Capítulo nove

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Maven Dawson

Acordei com uma puta dor de cabeça sem nem saber onde estava.

Olhei ao redor e vi que eu estava num quarto, deitado em uma cama completamente bagunçada com um... Garoto?!

Mas que porra aconteceu?

Levantei apressadamente da cama e procurei pela minha blusa e calça enquanto ia ao banheiro, que por sinal estava mais bagunçado do que o quarto. Olhei no espelho e agradeci aos céus por não haver nada de errado comigo, tirando a amnésia.

Passei uma água no rosto enquanto tentava me lembrar do que aconteceu na noite passada. Quando levantei o rosto, minha não foi ao meu peito quando vi outro reflexo no espelho.

Assim que eu o vi dei um grito e ele parou de coçar os olhos ao também se assustar.

- O que diabos?! - ele indagou.

Respirei fundo e sequei meu rosto com a blusa, levando mais um susto quando abaixei a blusa e o vi parado bem na minha frente.

- Puta merda! - me afastei.

- Acho que eu te conheço... Qual o seu nome?

Ele estava preocupado com isso? Eu pouco me importava com o nome dele, só queria encontrar Will e perguntar que tipo de droga ele me deu depois de dar um soco na cara dele.

Saí do banheiro e fui até a porta preta do quarto, mas quando tentei abrir ela não abriu. Estava trancada.

Ótimo, que maravilha.

- Ei. - Chamei ele. - Se lembra do que aconteceu?

- Puts... Eu não faço ideia. - Deu um bocejo e deitou na cama novamente.

Ele claramente ainda estava chapado, não adiantava nada perguntar algo para ele. 

Tento forçar minha mente a se lembrar do que aconteceu, mas isso só piora a dor de cabeça. Tudo que lembro são flashes da noite passada, nada que pudesse me ajudar no momento. Talvez pudesse ter algo de útil no meu celular, o problema é que eu não faço a menor ideia de onde pode estar.

Olhei ao redor e, debaixo da cama, vi ele. Estava descarregado, o que não ajudava muito a situação.

Voltei para a porta e comecei a bater nela para ver se alguém escutava e, para meu alívio, alguém abriu.

Eu não sei se ficava surpreso, perplexo ou curioso quando vi que quem abriu a porta era um senhor. Sim, um senhor, um velho com cabelos brancos, altura baixa e barriga grande.

Suas rugas tornaram-se mais notáveis quando aquele cara apareceu atrás de mim...sem blusa.

- Essa geração me surpreende cada vez mais, mas vocês formam um casal fofo. - Comenta enquanto seus lábios se curvam para um sorriso sapeca.

Eu realmente precisava dar um soco no Will.

- Não somos um casal, nem sei quem é ele. - Expliquei. - Enfim, por acaso o senhor sabe o que aconteceu ontem?

- Eu me lembro de um rapaz me convidando para cá, ele estava meio estranho e doido, mas o pessoal insistiu tanto que acabei vindo para a festa. Foi até divertido, fazia muito tempo que eu não ia em festas. - Riu.

Eu imagino que devem ser muitos anos pela aparência dele. Talvez eu fique assim quando envelhecer, um velho - bonito, claro - que vai em festas curtir o fim da vida.

- Se lembra de quem o convidou? 

- Ah, sim, foi o Will, eu moro aqui do lado, sabe? Eu já ia reclamar do barulho, mas eles me puxaram para dentro e pediram para eu ficar.

Meu Deus... Aquilo parece ser algo que Will faria, sem dúvidas. 

- E vocês? A noite foi boa, rapazes? - seu olhar se tornou malicioso.

A noite foi tão boa que eu não faço ideia do que aconteceu, eu posso ter transado com um homem e mal me lembro disso. O pensamento me faz estremecer, mas, diferente de mim, o homem com quem eu posso ou não ter dormido começou a rir. A risada era arrastada, como se nem ele soubesse do que exatamente estava rindo, mas nada impediu o senhor de rir com malícia também.

Revirei os olhos e passei as mãos pelo rosto.

- Qual é o seu nome? - perguntei calmamente a ele, tentando não perder a paciência.

Ele estava chapado, muito chapado, extremamente chapado; ele simplesmente riu da minha pergunta.

- Acho que ele não pode te ajudar. - O velho riu. - Vamos, deixe-o aí, provavelmente vai voltar a dormir.

Saímos do quarto e eu pude ver que a zona não era apenas lá dentro. Havia roupas, confetes, copos, papeis, latas de cerveja, um tênis, e, infelizmente, uma camisinha usada, o que fez meu estômago revirar, porém não vi nenhuma pessoa.

- Onde está todo mundo? - apesar de não lembrar de quase nada, lembro do tanto de gente que tinha aqui quando cheguei.

Ele apenas sorriu e apontou para o fundo da casa, onde ficava a piscina e a área de churrasco.

Meu queixo caiu quando vi pessoas dormindo no chão e em algumas cadeiras, tinha até um cara dormindo num colchão na piscina, porém minha boca se fechou assim que lembrei que quem deu a festa foi o Will.

Eu já deveria ter imaginado isso.

- Eu resolvi ficar e vigiá-los, mas já que está tudo bem vou embora. - Ele foi até a porta principal.

Suspirei frustrado por não saber o que aconteceu.

Minha moto provavelmente estaria lá fora, então saí junto com o senhor para ir embora daqui.

- Sua ressaca vai passar, vê se descansa por hoje. - Andou de volta para sua própria casa.

- Só mais uma coisa - Gritei. Quando ele se virou, continuei - Sabe onde o Will está? Eu não o vi e nem me lembro de algo que possa ajudar, sabe? É o que acontece quando se usa narcóticos e álcool, na verdade, fico até feliz que eu tenha esquecido, até porque era isso que eu precisava quando vim para cá, mas preciso ter uma conversinha com o Will.

Ele sorriu.

- Acho que ele já sabia disso e fugiu. - Voltou a andar para sua casa.

É claro que ele fez isso.

Subi na moto e dirigi até minha casa, onde eu poderia colocar meu celular para carregar, ligar para o Will, encontrar ele e, talvez, socar a cara dele por conseguir me deixar maluco.

Geralmente, não uso muitas drogas, não quanto pensam que eu uso. Porém, a minha estadia na cadeia me fez querer usar drogas. É impressionante ver que, algo que deveria me impedir, conseguiu me fazer querer mais. E não, isso não foi sobre cadeia.








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