Cap. IX

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- Mãe, o Rodolffo faz amanhã anos.  Podemos ir comprar um presente?

- A mãe e o pai já compraram.

- Eu queria dar também.

- Gosto de ver vocês a darem-se bem.  Assim como irmãos.

- O Rodolffo não é meu irmão.

- É irmão de coração, como eu e o pai.

- É bem diferente.  Pai e mãe é muito diferente de irmão.

Eu decidi não aprofundar a conversa.  Tenho notado uns certos olhares de Rodolffo para Juliette,  mas não quero pensar em bobagens.  Talvez precise ter uma boa conversa com ele.

- Vamos logo ao shopping.   Queres comprar o quê?

- Um perfume.

- Sabes o que ele usa?

- Não, mas eu vou comprar um que eu goste.  Eu só dou presentes se eu gostar.

Rodolffo combinou festejar os anos com alguns amigos num bar, mas antes iria jantar a casa do pai uma vez que tinha almoçado com a mãe.

Chegou antes da hora e foi recebido eufóricamente por todos.

- Este presente é meu, - disse Juliette.

- Obrigada, Ju.

Aproveita-o bem que deu uma trabalheira a escolher.  Juliette cheirou mais de 30 perfumes diferentes até achar esse.  Eu já não tinha cheiro sequer de tantos aromas juntos.

- Se deu tanto trabalho a encontrar, então deve ser bom.
Uhmm, gostei do cheiro.  Muito bem maninha.  Dá cá um beijo.

- Agora vem com o pai.  O nosso presente está na garagem.

Rodolffo seguiu atrás do pai e de Inês juntamente com Juliette.   Quando a porta foi aberta, uma potente mota estava na sua frente com um laçarote vermelho.

- É tua filho.  Só precisas tirar a habilitação.

- Sério,  pai?  Que bom.  Vai ser muito bom para ir para a faculdade.
Obrigado pai, obrigado Inês.

- Foi nisso que pensei quando a comprei.  Depois de morares sózinho, fazia-te falta um meio de transporte.

- Sobre morar sózinho, eu preciso conversar de novo contigo,  mas outro dia.  Para a semana vou tratar da habilitação.   Estou desejoso para a experimentar.

- Eu também posso ter uma moto?

- Tu?  Uma bicicleta e já vais com sorte.

- Ah mãe!  Porque não.   Pode ser uma eléctrica.

- Quando completares 16 anos.  Agora ainda és criança.

- Não sou nada.  Algumas vezes dizes que sou uma senhora,  agora sou criança.   Rodolffo deixas-me andar contigo?

- Quando eu tiver licença.  Temos que comprar outro capacete.

Voltaram para dentro de casa.  Cantaram parabéns, comeram do bolo e Rodolffo despediu-se para ir ter com os amigos.

Quando saiu porta fora apeteceu-lhe voltar atrás e ficar com a sua família, mas já estava combinado e não podia desmarcar em cima da hora.

Planos desfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora