Acaso Prometido - Chaesoo

Conclusões Precipitadas e De Volta À Realidade

Jisoo tinha noites maldormidas com uma frequência maior do que a esperada por uma estudante universitária, fosse por realmente precisar estudar para uma prova — algo que ela não fazia muito — ou por madrugar jogando algum de seus jogos online e não ter muito tempo para dormir. Porém, definitivamente, nenhuma daquelas noites ruins se comparava com a que passara hoje. Lembrava-se de ter acordado, no mínimo, quatro vezes, apenas uma delas para beber água. Desde o que aconteceu no dia anterior, não cruzou com Roseanne por nenhum metro quadrado daquela casa que era grande, mas não o suficiente para alguém evaporar ali dentro. Constatou então que a garota estava a evitando. Havia dormido com Lisa, segundo ela, a namorada quis dormir com Roseanne. Ao menos era melhor que o sofá. Quando levantou para beber água acabou dando um tempo na cozinha na esperança de encontrar a loira por ali, mas aquilo não aconteceu.

Então ali estava ela, às seis da manhã, com grandes olheiras e uma cara de poucos amigos, encostada na grande árvore na frente da casa com a enorme mala ao seu lado. Por ser tão cedo, fazia frio e um pouco de neblina também era presente. Com as mãos enfiadas no bolso do grosso casaco para amenizar o frio na ponta dos dedos, ela aguardava as outras saírem mas precisamente uma pessoa. Lisa logo saiu, não carregava malas, pois sequer tirou do carro quando voltou, aguardou a namorada sair também e fechou a porta. Roseanne apareceu logo atrás, vestindo um moletom duas vezes maior que seu número. A loira também não dormira muito bem e a julgar por suas olheiras, não estava tão diferente da outra. Roseanne desceu os degraus atrás e evitava olhar para frente.

Ela sabia quem estava ali.

Jisoo precisou arrumar a postura e por um momento sentiu um incômodo em sua garganta.

— Rosie... — Tentou chamar, em um tom que saiu mais baixo do que ela havia planejado, mas foi ignorada.

Roseanne passou por ela como se não tivesse escutado, não quis conversar antes e ainda preferia ficar sozinha. Jisoo não se surpreendeu, mas embora já esperasse isso, não conseguiu não se sentir triste. Todavia, se a indiferença da loira não havia a deixado surpresa, vê-la caminhar em direção ao carro de Lisa a deixou.

— Você vem comigo. — Jennie avisou atrás dela.

Jisoo suspirou pesadamente.

Não esperava retornar no mesmo carro que a outra, afinal, aquilo com certeza significava que elas conversariam sobre aquilo o caminho inteiro. Um pouco — talvez muito — a contragosto, a morena guardou a mala no banco de trás do carro, optou por não colocar no porta-malas. Enquanto observava Jennie procurar as chaves do carro na mochila, virou-se e viu Lisa fechando o porta-malas de seu carro onde guardara a mala da loira, também observou que Roseanne já estava no banco do carona e olhava fixamente para frente. Jisoo buscou o olhar da melhor amiga e logo o encontrou, a mais nova sorriu sem graça e negou com a cabeça entendendo o questionamento silencioso.

Lisa não teve escolha.

Jisoo assentiu lentamente e bufou, aquela situação tinha apenas começado e já estava se tornando insuportável. Entrou no banco do carona e fechou a porta frustrada, a vontade era de batê-la, mas sabia o quanto Jennie odiava aquilo e preferiu evitar mais um estresse. Jennie também entrou no carro logo em seguida e ambas colocaram o cinto, a morena não sabia explicar a sensação que sentia, mas ao ouvir o barulho do motor do carro dando partida teve a certeza que sentiria falta daquele lugar.

— Esqueceu de algo? — Jennie perguntou.

— Não. — Ao menos não que ela lembrasse.

Não demorou mais do que um minuto para pegarem o caminho de volta e por mais estranho que aquilo pudesse parecer, talvez ainda quisesse ter ficado um pouco mais ou provavelmente tudo aquilo que estava sentindo fosse apenas desapontamento por não ir embora da forma que gostaria. Perguntava-se onde errara e por que era tão difícil lidar com os próprios sentimentos.
Jogou o capuz por cima da cabeça e afundou-se no banco de couro cruzando os braços. Encarando o espelho retrovisor pode ver a grande casa ficar cada vez mais distante e os pneus levantarem poeira, queria dormir e acordar apenas quando chegasse, mas sabia que não conseguiria.