Enquanto Pelham vasculhava os aposentos do líder da vila, mandado por quem cuja história se perdera ao passar por várias bocas nesse mundo desolado, o jovem encontra então um artefato que sua mente, que muito sai a curiar, não deveria abandonar a chance de, não por capricho, sabotar a confiança de Jordi.
A tira de couro se soltou, revelando as capas gastas e empoeiradas, abre espaço para as letras mal desenhadas em folhas que chacoalham antes de relaxarem a uma leitura que poderia não mudar, mas de alguma forma desconfia ou confunde, como o texto aqui lhe faz.
"Num dia escaldante, nadei sem apoio pela baía, atraído por terras desconhecidas. As montanhas verdejantes se erguiam à frente enquanto eu passava por baixo de arcos rochosos. O medo me dominou — talvez o último medo que eu sentir, assim espero.
Subi os campos cheguei às rochas e sabia que meu castelo poderia ser ali. Eu sou forte e devo ter meu reino contra vontade de meu pai que se lerá isto seja amaldiçoado então, velho, pois eu Jordi, filho da terra e não de ti prosperarei.
Dormi mal então, algo que se move à noite e persegue os animais que fogem me atormentou. Não foi ao atravessar a baía a última vez que senti medo, mas esta vez sim será a última criatura que me causará esse sentimento que me nego, te encontrarei Argudiio ( pronunciado Ar-Gu-Diiu, e traduzia como 'o que atormenta minha noite'). Entro na floresta com espada embainhada, a arma que roubei de meu pai dará fim ao meu medo foi o que eu pensava naquele momento, mas até hoje a carrego, pois ao encontrar Argudiio ele não me causará medo. Ele vem até mim e oferece calor; eu o levo a mim e, astuto como sou, o prendo, pois tal ser só ouvia em lenda e esse seria meu ponta pé..."
Agoniado, Pelham virou algumas páginas até se deparar com algo que o assombraria:
"Hoje, inicio meu reinado. Consumindo Argudiio, me fundo com a própria terra. Minha boca arde em chamas enquanto me torno um com o que consumo. Agora somos uma única entidade — a selvageria dentro de mim grita o que é natural. Com a espada incandescente do meu pai, ponho fim a cada Argudiio que antes me enganava. Extingo a malevolência e inauguro o bem."Jordi, outrora filho da terra, agora se torna para Pelham a falha do homem.
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O Jovem e o Caneleiro
FantasíaNo início de terras gloriosas, onde reinos mágicos se erguerão em meio a batalhas épicas, desdobra-se uma narrativa que transcende as eras. Uma história entrelaçada com temas atemporais de aceitação, forjada na fornalha da amizade e permeada pela es...