seu lado, Potter? 

- Jessica, essa é minha adorável irmã, Nathaly. 

Seus cabelos loiros, dourados como o sol. Seu sorriso encantador e cativante. Pareciam ser boas pessoas. 

- Jessica Raelle Black, certo? - sorriu entusiasmada. - Seu pai costuma doar uma quantidade imensurável de dinheiro em nossa arrecadação para fins lucrativos. 

- Fico feliz...- tentei esconder minha surpresa. - Vocês vão correr? 

- Eu particularmente gosto de ir nas partidas de pôquer do meu irmão. - olhou para mim, parecia um cachorro contente. - Foi lá que conheci seu pai. Um homem admirável. 

Olhei para Potter, que se desconcertou quando tocou no assunto. Parecia que acabara de dizer algo indecente, ou algo que não era para contar. 

- Você joga pôquer desde quando? - tentei puxar assunto. 

- Ele não, nosso irmão adotivo. James - continuo sorrindo. - Ele é incrível, você vai adorar. Tão amável e agradável...

Um barulho alto de motor veio da pista a nossa frente. As árvores se esgueiravam com o vento forte, e o sol escaldante queimava as rodas do carro esportivo que vinha a toda velocidade em nossa direção. 

Nathaly parecia descontente. Como se alguém indesejado tivesse chegado ao local. Leary ainda encarava o chão, pensando em algo ou alguém. 

- Vamos embora. - puxou meu antebraço. 

- Por que? O que houve? 

- Tarde demais...- murmurou. - Ele já nos viu. 

Olhei por cima do ombro dela. Um homem alto saiu de dentro do automóvel, com um capacete e um conjunto preto. O carro espelhado na cor Marsala escuro, repleto de adesivos e o nome na placa "Tk666". 

- Já vai tão cedo, Nathaly? - parou em nossa frente. 

Senti que conhecia aquela voz grave e rouca, mas não dei importância a esse sentimento. Nathaly soltou meu braço, e o olhou com o mais profundo ódio. Seus olhos estavam vermelhos, e seu rosto rubro como uma maçã. Leary apenas os observava com os punhos fechados. 

- O que faz aqui? Esse é um evento particular. - seu tom de voz sério me arrepiou. 

- Nathaly...- levou as mãos ao capacete, tirando-o. 

Aqueles olhos, castanhos e levemente puxados, eu conheço ele? 

- Thomas, se for para arranjar briga, melhor ir embora. 

- Nathaly, podemos conversar...em particular? - arrebitou a sobrancelha. 

O clima parecia tenso, então recuei alguns centímetros. Eles pareciam próximos, provavelmente ex namorados. Talvez primos. Temia por dentro que fossem amores mal resolvidos. Mas por que sentia isso? Eu mal o conheço. 

- Eu vou...ehh- sai sem jeito. 

Girei os calcanhares, andando de forma ligeira. Caminhei em direção a Débora, que parecia perplexa e abalada. 

...

Gente, gripei de novo 🥲🥲

Meu namorado está mal, além do meu cachorro está menstruando kkkkk

Desculpa a demora. 🥹



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