Capítulo 11

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ANAHÍ

Doze anos e meio depois

— Hailee, vamos, querida. Calce seu chinelo. Precisamos buscar o seu irmão na colônia de férias. — Largo os chinelos cor-de-rosa da minha filha de nove anos no chão, e ela rapidamente os calça.

—Viu o mortal que dei para trás na trave? —ela pergunta, pegando a garrafa d'água aberta da minha mão e tomando alguns goles antes de parar e respirar.

—Vi. Foi perfeito. —Verificando a hora no celular, vejo que só tenho dez minutos para atravessar a cidade e estacionar onde Harry teve o seu primeiro dia na colônia de beisebol. Não sei no que eu estava pensando quando matriculei as duas crianças em colônias ao mesmo tempo. Ah, na verdade, sei, sim. Pensei que, quando Ricardo me disse que estaria disponível para ajudar no transporte, realmente tinha dito a verdade. Foi tolice minha ter acreditado.

Hailee senta no banco traseiro do Audi, e eu acelero para fora do estacionamento da ginástica para que, com sorte, eu consiga chegar a Harry a tempo.

Mas, só para garantir...

— Siri, ligue para a Cath — digo ao Bluetooth. Catherine Keller é uma das minhas melhores amigas. Nos conhecemos há alguns anos quando o filho dela, Brendan, estudou na mesma classe de Harry.

Eles viraram amigos porque amam beisebol, e Cath e eu viramos amigas porque amamos vinho.

Oi, Any —ela atende no terceiro toque.

—Estou alguns minutos atrasada. Poderia buscar o Harry pra mim, e nos encontramos no estacionamento? —Nossos filhos estão no mesmo time de beisebol há dois anos e na mesma colônia de férias. A colônia dura quatro semanas e, é claro, cai na mesma hora da colônia de ginástica de Hailee. Não seria um grande problema, se não ficassem a vinte minutos de distância uma da outra e acabassem no mesmo horário.

Quando disse ao Ricardo, ele prometeu que me ajudaria, para que os dois pudessem fazer algo durante as férias. Era o primeiro dia, e ele já tinha furado comigo.

Depois de todo esse tempo, eu já deveria saber como ele funciona, mas continuo tendo esperanças de que, algum dia, ele vai melhorar. Ricardo nunca falha em dar dinheiro. São os horários que ele não sabe seguir. E, por mais que eu não dê a mínima se está me cedendo ou não um pouco do seu tempo, me importo por ele ter lutado para ter a guarda compartilhada, conseguido e, agora, só vê os filhos quatro dias por mês. Da última vez que fiz as contas, quatro dias de trinta não são metade de um mês, mas quem sou eu para dizer alguma coisa?

Por que não te encontro lá em casa? — Cath sugere. —Os meninos podem brincar, e peço para o Vince trazer algo para jantarmos. Podemos beber um pouco de vinho. Não te vejo há, tipo, uma semana.

—Hailee, quer passar na casa da Cath? —pergunto para a minha filha, que está com o fone sem fio enquanto assiste a algum filme na televisão portátil. Quando ela vê que estou a olhando pelo retrovisor, tira os fones.

—O que foi, mamãe? Disse alguma coisa?

—Quer passar na casa da Cath?

—Sim! — ela grita. —A Eleanor e a Elizabeth vão estar lá? —Eleanor e Elizabeth são as gêmeas de dois anos de Cath e Vincent. Hailee ama vesti-las e cuidar das meninas como se fossem duas bonequinhas.

Sim, Hailee, estarão — Cath responde, pelo Bluetooth.

—Eba!

—Bem, aí está a sua resposta —digo, rindo. — Te vejo daqui a pouco.

Consequences - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora