41 - Trevas

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Bom diaaaaa! Vamos que hoje sai mais dois capítulos.

O silêncio era algo incômodo demais ao redor do Trono que Flui Vida. Não haviam as costumeiras famílias de peixinhos, não haviam mais os caranguejos, camarões e sirizinhos, nem ao menos estrelas do mar ou corais coloridos, o que havia era uma crosta preta, como raízes do mal que se estendiam para além do trono.

Sentado na cadeira que antes era de madrepérola reluzente e agora estava escura, porosa e desgastada, estava Qinghen-Jun. O corpo dele estava anormalmente maior, a beleza havia abandonado seu rosto, até mesmo os cabelos bonitos e sedosos que tiveram um dia, estavam caindo em tufos. Dava para se ver sem muito esforço, as falhas no couro cabeludo do Jiaoren.

Veias pretas lhe saltavam no pescoço, subindo por seu rosto e descendo para os braços, mas ele estava satisfeito por ter na ponta de cada raiz que saía do trono, quinze casulos que ele alimentava. Ele queria que houvessem mais, mas muitos morreram quando ele começou o processo de modificação.

O usurpador do trono não queria mais abissais inúteis, que não pensavam por si. Que tinham déficit de reação e que eram denunciados onde estavam de longe. Eles eram peões inúteis e Qinghen-Jun odiava tudo que era inútil para ele.

O que ele estava criando, ia além do que já tinha feito. Ele estava criando soldados que não tinham vontade, cujo a aparência não os denunciava sobre o que eram e que carregavam uma centelha dele mais potente do que os abissais jamais carregaram. Do mesmo modo que ele alimentava os Jiaorens que seriam seus servos, eles também o alimentavam com sua força física.

O soberano de trevas apertou os braços do trono ao sentir como se algo saísse de suas próprias veias e ergueu o rosto quando um crec soou a sua esquerda. Um dos casulos estava rachando, e quando um pedaço do mesmo desmoronou, o rei mostrou as presas num sorriso assustador ao ver o rosto do Jiaoren ali adormecido... Rosto esse, que era idêntico ao seu próprio.


🌊🌊🌊


Quando Wei Ying acordou e tentou se levantar, foi obrigado a se deitar novamente por estar terrivelmente enjoado. Odiava quando acordava assim. Ele se deitou de lado para esperar o mal estar passar e reparou que Mo XuanYu estava na outra cama quietinho, com um estojinho de ferramentas pequenas, mexendo numa engrenagem de forma distraída.

_Bom dia Wuxian. Espero que os clics da engrenagem não tenham te acordado.

_Não.

_Você está bem?

_Um pouco enjoado. Mas já passa. É normal eu acordar assim em algumas manhãs por causa do bebezinho. O que está fazendo?

_Criando o circuito do bracelete que faz a manopla retrair para um dos guardiões... Eu só preciso saber qual a mão de domínio deles.

_Ambos são destros.

Mo XuanYu parou de mexer na engrenagem e olhou para Wei Ying e suspirou.

_Você vai embora hoje não vai?

_Depois que tomarmos café da manhã filhote.

_Eu não queria que você fosse. Não queria que ninguém fosse. Eu estou com medo... Não quero que aquele Jiaoren malvado te machuque.

Wei Wuxian se sentou na cama de algas.

_Ele não vai XuanYu. Eu posso te contar um segredo?

Mo XuanYu fez alguns gestos com as mãos e pousou ambas sobre os lábios, Wei Ying soube na hora que aquilo era uma promessa de que ele não contaria.

_Pode contar para sua mãe, sim? Eu sou o ancião de Guardian. Domador de bestas de Além Mar.

_Pela deusa... – sussurrou ele e saiu nadando pelo quarto, trazendo uma espécie de livro que não se deteriorava nas águas. Com certeza Wei Wuxian iria querer saber como haviam livros ali. O filhote apontou para algo – Todos eles? – perguntou mostrando uma pintura no livro com os sete leviatãs.

_Todos eles. Eu conheci Ao Guang e Ao Bao.

_Nossa... Eles são ferozes?

_Apenas com os vilões. Com os mocinhos eles são gentis. Ao Bao permitiu que Lan Zhan e eu subisse nas costas dela.

_Como foi?

_Libertador. Ela é muito veloz.

_Um dia o senhor me contaria essas histórias?

_Sim. Contaria. As que vivi aqui embaixo em Além Mar e as que vivi durante minha vida como humano, pois eu sou mestiço.

_Uaaaaau.


🌊🌊🌊


O café da manhã se dividiu entre comilança, mais da parte de Wei Wuxian, que quando não estava enjoado comia mais que três Jiaorens juntos, e planejamento de estratégias.

_Nós vamos precisar de uma distração. - falou CangSe.

_Bem filhote, eu e meu doce polvinho, vamos nadar descaradamente pela via principal de Sharks, armados com machado e lança, para que venham atrás da gente. CangSe, Wuxian e WangJi vão pelas vielas da direita da cidade e XiChen e WanYin farão o mesmo pela esquerda. – falou Song Lan.

_Assim chamamos menos atenção... A exceção de nós dois – comentou Xiao XingChen. Os braços musculosos cruzados, um dos tentáculos vermelho vivo enrolando uma mecha dos próprios cabelos, enquanto outro fazia carinho na nuca de Song Lan. Mo XuanYu não conseguia parar de olhar pra ele, por ele ser muito diferente do modo que gostava de ficar normalmente. Parecia que a Octopus lilás e o Octopus vermelho era dois Jiaorens totalmente diferentes.

_Minha vida, você chama não é discreto. – Xiao sorriu de canto de boca.

_Olha quem fala. Com essa beleza, não existe um que não olhe.

_Sua esposa... esposo... é realmente bonito nas duas formas. – comentou Mo XuanYu.

_Obrigado. – disse o casal.

_Parece que meu filhotinho ficou encantado com a beleza Octopus. – disse Susu.

Song Lan e Xiao XingChen estenderam cada, um dos tentáculos e bagunçaram os cabelos de XuanYu que riu.

_Jiang Cheng, você está em condições de fazer isso?

_Sim senhora Wei. Eu estou. Não se preocupe.

_Tudo bem então. Podemos ir?

_Sim. – concordaram todos.

Os Jiaorens saíram para o jardim de anêmonas, cada um dando um abraço em Susu e XuanYu, que demorava um pouquinho a mais abraçado a cada um deles.

O adolescente aplaudiu quando os sete Jiaorens diante dele, invocou sua arma. Wei Wuxian um arco, Lan WangJi a lança azul e preta, CangSe um aguilhão, Song Lan o machado e a manopla, Xiao XingChen uma lança verde, Lan XiChen uma lança furta cor e Jiang Cheng uma lança roxa.

Jiang Cheng puxou a fila dos Jiaorens e Mo XuanYu foi nadando com eles até a formação de corais que era o limite do dito quintal de sua casa e depois ficou acenando para todos por um tempo, até que sumissem de vista.

_Gran Mamare, proteja meus amigos por favor.

Ele fechou os olhos e levou as mãos ao peito, sentindo uma corrente de água mais quente passar por ele e ao abrir os olhos, se deparou com centelhas vermelhas na água e sorriu. Sabia que a Mãe o atenderia e se virou para voltar para a sua mãe, que o esperava para restaurar o barco que estava ancorado em frente a casa de ambos.

Além Mar (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora