- Mãe, o Rodolffo faz amanhã anos. Podemos ir comprar um presente?
- A mãe e o pai já compraram.
- Eu queria dar também.
- Gosto de ver vocês a darem-se bem. Assim como irmãos.
- O Rodolffo não é meu irmão.
- É irmão de coração, como eu e o pai.
- É bem diferente. Pai e mãe é muito diferente de irmão.
Eu decidi não aprofundar a conversa. Tenho notado uns certos olhares de Rodolffo para Juliette, mas não quero pensar em bobagens. Talvez precise ter uma boa conversa com ele.
- Vamos logo ao shopping. Queres comprar o quê?
- Um perfume.
- Sabes o que ele usa?
- Não, mas eu vou comprar um que eu goste. Eu só dou presentes se eu gostar.
Rodolffo combinou festejar os anos com alguns amigos num bar, mas antes iria jantar a casa do pai uma vez que tinha almoçado com a mãe.
Chegou antes da hora e foi recebido eufóricamente por todos.
- Este presente é meu, - disse Juliette.
- Obrigada, Ju.
Aproveita-o bem que deu uma trabalheira a escolher. Juliette cheirou mais de 30 perfumes diferentes até achar esse. Eu já não tinha cheiro sequer de tantos aromas juntos.
- Se deu tanto trabalho a encontrar, então deve ser bom.
Uhmm, gostei do cheiro. Muito bem maninha. Dá cá um beijo.- Agora vem com o pai. O nosso presente está na garagem.
Rodolffo seguiu atrás do pai e de Inês juntamente com Juliette. Quando a porta foi aberta, uma potente mota estava na sua frente com um laçarote vermelho.
- É tua filho. Só precisas tirar a habilitação.
- Sério, pai? Que bom. Vai ser muito bom para ir para a faculdade.
Obrigado pai, obrigado Inês.- Foi nisso que pensei quando a comprei. Depois de morares sózinho, fazia-te falta um meio de transporte.
- Sobre morar sózinho, eu preciso conversar de novo contigo, mas outro dia. Para a semana vou tratar da habilitação. Estou desejoso para a experimentar.
- Eu também posso ter uma moto?
- Tu? Uma bicicleta e já vais com sorte.
- Ah mãe! Porque não. Pode ser uma eléctrica.
- Quando completares 16 anos. Agora ainda és criança.
- Não sou nada. Algumas vezes dizes que sou uma senhora, agora sou criança. Rodolffo deixas-me andar contigo?
- Quando eu tiver licença. Temos que comprar outro capacete.
Voltaram para dentro de casa. Cantaram parabéns, comeram do bolo e Rodolffo despediu-se para ir ter com os amigos.
Quando saiu porta fora apeteceu-lhe voltar atrás e ficar com a sua família, mas já estava combinado e não podia desmarcar em cima da hora.