Por favor, cuide de mim

437 35 35
                                    

No dia seguinte, Satoru não mandou mensagem. Suguru esperou por ele e frequentemente checava o celular, porém, ele desapareceu. O moreno pensava que podia tomar a iniciativa de falar sobre isso, mas talvez fosse piorar a situação. Portanto, Suguru ficou o dia todo sozinho em casa.

Ele odiava o quanto Satoru fugia de situações como essa, esse tipo de tratamento o irritava e o deixava magoado. Parecia que Satoru nem mesmo se importava em como Suguru iria se sentir depois de tudo isso. Porém, ao mesmo tempo, o moreno se preocupava com a amizade que tinha com Satoru. A amizade que foi construída durante anos não podia simplesmente acabar assim.

Quando voltou para o trabalho, encontrou Toji no corredor. Ele desejou bom dia, disse que sentiu saudade e avançou para beijar Suguru rapidamente nos lábios. A verdade é que sempre que Toji o beijava, Suguru não sabia se sentia o mesmo por ele. É claro que ele correspondia o contato, Toji era uma pessoa que Suguru enxergava com carinho, mas não era amor de verdade. Pelo menos, não como o sentimento que tinha por Satoru.

De qualquer forma, Suguru se sentia culpado por ter feito aquilo com o seu melhor amigo, já que estava se relacionando com Toji. Certamente foi uma traição e ele não queria ser esse tipo de pessoa. Ao mesmo tempo, se sentia incapaz de deter a paixão que tinha por Satoru. A vontade de beijá-lo, de amá-lo e de terminar em uma cama com ele, isso nunca desaparecia. Bom, agora Suguru estava regredindo em todo o progresso que teve com Toji.

O fato é que quando ele estava sentado em sua mesa de trabalho, Satoru se levantou e passou ao lado. Eles não tinham conversado um com o outro desde aquele ocorrido, mas, no instante em que Satoru se aproximou, jogou um papel dobrado para Suguru. De forma curiosa, o moreno abriu e se deparou com uma mensagem.

"Você me odeia pelo que fiz? Será que podemos voltar ao normal? Eu sinto a sua falta".

Suguru e Satoru quase nunca ultrapassavam os limites dessa amizade, mas, quando isso acontecia, assim como aquele dia no sofá, Suguru acabava ficando ainda mais confuso sobre o que sentia por Satoru e também por Toji. Além de que isso machucava os seus sentimentos. Afinal, Satoru o procurava quando bem entendia, quebrava esse limite de forma inesperada, como se planejasse ter algo definitivo com o moreno, no entanto, depois simplesmente se afastava.

Isso certamente era cruel e doloroso, Suguru precisava ter a iniciativa de recusá-lo, assim, Satoru iria entender que não podia fazer o que queria. Porém, ao mesmo tempo, isso era imensamente difícil, pois como Suguru iria negar algo que ele tanto desejava?

"Eu não te odeio, Satoru. Esqueça isso, vamos fingir que nada aconteceu (como sempre). Mas eu não senti a sua falta, tive um dia de paz sem você gritando na minha orelha", Suguru escreveu. Em seguida, ele se levantou e jogou esse papel na mesa de Satoru.

De imediato, o albino abriu e leu atentamente, sorrindo em satisfação. Depois disso, eles se encontraram no meio da tarde e conversaram sobre assuntos aleatórios, enterrando definitivamente o que houve naquele sofá. Pelo menos, a amizade que tinham não foi prejudicada.

Os dias da semana se passaram e tudo voltou ao normal entre eles. Certamente, não era o que Suguru desejava, pois não conseguia se esquecer daquele momento. Quando estava sozinho, cometia outro tipo de traição ao se masturbar pensando no toque de Satoru e em como ele o fez gozar. Na respiração quente que batia em sua orelha e no corpo que se movia em direção ao seu. Isso o fazia sentir as mesmas sensações daquele dia, como se a sua pele ardesse em brasas.

No entanto, algo voltou a se repetir. Na noite de sexta-feira, quando o horário do trabalho já havia terminado e Suguru estava deitado na cama, Megumi começou a ligar para ele.

— O meu pai ainda não voltou para casa, ele disse que iria no bar e que logo estaria aqui, mas ele não voltou.

Sendo assim, Suguru retirou o pijama e vestiu outras roupas, pediu para que Megumi explicasse em qual bar o pai dele disse que iria e correu para encontrar Toji. Infelizmente, isso estava se tornando frequente, Toji sempre bebia de modo exagerado quando tinha a chance.

Triste por te ver partirOnde histórias criam vida. Descubra agora