capítulo 74

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Ao chegar ao Hospital do Saint, mudei-me com Becky para um dos quartos onde uma equipe a esperava. Embora Becky já estivesse consciente, não me deixaram ficar ao seu lado, pois tiveram que desinfetar minhas feridas. A espera tornou-se cada vez mais eterna. A angústia tomava conta de mim a cada segundo que passava. Mas não pude fazer nada além de esperar.

Minutos depois, Saint, acompanhado de outro médico, se aproximou de mim. Seus rostos estavam preocupados e algo dentro de mim disse que algo ruim havia acontecido.

Freen: O que há de errado? - Eu perguntei e, em resposta, os dois médicos se entreolharam e então os dois olharam para mim. - Tá tudo bem?

Saint: Freen, eu não gostaria de te contar isso, mas…

Freen: MAS O QUE HÁ DE ERRADO, SAINT? MINHA ESPOSA ESTÁ BEM, MEU FILHO ESTÁ BEM?

Saint: Freen, o feto não tem batimento cardíaco.

Freen: Que?

Saint: Becky perdeu o bebê.

Meus olhos se encheram de lágrimas, meu coração começou a bater tão rápido que poderia sair do meu peito em questão de segundos. Não aceitei as palavras de Saint, isso não poderia ser verdade.

Freen: QUE PORRA VOCÊ ESTÁ ME DIZENDO? - Eu gritei, agarrando Saint pela roupa e batendo seu corpo contra a parede enquanto minhas lágrimas começaram a cair.

Simon: Sra. Chankimha, lamentamos sua perda, mas você deve se controlar.

Freen: Saint, diga-me o que você está mentindo para mim, por favor, diga-me o que é mentira.

Saint: Doutor Simon, você pode me deixar sozinho com Freen? - Disse ele, olhando para o médico ao meu lado, que apenas acenou com a cabeça. - Sinto muito, gostaria de ter feito algo e que isso fosse mentira. - Ele disse, olhando para mim enquanto se preparava para me dar um abraço que desmontaria por completo.

Freen: E a Becky?

Saint: Ela já sabe disso.

Freen: Eu quero vê-la.

Saint: Freen… ela não quer ver você e eles também estão preparando ela para sair para…

Freen: Não fale mais, entendo que ela não quer me ver. A culpa é minha. Ela deve estar me odiando. Eu não soube como lidar com as coisas. - Minhas lágrimas caíram sem parar.

Saint: Você se saiu bem e isso não é culpa de ninguém. A gravidez só é… complicada e…

Freen: Becky vai ficar bem?

Saint: Será algo rápido.

Passei a noite inteira esperando na frente do quarto de Becky. Durante todas aquelas horas, meu telefone não parava de tocar. Eu tinha chamadas perdidas do meu pai, Nam e alguns dos convidados da festa.

Nam: Ei! O que aconteceu? Estou ligando para você há horas. Como está Becky? - Ela perguntou sentando ao meu lado.

Freen: Becky está estável. Eles vão liberá-la em algumas horas. - Respondi com o olhar fixo no chão.

Nam: Isso é muito bom… Acho que não está tudo bem, Freen. O que está acontecendo com ela?

Freen: Não… não, ela nem quer me ver. - Respondi enquanto uma lágrima rolava pelo meu rosto.

Nam: Freen… olhe para mim, o que está acontecendo?

Freen: Becky perdeu nosso filho e a culpa foi minha. - Respondi enxugando as lágrimas enquanto os braços de Nam me cercavam em um abraço caloroso. Ela não disse uma palavra, apenas ficou ao meu lado.

As horas se passaram e Nam já havia entrado várias vezes no quarto onde Becky estava. Ela havia levado comida para ela. Nam também me disse que ela havia falado com a ovelha por vídeo chamada. E embora Nam tenha perguntado se eu poderia vê-la, ela simplesmente se virou. Ela negou. Então pedi para Nam não insistir. Se havia uma coisa que ela estava ciente, era o fato de que ela não quer saber de mim.

Durante o caminho para casa, Nam nos acompanhou em todos os momentos. Embora tenha tentado ser ativa e arrancar palavras de nós, foi uma missão fracassada. O caminho foi bastante silencioso.

Ao chegarmos em casa, Nam ajudou Becky a subir para o nosso quarto, seguindo as recomendações do médico. Ela precisava descansar e ficar completamente calma. Antes de chegarmos, pedi que as coisas do bebê fossem retiradas e arrumadas em outro quarto.

Nesses momentos, parei de pensar na recuperação de Becky e comecei a refletir sobre como deveria resolver meu problema. Se admitisse que a perda do meu filho foi minha culpa, minha mãe também admitiria sua responsabilidade.

Mon: Mamãe Free! - a voz de uma pessoinha me tirou dos meus pensamentos.

Freen: Ovelha, você está bem? - perguntei quando vi como ela subiu até meu peito.

Mon: Sim, estou bem. Seu rosto está doendo?

Freen: Dói um pouco, - respondi, dando-lhe um beijo na mão.

Mon: E seu coração também dói como o da mamãe porque o feijão não vai mais nascer? Amanhã direi à tia Nam que deveríamos comprar um bolo.

Freen: Você quer comer bolo?

Mon: Sim, mas é também para desejar que a mamãe volte a comer o feijão, para que nem você nem a mamãe fiquem tristes nunca mais, - disse ela, me dando um beijo no nariz e depois enxugando as lágrimas que saíram dos meus olhos. - Vou dormir com você aqui.

Freen: Dormir no sofá é desconfortável.

Mon: Não importa, não quero que você fique triste e sozinha, - ela respondeu, acomodando a cabeça no meu peito.

Eu não consegui evitar chorar de novo quando vi como Mon era inocente. Estar com ela deitada no meu peito me deixou calma, e aos poucos meus olhos foram se fechando.

𝐌𝐲 𝐥𝐢𝐟𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora