25 - Curando um Protetor

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Bom dia meus filhotes! Feliz dia das mães para as mães, pais, irmãs, irmãos, tias, tios, vós, vôs, que são ou que são para você leitor, sua mãe nesse dia tão especial.

Seguimos com nossa sequência de histórias e memórias. O choro é livre e o ódio também!
🌊🌊🌊

Lan XiChen estava ao lado de Jiang Cheng com as carpas nadando a volta deles e um leve sorriso estava em sua face, mas Cheng estava com um semblante preocupado no rosto e um tanto inquieto de um jeito que ele só ficava quando XiChen sabia que ele estava muito preocupado com algo.

_O que há? Eu não gosto quando fica assim amuadinho.

_A mãe de Wei Wuxian é mesmo uma boa Jiaoren? Ela não vai magoa-lo? Machucá-lo...

_Aaah... WanYin... Está tudo bem. – ele não evitou abraçar XiChen. – Ela é protetora. Não vai machucar Xian se quer saber. - XiChen o olhou e lhe fez uma carícia na bochecha - Acho que está mais que na hora de você colocar tudo isso que ainda guarda, pra fora. Sua rejeição, mágoa, tristeza... Tudo o que te feriu.

_Não quero fazer isso com você sendo a pessoa que vai me curar. Seu irmão...

_Você é meu namorado e isso já vai fazer cinquenta anos! Ou você confia ou não confia!

_Não quero te ferir com aquilo que me machuca, pois eu sei que vai...

_Ver como você está, já está me ferindo. Saber que você sofre, já me fere Cheng. Deixe ir... Por favor.

_Sim... Senhoras, por favor. – pediu ele às carpas e fechou os olhos.


🌊🌊🌊


Jiang Cheng era um dos Jiaorens mais bonitos que havia naquela época. Sua cauda de enguia era muito bonita, em tom de roxo escuro, seus cabelos eram tão pretos que brilhavam, sua pele era clara e seus olhos, ametistas e incomuns. Ele tinha apenas dezenove anos e peso demais sobre si de cobranças e mais cobranças por parte de sua mãe, a antiga anciã de Serpensartia.

Onde Yu passava, ela gostava do respeito que recebia. Não porque o povo realmente a respeitava, mas porque ela exigia que assim o fosse, com punições cabíveis para quem não o fizesse. Ela era terrível com todos e com o filho, era duas vezes pior.

Cheng nadava ao lado dela e enquanto ela explicava sobre protocolos que ela mesma havia inventado, ele deixou de prestar atenção e olhou para uma Jiaoren que passou por ele.


Cheng nadava ao lado dela e enquanto ela explicava sobre protocolos que ela mesma havia inventado, ele deixou de prestar atenção e olhou para uma Jiaoren que passou por ele

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Ela era uma Sharks lindíssima. De olhos completamente pretos, costas preto azuladas, assim como partes dos seus braços e mãos, o que a fazia parecer que estava usando luvas e sua barriga era completamente branca. Os cabelos dela pretos como asas de corvo e seu sorriso, com duas arcadas de dentes serrilhados, foi simpático e acolhedor.

Jiang Cheng estendeu a mão e fez um cumprimento à Jiaoren com um sorriso no rosto, pela deusa, ela era linda, e a mãe o olhou e ergueu uma sobrancelha.

Assim que os dois entraram em casa, ele sentiu a cauda de sua mãe vir como um chicote em seu rosto e levou a mão trêmula à ele. Aquilo doía muito. Toda vez que ela fazia isso doía muito.

_Eu vi! Eu vi você acenando para aquela Sharks WanYin! Eu já lhe disse que você não vai me dar a vergonha de...

_Era uma fêmea até onde eu sei! Você me bateu tanto por eu ter um namorado, que ele terminou comigo com medo de que você me matasse...

_Não me lembre desse maldito fato! Você que se atreva a se relacionar com machos ou fêmeas que não sejam da sua raça! Respeite a minha posição como anciã garoto!

_Eu acho que o meu gosto que deveria importar. Eu sou diferente! Os meus olhos erram a aparência, erram se é macho ou fêmea, a raça ou o que seja e enxergam a alma! E é por isso que eu me apaixono...

Ela enrolou a cauda no pescoço dele quase o enforcando.

_Pois o seu gosto não importa! Você não vai sujar a minha linhagem colocando sangue de outra raça nela! Principalmente se for de uma Sharks esquentadinha de aparência medonha!

Yu sacudiu a cauda e o filho saiu girando pelas águas e bateu numa pilastra de corais, cortando as costas e a cauda.

_Você pode ter a idade que for... mas você vai me obedecer! Senão vai arcar com as consequências de suas atitudes!

_Perdão mãe...

Ele saiu nadando depressa da frente das vistas de Yu e ela sorriu satisfeita por isso.


🌊🌊🌊


Jiang Cheng encontrou a belíssima Sharks novamente longe dos olhos de sua mãe e começou a conversar com ela e percebeu que ela era tudo aquilo que seu coração lhe disse da primeira vez e mais. Depois de uns meses de amizade, eles começaram a namorar escondido, um jogo perigoso que uma hora poderia dar muito errado... E deu...

Num campo de algas, Zou Jieli havia sido amarrada por correntes e Yu a olhava com ódio na face e a lança apontado diretamente para o rosto dela.

_Eu mandei trazê-la aqui para lhe dar um aviso! Fique longe do meu filho. Ele é um idiota irresponsável que não me obedece e eu irei dar um jeito nele quando voltar, mas você, eu não vou ter a mesma cordialidade se a ver novamente perto dele.

_E eu não serei cortês se você o machucar como fez quando ele namorava com Mao! – rosnou Jieli mostrando os dentes para Yu.

Yu a acertou com a cauda uma vez, duas e se freou ao ouvir a voz do filho e se virou para trás com fúria, eletricidade percorrendo o seu corpo de puro ódio.

_Solte ela mãe. Não a machuque. Ela é minha amada, minha metade. A pessoa para quem eu cantei e obtive resposta... Por favor...

Yu foi pra cima dele com a lança e Jiang Cheng mal teve tempo de conjurar a dele para se defender.

_Ela não é nada sua! Você vai romper essa laço!

_Você sabe que não posso. Não é assim que funciona...

Ele sentiu o rosto arder e viu as garras da mãe, ela havia aberto quatro cortes na bochecha dele e ele não teve tempo de pensar quando Yu avançou de novo e o rasgou com as garras da barriga ao peito.

_CHENG! DEIXA ELE!

Jieli começou a puxar com força, as correntes que a prendiam em desespero. Ela era versada em armas e estratégias de luta, mas Yu a havia pego na covardia, e agora, ela estava se ferindo toda nas correntes unicamente para enfrentar a outra Jiaoren que atacava o filho sem misericórdia alguma.

_Eu prefiro você morto! Eu prefiro não ter filho algum, do que você ao lado dessa coisa!

Ela prendeu a cauda de Jiang Cheng com a lança na areia do fundo do mar e enfiou todas as garras no peito do filho e a água se tingiu de vermelho quando ele deixou o sangue sair por seus lábios e fechou os olhos. Um grito cortante, o som de correntes se arrebentando e alguém o amparando com carinho, foi o que ele conseguiu perceber antes de ouvir ainda de olhos fechados:

_Você o matou! Ele era seu filho e você o matou!

_Por culpa sua! De você não tivesse entrado na vida dele, nada disso teria acontecido! Você o destruiu! Ele era filho de uma líder anciã e você queria se aproveitar disso! Sabia que ele jamais poderia se misturar com alguém inferior e mesmo assim... Mesmo assim, você insistiu! Deu esperança para ele!

_A senhora... A senhora tem razão... O erro foi meu... Me perdoe Cheng... Eu vou reparar isso.

Cheng não conseguia se mover. Ele estava morrendo, mas ainda não estava morto. Seu coração e pulmões estavam perfurados, a hemorragia o enchia, mas ele ainda ouvia tudo e como ainda ouvia, ouviu o som de uma lança Sharks se alongando e fez o enorme esforço de abrir os olhos para ver se Jieli havia indo contra sua mãe, apenas para a ver com o peito perfurado pela sua própria lança e se tornar espuma do mar em seguida.

Ele queria gritar, mas tudo ficou silencioso e parado e uma mulher de cabelos vermelhos apareceu diante dele. Eles estavam sobre as ondas, o cabelo dela esvoaçava como as ondas e ela tinha um vidro com espuma branca em sua mão.

_A-Cheng criança...

_Quem é você?

_Aquela que todos contam histórias. A grande Mãe dos Oceanos.

_Gran Mamare...

_Sim. Você está nesse mundo e no meu. Está quase morrendo. Posso estabilizá-lo e o adotar como um filho para ser um protetor, um guardião para ir onde precisam de ajuda.

_Eu não sei nem ao menos me defender como se deve. Eu nunca fui ensinado.

_Eu o ensino. O farei ser o melhor defensor que existe.

Ele olhou para o vidro na mão dela, para a espuma do mar que espiralava ali.

_Jieli?

_Sim.

_Pode fazer por ela o que fará por mim?

_Infelizmente, não nessa vida. Ela se matou. Vou precisar restaurar a essência dessa alma. Quem se mata carrega um fardo muito pesado. Jieli, como é sua alma gêmea, sua igual, vai demorar um pouco para voltar para você. Ela está quebrada demais no momento e está porque se quebrou pelas palavras de Jiang Yu, e por suas próprias mãos.

_Eu a espero. Só me prometa que se um dia ela precisar...

_Eu farei por ela o mesmo que fiz por você. Tem a minha palavra.


🌊🌊🌊


Quando Jiang Cheng abriu os olhos, percebeu que o Jiaoren que estava diante dele, que estava com a mão direita sobre seu peito, lhe administrando cura, estava chorando aos soluços e o abraçou apertado, deixando tudo o que tinha no peito sair de uma vez e as carpas levarem o que ele sufocava dentro dele por séculos e séculos.

_Me perdoe... Me perdoe não ter contado.

_Não precisa pedir perdão Cheng. Eu estou aqui. Eu voltei e amo você. Amo mais agora, do que amava naquela outra vida.

XiChen o beijou e ele sentiu algo o aquecer por dentro de uma forma que o fez se sentir mais forte, mais confiante e mais estruturado em si. Ele estava curado. Ninguém iria machucá-lo, seja física ou emocionalmente e agora, ele sabia e sabia pois aquele a qual o beijava estava ali com ele, o fazendo inteiro. A alma que ele viu além da aparência e amou, estava ali completando a sua.


Além Mar (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora