Eu ja deitei no seu sorriso, só você não sabe. Te chamei pro risco então fica à vontade.
Nossa viagem para o México foi um silêncio constrangedor na maior parte. Eu tentava focar na estrada a minha frente e mantinha minhas mãos firmes no volante do Jeep, enquando Lauren permanecia em silêncio no banco do carona ao meu lado, de tempos em tempos, eu podia sentir seus olhos me observando.
- Nós não somos assim. - Ela finalmente disse quebrando o silêncio e colocando sua arma no porta luvas. - Não machucamos inocentes.
- Não acho que pode falar pela sua irmã. - Respondi sem desviar meus olhos da rodovia.
- Demi está assustada. Todas nós estamos. Isso não é algo que acontece, eu e Meryl sempre tentamos manter a violência longe dos negócios.
- Sua mãe? Aquela mesma vadia que me olhou como se fosse me degolar? - Finalmente me virei para ela e vi que havia um pequeno sorriso no canto dos seus lábios.
Ela gostava da minha ousadia.
- O que aconteceu naquela noite...
- Eu não quero saber. - A cortei. - Não quero ser cúmplice de crime nenhum.
Isso a manteve quieta por alguns instantes.
- Como você se meteu nisso? Como conheceu o doutor?
- Não vou te contar merda nenhuma. Só concordei em te acompanhar porque prometeu me proteger e espero que cumpra.
- Não costumo quebrar promessas. - Ela falou confiante.
- Ótimo.
Nós dirigimos o resto do caminho em completo silêncio. Passamos pelo fronteira sem dificuldades e seguimos até Tijuana. Longe das partes bonitas e turísticas da cidade, dirigimos até uma das favelas onde ficava o escritório do doutor. Por todos os lados havia pobreza, soldados de quartéis, comércio ao ar livre, crianças correndo na frente dos carros com motoristas imprudentes. Estacionei na rua principal e vi Lauren esconder a arma no cós da calça, saímos juntas e entramos no prédio decadente.
Tinha três andares e devia estar lá desde, sei lá, o descobrimento do México. O lugar era uma sujeira, servia como uma clínica pública no andar de baixo e no andar de cima, o consultório do doutor. Onde ele atendia os cartéis e quem tivesse dinheiro para pagar quando se tratava de procedimentos ilegais ou situações que não se podia ir a um hospital. Eu sabia que o último andar o doutor usava como sua residência.
Ninguém na clínica se importou com a nossa presença ou quando começamos a subir as escadas. Os poucos funcionários do local estavam ocupados demais com a população.
- Que cheiro horrível é esse? - Lauren falou enquanto subia as escadas na minha frente.
A cada degrau que subíamos, o cheiro ficava pior.
- Morte. - Respondi a sua pergunta.
Assim que chegamos no segundo andar, as portas do consultório estavam fechadas. Lauren me olhou por cima dos ombros e tirou a arma da calça.
- Consegue atirar com uma mão? - Perguntei.
- De olhos fechados. - Ela falou confiante e com um daqueles sorrisos, me fazendo revirar os olhos.
Eu podia ter esperado no carro, podia simplesmente ficar lá embaixo, não precisava me envolver nisso. O que estava atrás daquela porta, ia mudar tudo. Caminhamos cautelosas nas pontas dos pés, aquela altura o cheiro era quase insuportável e cobrimos o nariz com as costas da mão. Lauren abriu a porta bem devagar e espiou, entrando na frente. O som das moscas do cheiro terrível no ar com o mormaço pelo calor do México podia fazer qualquer um vomitar. Observei Lauren ficar pálida e recuar pelo cheiro, me desviei dela e segui com passos cautelosos até a sala de trás.
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Víbora Vermelha - Camren
RomanceCamila é uma boa garota que nunca teve sorte. Depois de crescer com uma infância conturbada e violenta, a última coisa que ela queria era se meter com criminosos. Ela foi para a faculdade de medicina tentando fugir disso, mas ter uma vida nova pode...