Capítulo 17

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ALFONSO

Ficar com Anahí superou qualquer expectativa, sonho ou fantasia que tive ao longo dos anos.

Assim que os nossos olhares se encontraram no restaurante, foi como se existisse apenas a gente lá. Quando chegamos à casa dela e nossos corpos se entrelaçaram, foi como se o tempo tivesse feito uma pausa para nós.

Mas, assim que tudo acabou, eu soube que aquele mundo apenas nosso tinha sido uma fantasia. E, para ajudar a reiterar o fato de que era tudo uma ilusão, vi sobre a cômoda uma foto dela com a família. A moldura era rosa brilhante, com as palavras "Feliz Dia das Mães!" escritas na parte de cima. Vejo um punhado de adesivos de coração por toda a borda e, no meio, há quatro rostos sorridentes. Rick continua o mesmo, apenas um pouco mais arrumado. O cabelo está curto, e ele veste um terno. O braço está ao redor de Anahí, que apoia cada uma das mãos nos ombros dos filhos. Dos filhos deles...Porra, ela tem filhos. Eles têm filhos.

O garoto reconheço como sendo um Harry mais novo. Está com um boné de beisebol dos Boston Reds e uma camisa do time. A garotinha é alguns anos mais nova e parece uma versão mini de Anahí. Imagino se mãe e filha seriam parecidas se eu visse as fotos de Anahí quando criança.

— Hailee me deu no Dia das Mães — Anahí explica, saindo de trás de mim e me envolvendo. Seu rosto surge sob o meu ombro e, erguendo a mão, abraço-a pelas costas. —Ela fez no jardim de infância, alguns meses antes de Ricardo e eu nos divorciarmos. Não tive coragem de me livrar do presente quando estava arrancando os rastros dele da casa. As crianças têm uma foto dele no quarto, mas todas as outras, que estão na sala, são apenas de nós três. —Ela acha que me incomoda o fato de haver uma foto do ex-marido no quarto.

—Ei —digo, me virando para encará-la. —Não precisa se explicar pra mim. Sei muito bem que vocês foram casados e que têm dois filhos.

—Eu sei, mas...

—Nada de "mas". — Ergo o seu queixo e pressiono meus lábios nos dela. —As pessoas nessa foto são parte da sua vida. E, se eu te conheço como acho que conheço, essas crianças, provavelmente, são o seu mundo todo.

Com lágrimas brilhando nos olhos azuis, que sempre me impressionam, ela assente.

—São mesmo.

O que eu não digo, mas penso, é que eu daria qualquer coisa para ter sido o homem naquela foto. Para ser o pai dos filhos dela. Para que Anahí usasse o meu anel.

Mas eu cheguei tarde demais.

Me mata o fato de que ela seguiu em frente, ainda mais com o Rick. Isso nunca fez sentido para mim. Ela foi de mal ser capaz de suportar o cara a engravidar dele. Quero perguntar como isso aconteceu, mas não quero voltar ao passado. O que foi feito, está feito. Não dá para mudar o passado, não é mesmo?. Como Pablo Neruda disse: "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências."

Nesse momento, tudo o que quero fazer é aproveitar o hoje...esta noite...com Anahí, e conhecer o seu eu de agora, começando pelas duas pessoas mais importantes da sua vida.

—O que acha de pedirmos comida e, enquanto comemos, você me conta sobre o seu mundo?

—Você não vai embora? — ela pergunta, confusa, franzindo as sobrancelhas. Mas que merda...Ela pensou que a gente transaria e eu fugiria? Ou talvez.. tudo pelo que ela estivesse procurando fosse...Ah, caralho, talvez as crianças vão chegar daqui a pouco. Apesar de que já está um pouco tarde...

— Eu não quero ir, mas não sei como funcionaria com as crianças e tudo mais...— respondo, arriscando um pouco.

—Elas estão passando o fim de semana com o Ricardo. — Anahí prende o cabelo atrás da orelha e mordisca o lábio inferior por um momento antes de continuar: —Você...hum...quer dormir aqui? — Noto que ela começa a mexer no cabelo, ansiosa, uma mania tão dela essa de mexer no cabelo a todo momento, como se precisasse mantê-lo sempre no lugar "certo".

Consequences - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora