Cap. XIX

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Já era tarde quando Juliette entrou em casa.
Inês estava na cozinha a preparar o jantar.  Artur estava de plantão nessa noite.

- A estudar até estas horas, Juliette?

- Aproveitei e fui namorar um pouquinho, também.

- Onde?

- Não vai fazer um inquérito agora?  Vou tomar um banho e já venho ajudar.

A minha relação com Inês tinha esfriado um pouco desde que eu iniciei o namoro com Rodolffo.   Apesar dela agora já ir aceitando, ainda não voltámos ao que tínhamos no início.

Jantámos juntas e ela não tocou mais no assunto namoro.  Conversámos sobre a escola apenas.

Quando terminámos de arrumar a cozinha, ela recolheu-se ao seu quarto e eu ao meu.

Fui olhar uma vez mais o presente de 15 anos que Rodolffo me deu.  Todas as noites, desde então eu tinha este ritual.

Rodolffo tinha-me dado um livro com as páginas em branco.
Na primeira página uma dedicatória.

Para o amor da minha vida

Queria ser poeta e deixar em cada uma destas páginas gravado, todo o amor que sinto por ti.

Queria ser poeta para descrever os meus pensamentos quando à noite, na solidão do meu quarto, a tua imagem me aparece.

Queria ser poeta e escrever bonito, mas sou só um chucro apaixonado.

Amo-te
Rod

Em várias outras páginas não havia nada escrito, mas todas elas tinham pequenos bilhetes,  datados, com declarações de amor que terminavam com ❤️❤️.

Hoje o sol brilhou, mas o dia esteve cinzento para mim.  Não consegui ver o sol da minha vida.
Beijo-te em pensamento. ❤️❤️

...

Fica cada dia mais difícil não te mostrar o quanto te amo.  Sonho com o dia em que possa chamar-te minha namorada.
Imagino-me a beijar os teus lábios.
❤️❤️

Estes e outros bilhetes estavam em mais de metade do livro.  Disse ele que escreveu um por dia desde o primeiro selinho.

Ela adorou o presente, mas queria que ele tivesse escrito directamente na página.
Ele diz que não o fez por achar a sua letra muito feia.

Mas ela resolveu o assunto.  Recortou ligeiramente as margens dos bilhetes e escureceu algumas partes para dar a ideia de pergaminho.  A seguir colou um por um nas páginas do livro.

Pediu que ele continuasse a escrever bilhetes.  Queria completar o livro como se de uma caderneta de cromos se tratasse.  Já tinha até escolhido o título.

" O amor em papel e caneta"

Desenhou e pintou a capa do livro em branco, que já não era mais branco.

Muitos dirão que é muito brega, mas o amor é brega e este é o meu presente, por isso deixem-me juntamente com Rodolffo sermos bregas à vontade

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Muitos dirão que é muito brega, mas o amor é brega e este é o meu presente, por isso deixem-me juntamente com Rodolffo sermos bregas à vontade.

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