Capítulo 1

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ANAHÍ

Dezesseis anos de idade

Quique. Quique. Quique.

Giro e encontro Alfonso Herrera quicando uma bola de basquete atrás de mim. Quando ergo uma sobrancelha para ele, numa silenciosa indicação para que parasse, ele ergue a própria sobrancelha e continua quicando a bola.

Quique. Quique. Quique.

— Você poderia, por favor, parar com isso? — pergunto, a falsa meiguice escorrendo pela minha voz.— É irritante. — Avanço alguns passos sobre a linha, e Alfonso ri, fazendo questão de quicar a bola com ainda mais força.

Quique. Quique. Qui... plaft!

Dou um tapa na bola, arrancando-a da mão dele. Ela acerta o chão e rola para longe. Alfonso a acompanha com o olhar. Em seguida, seus olhos verdes encontram os meus, e um sorrisinho se espalha pelos seus lábios arrogantes.

— Anahí! — Melissa, minha melhor amiga, grita. Por um breve momento, seu olhar esquadrinhador dispara entre mim e Alfonso. — O que vão querer comer?

Quando aperto o passo para fazer o pedido, um braço se atira ao redor dos meus ombros, e Rick Bennet, meu namorado há sete meses, beija minha bochecha.

— A gente quer um número dois e uma Coca grande — ele diz para a atendente, nem se importando em perguntar o que eu quero. Ele faz esse tipo merda o tempo todo, e isso me irrita pra caramba. Tirando a carteira d bolso traseiro, Rick entrega uma nota de dez a ela.

— Quero um McFlurry de Oreo — eu resmungo, mas Rick me ignora, afastando-se para se entreter com o celular. Não estamos no ano de 1800. Tenho desejos e o direito de me pronunciar. Ainda mais quando se trata da delícia que é o McFlurry de Oreo: sorvete de baunilha misturado com Oreo triturado. Humm... tão simples, mas tão bom. Considero voltar para a fila e pedir o sorvete, mas, quando olho para trás, vejo umas quinze pessoas na fila.

Assim que chamam a nossa senha, Rick pega a bandeja e nos sentamos em uma das mesas grandes, onde um punhado dos nossos amigos já se acomodou.

— Vão jogar uma partida depois? — Melissa pergunta a Rick, enquanto ela apoia a bandeja na mesa ao lado. Me abstenho de revirar os olhos quando ouço a pergunta. Ela já sabe que eles vão jogar, como todo domingo. Durante a temporada do basquete, jogam basquete. Durante a de beisebol, jogam beisebol. Já que a temporada de basquete acabou faz pouco tempo, e a de beisebol está prestes a começar, jogarão beisebol. É como se a Melissa estivesse procurando uma desculpa para falar com ele. Às vezes, eu tinha sérias dúvidas da lealdade de sua amizade. Eu a via passar dos limites com todos ao nosso redor, então me pergunto se algum dia ela me desrespeitaria. Gostaria de pensar que não, mas uma pequena parte de mim ainda questiona se Melissa sequer sabe o que lealdade significa.

— Sim, temos que nos preparar para a próxima temporada — Rick responde, enfiando um punhado de batata frita na boca. — Os treinos começam essa semana.

Estico a mão para pegar a bebida que eu e ele estamos dividindo, mas acidentalmente derrubo o copo. O líquido escuro escorre pela mesa, e todos levantam os celulares quando pulam para longe, fugindo do refrigerante.

Sem perder tempo, ergo o copo.

— Desculpa... Desculpa! — peço a todos, procurando guardanapos.

— Jesus, Anahí! Parece uma criança — Rick ralha, jogando alguns guardanapos para mim. — De aniversário, vou te dar um daqueles copinhos com tampa que não derrama.

Todos na mesa riem da piada, enquanto eu limpo a sujeira. Não é a primeira vez que o meu namorado faz um comentário desses. Rick sabe que sou propensa a causar acidentes desde quando me conheceu, e isso o deixa louco, mas não quer dizer que eu derrube ou derrame tudo de propósito. Essas coisas simplesmente acontecem... e muito.

Consequences - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora