17 - Intromissões

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As nuvens começaram a se retirar conforme o dia avançava e depois do almoço, Wei Wuxian estava na garagem dele com um dos seus vizinhos que tinha uma arma de disparar arpão em mãos e a mostrava para ele.

_Xian, esse troço emperrou e agora eu não consigo caçar arraias. Você consertou o do meu filho, que aliás ficou funcionando melhor que esse meu que é novo, poderia consertar o meu também por favor?

_Claro senhor Wu. O senhor vai querer esperar aqui ou...

_Eu volto pra buscar depois. Preciso comprar algumas coisas para o almoço. Vou receber minha filha e meu netinho. Me mande mensagem falando quando posso pegar e o valor do conserto.

_Tudo bem.

_Wei Ying... – chamou Lan Zhan da porta mas se calou ao ver o senhor e fez uma reverência para ele, que retribuiu.

_Esse é o nosso vizinho Lan Zhan. Trouxe a pistola de arpão pra eu consertar. Senhor Wu, sei que não é muito convencional e talvez o senhor meio que me olhe torto, mas preciso lhe apresentar, esse é meu noivo, Lan WangJi.

_É um prazer. Nunca te olharia torto menino. Te conheço desde que você era um pedacinho de gente que se escondia atrás de seu pai. – disse o homem bagunçando os cabelos de Wei o fazendo rir – E você moço, cuide dele da melhor maneira que você puder cuidar, pois ele é uma pessoa de caráter ímpar.

_Sim senhor. Me mande mensagem Xian. Não esqueça.

_Tudo bem. Se eu puder, eu mesmo levo para o senhor.

_Obrigado.

O homem saiu caminhando e Lan Zhan se aproximou se Wei Wuxian e o abraçou, lhe dando um selinho nos lábios.

_Te trouxe uns siris enormes que já coloquei na panela.

_Dessa vez você vai comer comigo e não cru.

_Prometo que vou... – Lan Zhan o levantou pelas coxas e o pôs sentado sobre o tampo da mesa que ele usava para trabalhar – Depois que a gente terminar de comer, podemos passear um pouco na sua moto agora que parou de chover?

_Podemos.

Os dois trocaram mais uns beijos e WangJi entrou e Wuxian desceu da mesa já pegando a caixa de ferramentas dele e a abrindo. Ele deu uma olhada de esguelha para o lado ao ouvir passos. Tinha pessoas vindo e rindo alto. Ele pegou uma chave e começou a abrir a arma que teria que consertar quando ouviu:

_Soubemos que a mocinha está de férias e fomos obrigados a vir até aqui pra você consertar o motor de um dos botes que está na traseira da minha pick-up.

Ele revirou os olhos. Reconhecia bem aquela voz sem nem precisar olhar para o lado e continuou fazendo o que estava antes sem dar atenção à Wen Chao sentindo o cheiro de mais três com ele.

Lan Zhan estava certo. Quanto mais tempo ele passava no mar, mais seus sentidos se aguçavam. Visão, olfato, audição, estava tudo ficando acima da média para um humano e na média de um Jiaoren conforme o treino dele progredia.

_Falei com você. – disse Wen Chao o pegando pelo braço – Não sei como fez aquele truque barato daquele dia, mas vai pagar por ele. – ele falou entre os dentes.

Wuxian olhou pra baixo, para o braço dele que era segurado e disse com calma:

_Solte. Você não é nada meu pra estar me tocando. O único homem que eu permito colocar a mão em mim se chama Lan Zhan e esse não é o seu nome até onde eu sei! Eu só vou avisar dessa vez.

_Ou o quê!? Vai mandar aquele grandalhão ali me bater Wei Pitico Ying? – perguntou Wen Chao apontando para Lan Zhan que apareceu na porta que dava da cozinha para a garagem, mas o Jiaoren simplesmente encostou o ombro no batente da porta e cruzou os braços encarando o pescador.

_Eu só saio daqui se ele pedir. Afinal de contas, o meu Peixinho Vermelho sabe se defender sozinho.

_Que apelido mais idi... – Chao não terminou de falar, não quando Wei Wuxian segurou o pulso dele e o torceu, o fazendo recuar para fora da garagem. Dois dos primos dele vieram para cima do pescador e ele, mesmo segurando o braço de Chao socou um no pomo de Adão e chutou o outro, o jogando no chão e deu na cara de Wen Chao com a palma pra cima, de uma forma que o nariz dele quebrou na hora, espirrando sangue pra todo lado e olhou para Zhulio que apenas assistia.

_E você?

Ele deu de ombros.

_Eu só vim com eles deixar o motor e saber se você pode consertar.

_Posso sim Zhulio. Mas não vou fazer – ele deu um chute na cara de Wen Chão o derrubando no chão. – Me perdoe, mas não faço nada pra esse babaca mesmo que ele me pague e me perdoe a bagunça que você vai ter que arrumar com seus primos e esse seu irmão de merda.

_Eles procuraram. – ele deu de ombros vendo um dos primos tossir com a mão no pescoço e o outro segurar as partes devido ao chute que tomou.

Wei Wuxian se virou e voltou pra dentro da garagem dele e ficou vermelho ao ver o sorriso bobo de WangJi.

_Para de me olhar assim que eu fico sem graça!

_Meu orgulho todinho vendo você bater em três baiacus venenosos filhos de uma enguia. Chega a ser excitante.

_Eu amo o jeito que você xinga. E também amo o fato de você ser protetor mas me permitir lutar minhas próprias batalhas.

_Você me disse que nunca correu de briga e que sempre odiou quem passa a mão na cabeça dos outros. Eu só entro no conflito se você me chamar ou... Se um bando de abissais insanos vier pra cima de você.

Wuxian riu concordando.

_Vem almoçar. Os siris já estão cozidos.

_Sim. Depois vamos pegar a ponte e passear na ilha. Fenryr deve está sentindo nossa falta.

_A sua. Você é o mestre dele.


🌊🌊🌊


O restante do dia foi bem agradável e o tubarão realmente estava ansioso para ver Wei Wuxian, que levou peixes para ele e ele agradeceu o levando para mergulhar. Wei Wuxian segurava na barbatana dele e Fenryr nadava em alta velocidade o fazendo rir.

Na volta, enquanto WangJi fazia o jantar, Wei consertou o arpão do vizinho e fez uma gambiarra dentro dele para que não estragasse ou travasse tão cedo, o entregou na casa dele e quando estava voltando caminhando tranquilo pela rua de pedras, se virou para o lado de repente, para o mar ao ouvir um canto desafinado que lhe agredia os ouvidos e quando olhou para a areia, viu vultos pretos subindo por ela e se deu conta de que eram abissais das profundezas, mas agora eles possuíam tentáculos para poder andar fora d’água e invocou sua lança e lá ia chamar WangJi, mas ele já estava ao seu lado, olhos de gato e dentes serrilhados de um predador com sua lança azul e preta. Uma coisa era certa: No amor da eternidade dele ninguém iria tocar.

Tava calmo demais né?
😁

Além Mar (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora