Capítulo 5

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ANAHÍ

Alfonso: Estou indo!

Eu: Estou pronta!

Hoje é o Dia dos Namorados, que calhou de cair em um sábado, então não temos aula, e Alfonso, por acaso, não tem treino de beisebol. Ele não quer me dizer aonde vamos nem o que faremos, mas me disse para levar uma muda de roupa para o dia seguinte ―pelo visto, ele conseguiu a aprovação da minha mãe mais cedo ―e para usar um vestido sensual, mas com sapatos confortáveis. Típico dos homens...Ele não entende como a moda funciona?

Eu não fazia ideia do que levar, então acabei enfiando metade do meu armário na mala antes de devolver tudo ao lugar e escolher algumas trocas de roupas. Também peguei um biquíni, caso haja uma piscina interna. Ultimamente, tem feito frio pra caramba, então, se Alfonso me levar para um lugar com uma piscina interna, ele ganhará alguns pontos.

Antes de descer a escada, dou uma última olhada no espelho de corpo inteiro. Estou com um vestido simples preto de alcinhas, porém sensual, que acaba a alguns centímetros acima dos joelhos. É justo em cima, mas esvoaça na parte de baixo. Deveria ser usado com saltos, mas, em vez disso, calcei sapatilhas. Meu cabelo está solto, em ondas, e passei uma maquiagem leve.

Pegando a malinha, desço e deixo a bagagem perto da porta da frente. A casa está tão silenciosa que daria para ouvir um alfinete caindo. Não estou acostumada com isso. Desde que o meu pai se mudou para a casa de um dos seus companheiros de bebida, as brigas pararam mas, em seu lugar, tenho mamãe escondida no quarto, chorando noite e dia.

O divórcio está sendo confuso por conta da casa e dos cartões de crédito, e minha mãe contratou um advogado que ela mal consegue pagar para evitar que ela deva um dinheiro que nem gastou. Não vejo o meu pai desde que ele saiu de casa e, infelizmente, acho que é melhor assim. O homem que eu costumava admirar, agora, não é nada mais do que um caco bêbado de quem era. Antes de ele partir, implorei que se internasse em uma clínica de reabilitação, mas nem mesmo ver a filha chorar e implorar foi o bastante para tirá-lo daquele caminho.

Eu me aproximo da porta do quarto e, como esperado, escuto os soluços abafados da minha mãe. Eu deveria bater e perguntar se está bem, mas sempre que faço isso, ela tenta esconder a verdade. Minha mãe tem um peso enorme nos ombros, e odeio o fato de que não posso fazer nada para ajudar pois sou apenas uma aluna do ensino médio. Já comecei a entregar currículos em diversos comércios locais para um emprego de meio período. Infelizmente, vivemos em uma cidade pequena, e a maioria dos jovens empregados não abandonam as suas vagas.

Em vez de bater, vou até a cozinha, acho um pedaço de papel na gaveta da bagunça e deixo um recado, dizendo que a amo e que vou enviar uma mensagem quando chegarmos aonde quer que estejamos indo. Considerando que ela nos deixou passar a noite fora, assumo que vamos a um lugar longe.

Escuto uma batida na porta e, quando a abro, Alfonso está parado do outro lado, com uma camisa azul-clara de botões, as mangas enroladas nos cotovelos. A cor fica ótima em sua pele naturalmente bronzeada. As pontinhas das tatuagens estão à espreita sob o tecido. Ele está com uma calça preta, que se ajusta às coxas musculosas, além de sapatos pretos e reluzentes. Alfonso está sensual demais, e o único lugar onde quero ir é para o quarto do hotel, onde poderei explorar tudo o que sei que existe debaixo daquelas roupas. Estamos namorando oficialmente há apenas algumas semanas, e Alfonso ainda insiste que avancemos devagar, mas ele não deveria, de jeito nenhum, achar que poderia aparecer desse jeito, me levar para um hotel, e que continuaríamos andando na velocidade de uma lesma. Se eu tiver que seduzir o meu namorado, que seja. Nosso tempo até a graduação dele é limitado, e quero aproveitar ao máximo todos os dias que ainda temos juntos. Não há como descobrir quem vai recrutá-lo e, pelo que sabemos, poderia ser um time do outro lado do país.

Consequences - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora