2º Capítulo O que meu horóscopo diz

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O clima na cozinha fica estranho, ela se levanta e vai até a geladeira, depois ao armário, arrependo-me de ter tocado no assunto, eu sei que ela não gosta de falar sobre a separação, muito menos sobre uma possível volta. Ela volta para a mesa trazendo uma bandeja com algumas frutas e torradas.

— Que tal? — Ela pergunta apontando a bandeja.

Faço uma careta e pergunto:

— Eu tenho que comer isso?

— O que você acha? — Ela ri. Percebo que o seu semblante está leve de novo.

— Torrada integral tem gosto de sola de sapatos, mãe!

— Eu não acho. — Diz dando uma mordida em uma torrada.

Desisto de contrariá-la, e como parte do café da manhã. A torrada pode ser ruim, mas mamão está delicioso.

— Amanhã, eu posso ir ao aeroporto buscar o papai? — Pergunto após engolir mais um pedaço de mamão.

— Acho melhor não, os amigos do jornal vão buscá-lo. — Ela ri levemente. — Deixe que o bajulem um pouco; faz bem para ego de qualquer profissional.

— Eu queria vê-lo. Estou com saudades. Afinal já faz cinco anos.

— Eu sei, meu amor. Ele prometeu que assim que tiver uma folga virá jantar conosco. E vou deixar vocês passarem o fim de semana juntos.

— Este fim de semana não dá, mãe. Eu prometi sair com a galera; a Karina não vai me perdoar se eu não for.

Ela levanta e tira a bandeja quase vazia de sobre a mesa e a coloca no balcão da pia. Depois volta sentar. Eu continuo tagarelando.

— Será que o papai vai ficar chateado? Sei lá, talvez ele esteja muuuuuito a fim de passar o fim de semana comigo! Puxa vida; faz cinco anos que não nos vemos, então, sei lá, ele pode ficar triste, e você sabe que eu o amo de montão, e não quero deixá-lo triste, então eu acho que...

— Tudo bem Samantha. — Ela levanta a mão e me interrompe. — Agora seu pai vai morar aqui, e no mesmo endereço de antes, vocês terão todo tempo do mundo para ficarem juntos.

 — Eu sei, mas é chato. É que eu já tinha combinado com a turma, não posso furar com eles.

— Não fique preocupada. Seu pai vai entender. — Ela suspira profundamente e então pergunta. — Além da Karina, quem mais vai com você?

— O Henrique, a Amanda, dois ou três garotos que eu não conheço... Sei lá, acho que só.

— Nada de extravagância Sam, nada de drogas, bebidas em exagero! Eu deixo você sair com seus amigos, confio que eles são gente boa, eu espero não ter "surpresas" desagradáveis.

— Ai mãe, quando foi que eu decepcionei você? Fica calma. Vai ser tranquilo, só vamos ao cinema e talvez a um barzinho, e eu juro que não coloco nenhuma gota de álcool na boca, prometo. — Falo cruzando os dedos.

 — E nada de encher a barriga de refrigerante e salgadinhos! Compre amendoins. É mais saudável.

Reviro os olhos e torço os lábios, tenho quase dezessete anos e minha mãe ainda pensa que eu tenho doze.

O que meu horóscopo dizOnde histórias criam vida. Descubra agora