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-- O que os trazem aqui tão cedo?-- perguntou Naobito, líder do clã Zen'in, para seus subordinados que o olhavam temerosos.

Era quase cômico a maneira como eles se encolheram quando ele se levantou para pegar a garrafa de cachaça mais próxima. O chefe do grupo, Naoya, seu filho e herdeiro, permaneceu impassível. Olhos dourados e afiados como os de um predador preso numa coleira, aguardando a hora certa para dar o bote.

-- Bom dia, pai.-- cumprimentou, sorrindo falsamente.-- Dormiu bem?

-- Não me enrole e conte logo  sobre o seu fracasso na missão.-- grunhiu ameaçadoramente. Naoya captou a mensagem.

O loiro pigarreou, espreguiçando sem pressa, observando o pai virar uma garrafa cheia da bebida ardente e joga-lá contra a parede. O vidro quebrou-se em mil pedacinhos diferentes, misturando-se a sujeira do álcool e de outras dezenas de garrafas quebradas. Seus olhos brilharam de deleite. Os outros dez feiticeiros no cômodo torceram o nariz para o odor embriagante.

-- A puta arranjada do Gojo saiu de casa pela primeira vez em semanas.-- riu de escárnio, Naobito nem piscou com o insulto.-- Tentamos entrar na casa onde ela estava mas havia uma cortina, impedindo nosso acesso. E além do mais, o Gojo chegou ao local e precisamos ir embora antes que ele se incomodasse.

-- Por que não conseguiram?-- perguntou, colocando a garrafa no chão e encarando Naoya, distraidamente enrolando o bigode branco entre os dedos. Apesar do tom calmo, a intimidação estava clara em seu discurso.

-- Porque o Sr. Gojo...-- começou uma dos outros feiticeiro, num rompante de coragem.

-- Eu não pedi uma desculpa esfarrapada!-- lançou a garrafa que estava na sua frente, o vidro colidindo contra a parede atrás deles. Suor escorria por sua têmpora, e uma veia na jugular latejava, quase explodindo. O feiticeiro tremeu enquanto olhava para o piso.

-- Será que não conseguem entender a importância dessa missão?-- gritou, levantando-se.-- O Clã Kamo e o Alto Escalão já estão nos pressionando por resultados! É necessário matar a garota para chegarmos ao chefe do Clã Gojo!

Naoya escondeu o sorriso. Então era isso que planejavam...? É um plano arriscado, ninguém deseja a aberração dos Seis Olhos em seu rastro. O loiro ficou surpreso pelo Alto Escalão ter confiado essa informação ao seu pai, que não passa de um alcoólatra falido. Na primeira vez que se embriagou, já contou tudo ao filho que anseia por sua queda como líder do Clã Zen'in e para seus servos insignificantes.

-- E com Sato morto, vamos massacrar o resto do clã e trancafiar o filho dele em algum lugar amaldiçoado. E aí teremos acesso ao banco de informações que somente aquele velho fudido possui. Além do capital, é claro...

Todos deram risadinhas maliciosas quando Naobito mencionou o capital dos Gojo. Não é novo pra ninguém que é o clã mais rico da Ásia, talvez até do mundo inteiro. A quantia exata nos cofres guardados de Sato é desconhecida, no entanto, os valores são exorbitantes.

-- Podemos ficar com as concubinas do Sr. Gojo, senhor?-- o mais tapado deles disse. Naoya revirou os olhos. Que retardado.

Talvez por pena do mesmo, Naobito seguiu murmurando sobre besteiras da missão e declarando seu ódio contra Sato e todos os seres humanos viventes que os apoiam.

Derrepente, suas pupilas se dilataram e sua voz tornou-se mais grave, quase sóbria.

--... Também iremos achar a criança daquele...-- tossiu, mudando de assunto.-- Espero que tragam a esposa do herdeiro do clã até semana que vem. Caso contrário...

Olhou diretamente para o que fez o comentário de antes, não falou nada, mas a mensagem ficou clara.

Ele irá aniquilar todos. Ou selar em um lugar onde é impossível sair.

Wonder || Satoru Gojo × oc femininaOnde histórias criam vida. Descubra agora