5- Dupla inconveniência

36 6 2
                                    

Mal tive tempo de me preparar emocionalmente para encarar outra segunda-feira, não que eu precisasse. Afinal, me dou bem quando o assunto é não ligar ou pensar muito sobre. É tudo questão de ocupar bem a mente. Nisso, Aladdin foi um bom auxiliar, já que passou quase toda a noite mastigando coisas que encontrou no meu quarto, e isso incluiu, infelizmente, meu carregador.

Agora, neste exato momento, Lauren dava trocentos chiliques sobre como eu deveria ter mais responsabilidade e mantê-la atualizada das coisas, coisas das quais eu nem sei do que se trata e não faço tanta questão em saber. Encostei minha cabeça na janela do carro, decidindo cochilar mais um pouco enquanto o motorista dela ouvia os chiliques por mim.

— Luna, nós já chegamos. Desce. — Bufou, impaciente, me empurrando para sair mais rápido.

Saí do carro com uma preguiça ainda maior, para incomodar a garota que gargalhou, sabendo da minha intenção. Fui jogada para dentro do carro novamente quando um peso me atingiu em um baque só, sendo especificamente uma pessoa.

— O Dia dos Namorados é comemorado em 12 de junho no Brasil por ser véspera do dia de Santo Antônio. — Nicolle falou tudo em um fôlego só enquanto me esmagava num abraço apertado.

— Está dizendo que quer comemorar o Dia dos Namorados em um relacionamento comigo? — Perguntei, risonha.

— Deus me livre e me salve de toda maldição. — Rebateu, fazendo Lauren rir alto. — Senti saudades.

— Nós também sentimos. — A australiana empurrava minhas costas e eu empurrava Nicolle junto. — Seu final de semana foi um saco mesmo?

— Não exatamente, ao menos a comida era boa e tinha um quarto só meu. — Nos olhou como se estivesse prestes a contar um segredo maldoso. — Levei aquele Lego do Castelo Bruxo e consegui montá-lo todo.

É admirável o empenho dessa garota em coisas que ela adora. Quem a ouve falando isso de modo tão simples e comum, nem imagina que é simplesmente uma miniatura original do Castelo de Bruxos. A mesma miniatura que tentamos montar dois meses atrás na casa de Nicolle e simplesmente desistimos depois de ver que a quantidade de peças chegava perto de três mil.

— É, seu final de semana estava sendo um saco mesmo. — Concluí, sentindo um braço preguiçoso se apoiar na minha nuca.

— Ei, caminhão, acho que isso é seu. — Henrique ainda continuava apoiado em mim, esticou-me uma sacola amarela e sorriu. — Bom dia, meninas.

Abri a sacola e me deparei com o par de tênis que usei na festa, o mesmo que deixei no quarto de hóspedes da casa dele. E pensar que eu andei por aí e até mesmo voltei descalça para minha casa é algo engraçado.

Conforme íamos conversando na frente da entrada, ainda esperando os demais, Henrique batia a ponta de seu pé no chão freneticamente, visivelmente impaciente. Vi de relance o restante da parte colorida da Elite se aproximando, todos com expressões nitidamente abatidas.

— Isso tudo é ressaca ou algum funeral surpresa? — Questionei, notando que até Beatriz parecia um pouco abalada.

— Estava esperando todos chegarem para contar o que aconteceu ontem... — O sinal bateu, interrompendo o garoto, que bufou coçando seus cabelos rosa. — Vamos matar a primeira aula, foda-se.

E realmente matamos a primeira aula, no terraço, e novamente sem cigarros. Conforme colocamos os assuntos importantes em dia, percebi que as coisas estão indo de mal a pior. O motivo da briga entre os garotos ontem foi culpa de Esther, que invadiu a festa ao lado de Lucas e contou a todos ali presentes que foi forçada a beijar uma aberração e também foi ameaçada pela parte "nojenta" da Elite a manter isso em segredo. Eu pensei que não poderia ficar pior, mas, se for analisar com mais calma, seguindo essas mentiras absurdas: ela foi forçada a beijar a garota que, teoricamente, sou eu. Isso torna minha situação ainda pior...

Maldito Seja o Dia dos Namorados!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora