Capítulo 13

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ALFONSO

—Certo, garotos. Venham aqui! —grito. As dezenas de mini jogadores de beisebol vêm correndo, suados, fedidos e sorridentes. —Primeiro, quero que saibam que vocês foram incríveis ontem. É apenas o segundo dia da colônia, mas já estão arrasando. —O sorriso deles cresce. —Continuem praticando em casa, e vejo vocês amanhã.

—Obrigado, treinador! —um punhado deles berra, indo embora para encontrar os pais, que os esperam.

—Como foi hoje? — Brian, meu irmão mais velho e o responsável pela colônia de beisebol pergunta.

—Bom. Tinha me esquecido de como era jogar por diversão. — Nos últimos anos, minha vida girou em torno de jogar beisebol para os Boston Reds. Vivi e respirei beisebol, mas, em algum lugar no meio do caminho, me esqueci de como era apenas jogar bola e me divertir. Senti falta da simplicidade do esporte. Quando se joga na liga principal, há muito mais coisas envolvidas do que simplesmente jogar e pegar os arremessos. Você viaja seis meses durante o ano, dorme mais noites em hotéis do que em casa. Tem que comparecer a festas e eventos de caridade. Há contratos e patrocínios. O dinheiro é ótimo, mas as contrapartidas se tornam um fardo.

— Como está o seu braço?

Estico o braço e sinto uma pinçada dolorosa no ombro.

—Tudo certo, mas, com certeza, tomei a decisão certa quando me aposentei. —Há dois anos, meu ombro tem ficado progressivamente pior. Não foi culpa de mais nada, senão dos arremessos a cento e quarenta quilômetros por hora, em todos os mais de noventa jogos por temporada, durante dez anos, mas isso não muda o fato de que, a cada arremesso, machuco ainda mais. Com a deterioração, depois de termos ganhado a Liga Mundial, tomei a decisão de me aposentar. Meu contrato estava prestes a ser renovado, mas decidi me afastar ainda no ápice da carreira, com um braço funcional.

—Fico muito grato por você ter vindo ajudar na colônia —Brian diz, dando-me um tapinha no ombro. —É muito importante para as crianças. —Brian leciona História na escola pública da cidade, onde também treina o time de beisebol.

—Eu era uma dessas crianças. Você vai pra...

—Com licença — uma voz feminina fala. —Você é o Alfonso Herrera?

Internamente, resmungo, enquanto Brian sorri. Esse é um dos pontos negativos de ser um atleta profissional ajudando em uma colônia esportiva: as mulheres sabem quem eu sou. Ainda estamos no segundo dia, mas já me perguntaram isso uma dezena de vezes.

—Sou —confirmo, virando-me e colando um sorriso falso no rosto. A mulher sorri de um jeito doce, e duas covinhas surgem em suas bochechas. Ela é morena, e seus olhos são cinzas. É pequena, mas tem um corpo decente. Quando a olho de cima a baixo, percebo que há um anel gigante em sua mão esquerda, ou seja, ela é casada. —Como posso te ajudar?

—Meu filho está na colônia. Brendan Keller.

Reconheço o nome, mas, com a enorme quantidade de crianças que acabei de conhecer, não relaciono um rosto ao tal Brendan. Não digo a ela.

—É um prazer te conhecer. —Estendo a mão, e ela a aperta.

—Igualmente. —Seu sorriso cresce. —Queria te agradecer por estar ajudando a colônia.

—Sem problemas. Essas crianças são maravilhosas.

Há um momento de silêncio, então ela deixar escapar:

—Você está solteiro?

Brian tosse para esconder o riso, e eu solto um suspiro. Me relacionei com um bom número de mulheres ao longo dos anos, mas não sou um destruidor de lares. Se há qualquer sinal de que são casadas, não rola. Era de se esperar que, pelo menos, ela tivesse tirado o anel antes de perguntar. Algumas mulheres não têm vergonha na cara.

Consequences - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora