XI

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Satoru observou aliviado enquanto Yumi dormia serena. O colchonete estendido no leito do hospital era rudimentar, e uma corrente de ar fria insistia em invadir o recinto.

Mesmo assim, ela parecia tranquila. As feições normalmente atentas, estão agora completamente relaxadas. Suspiros calmos ocasionalmente eram ouvidos.

Quando Gojo a encontrou no meio do salão, a morena estava desorientada; inquieta, quase desesperada. Além do desconcertante episódio onde ela chorou lágrimas de fogo. Isso o preocupava mais do que gostaria de admitir.

Remexeu-se desconfortável no chão, ao lado dela. Apesar dos médicos terem reservado um leito particular para eles, Satoru declinou a oferta. Aparentemente, o caso de Yumi não é tão grave quanto o de outras pessoas. Pessoas que ele falhou miseravelmente em proteger. O atentado ocorreu rapidamente, só houve tempo de evacuar membros da comunidade que não são feiticeiros atuantes. A culpa consumia o seu bem-estar.

Uma batida na porta desviou o rumo de seu raciocínio.

-- Pode entrar.-- elevou o tom, esforçando-se ao máximo para que não notassem o cansaço evidente na voz.

Logo Ieiri e Suguru entraram, demasiadamente calados. A morena parecia exausta, o jaleco branco manchado de sangue e uma substância preta que não conseguiu identificar. Como esperado, tragava um cigarro. A droga a fazia relaxar momentaneamente do número de mortos.

Geto também não estava muito melhor. Ataduras e curativos cobriam seus braços por inteiro. Apesar disso, ambos sorriram amarelo para o amigo.

-- Ela acordou alguma vez?-- Shoko perguntou, arregaçando as mangas, pronta para examinar Yumi. Gojo balançou a cabeça em negativa.

Suguru sentou ao seu lado, descansando a cabeça contra a parede.

-- A Yumi vai ficar bem.-- o confortou, prestando atenção enquanto Ieiri checava a paciente.

Após uma espera de aproximadamente cinco minutos, Shoko ergueu os olhos para Satoru.

-- Você sabe se ela usou a Técnica Primordial?

-- Sim.-- trincou a mandíbula. A raiva pelo ocorrido ainda não abrandou.-- Contra o filho da puta do Naoya. Como ela está?

Quase arfou espantado quando Ieiri hesitou, pesando a informação na balança.

-- Aparentemente, as chamas danificaram quase metade dos pulmões.

Não. Não. Não. Não. Não. Não.Não. De novo não.

Satoru forçou as mãos contra o colo, na tentativa de fazê-las pararem de tremer.

-- E... ela vai ficar bem?-- praticamente cuspiu as palavras, temendo o pior.

-- Claro que vai!-- Shoko exclamou, quase ofendida.-- Mas ela vai ter de ficar no hospital até sexta. Eu teria de usar a técnica de cura para reconstruir os alvéolos que a Yumi perdeu.

Derrepente a médica se levantou, como se estivesse saindo de um transe.

-- Vocês vão para um dos apartamentos lá em cima.-- Satoru  abriu a boca para argumentar.-- Calado! De jeito nenhum ela vai receber oxigênio deitada no chão!

Geto riu baixo enquanto Shoko saia do quarto, chamando pela equipe médica.

-- As vezes esqueço como é a Ieiri no trabalho.-- comentou, virando-se para o amigo, que encarava a enferma no leito. A respiração começava a desrregular.-- O que irá fazer agora?

-- Como assim?

-- Bem... a Yumi claramente precisa frequentar o Colégio. Ela se machucou sozinha, Satoru.

Wonder || Satoru Gojo × oc femininaOnde histórias criam vida. Descubra agora