VII

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-- O que aconteceu?-- GOJO ouviu sua própria voz ecoar pelo quarto enorme. Repreendeu-se mentalmente pela preocupação inconsciente, ao ver Yumi sorrir, olheiras fundas e corpo quente.

-- Acabei ficando acordada.-- respondeu seca, desviando o rosto para esconder um bocejo iminente.-- Bom dia para você também.

Satoru a examinou atentamente, desde o cabelo indicando as tentativas frustradas para adormecer, até as unhas geralmente bem tratadas, agora roídas e em carne viva. O sangue seco manchou os dedos da morena e os lençóis.

-- Mais um episódio de insônia?-- questionou, pensativo.-- Você têm tido muitos desses ultimamente.

O queixo da mesma caiu.

-- C-como você sabe...?

-- É difícil não perceber quando parece que a cama está prestes á quebrar.-- riu sarcástico.-- Você se movimenta de modo bem... entusiasmado.

Corando agressivamente, Ishigawa afundou a cara no travesseiro enquanto mentalmente xingava o platinado de todos os nomes possíveis.

Ela estranhou quando acordou e Satoru estava ao seu lado. Ele comumente saí de madrugada para missões todos os dias. Era peculiar vê-lo numa roupa casual a essa hora da manhã.

-- Não tem problema, gatinha.-- brincou, aproximando-se e deitando ao lado da mesma.-- Eu me acostumei. Mas por que parece que nessa noite em específico você dormiu pouco, hum?-- ronronou.

Memórias desconexas do que sonhou na noite passada afloraram na mente de Yumi. Foi tudo tão confuso... ela não se lembra de quase nada. Exceto uma pergunta permanecia pendente.

Levantou a cabeça, encarando firmemente a imensidão dos olhos  de Satoru grudados nos seus, unidos por uma corrente elétrica que transpassa todo o seu corpo.

-- Quem é...-- ponderou por alguns instantes, tentando recordar-se.-- Ryomen... Sukuna? Você sabe de algo?

A diversão no rosto de Gojo desapareceu, a pergunta o pegando de surpresa. De qualquer maneira, ele a respondeu prontamente.

-- Tentando montar uma árvore genealógica?-- riu anasalado.

Yumi revirou os olhos, ignorando estoicamente que conseguia sentir a respiração quente de Satoru em seu rosto.

-- Está bem, irei perguntar ao Nanami.-- fingiu irritação, levantando da cama.

Com uma rapidez desumana, o platinado a puxou de volta pra cama, a fazendo cair praticamente em cima dele.

-- Sukuna era um feiticeiro que viveu há centenas de séculos atrás.-- respondeu roboticamente, rodeando os braços ao redor da cintura da morena.-- Ele dizimou  milhares de pessoas, incluindo o imperador do Japão para dar início ao seu reinado. Satisfeita?

-- Como ele morreu?-- perguntou, a voz saindo abafada contra o peito nu de Satoru.

-- Dizem que o Alto Escalão de feiticeiros da época reuniu toda a comunidade jujutsu para invadir sua casa á procura de herdeiros.-- recitou, como se estivesse numa escola.-- Porém eles não acharam. E aproveitando a oportunidade, o mataram ali mesmo.

-- Mas... ele era o mais forte.-- Yumi murmurou, mais para si mesma do que para ele.-- Não faz sentido eles terem conseguido matá- lo de modo tão fácil.

-- Eu sei, é muito absurdo.-- Gojo concordou.-- É mais provável que ele tenha se matado.

Ishigawa arregalou os olhos, encarando o platinado que ostentava um sorriso orgulhoso no rosto.

-- Falei a coisa certa?-- disse, ainda a segurando.

-- Eu acho que sim.-- ela sorriu de volta.-- Há alguns livros na biblioteca falando sobre isso?

Wonder || Satoru Gojo × oc femininaOnde histórias criam vida. Descubra agora