- Rodolffo, eu e a Inês, estamos indo embora. Levas a Juliette?
- Sim, pai. Eu pego um Uber, deixo ela e depois regresso na minha moto.
- Porque ela não regressa já connosco?
- Porque a festa não terminou, Inês. Deixa ela aproveitar a festa dela. Vamos.
Rodolffo! Dorme lá em casa e amanhã vais.- Melhor não, pai. Eu vou hoje mesmo, não te preocupes.
Depois que eles foram embora, Rodolffo respirou aliviado. Agora sim, ia aproveitar a festa.
- Vamos dançar?
- Vamos, Ju.
- Eu achei que tu estiveste tenso toda a noite. Que aconteceu?
- Nada demais, depois eu conto. Hoje eu só quero aproveitar a festa.
Já disse que estás muito linda.- Não digas isso que eu fico encabulada.
- Mas é verdade. Não vou mentir.
- Tu também. Porquê a gravata dessa cor?
- Para combinar contigo. Ficou bonitinho, não é?
- Parecemos um casal de namorados combinando roupa.
- Não somos se tu não quiseres.
- Tem gente contra.
- Eu sei, mas essa gente importa? Para mim não. Vem lá fora conversar. Aqui está muito barulho.
A àrea externa do pavilhão onde decorria a festa era um lindo jardim. Rodolffo levou Juliette e sentaram-se num banco.
- Tu contaste à Inês sobre nós?
- Eu contei que nós gostávamos um do outro. Ela não gostou.
- Eu sei. Ela deixou isso claro antes de virmos para cá.
- Foi sobre isso que vocês foram conversar antes de vir?
- Sim, mas a opinião dela para mim não conta. Tu queres ser minha namorada?
- Quero muito.
- Eu disse-lhe que ia respeitar-te, mas no dia em que fizeres 18 anos vou buscar-te para morares comigo. Se ainda quiseres, claro.
- E até lá como ficamos?
- Eu não vou aparecer muito lá em casa. Só de vez em quando. Não quero confusão para o teu lado, mas não vou deixar de ver o meu pai.
- Agora eu tenho motinha. A gente combina um sítio para se encontrar.
- Promete que vais ter cuidado com a moto. Não quero a minha garota machucada.
- Eu sou muito cuidadosa.
- Chega de conversa. Vem cá que eu estou com um desejo danado de te beijar desde que te vi descer as escadas lá de casa. Aliás não é de hoje que eu espero este beijo.
Juliette sentou-se no colo dele e meteu os braços ao redor do pescoço dele. Ele por sua vez segurou-a pela nuca e uniram suas bocas.
Foi necessário respirar para de novo recomeçarem. Rodolffo há muito que o desejava. Ela também apesar da pouca idade.
Rodolffo não sabe explicar quando se apaixonou por ela. Crê que foi no primeiro dia em que a viu, na ingenuidade dos seus 12 anos. Para lutar contra isso passou anos a judiar dela, mas não teve jeito. O amor falou mais alto.
Juliette deitou a cabeça no ombro dele e deixou-se ficar no melhor abraço que alguma vez experimentara.